O país do “timing” é a melhor imagem do Brasil pós Golpe

Charge: Latuff

Por Tadeu Porto, Colunista do Cafezinho

Uma sociedade que aceita a deposição de uma presidenta eleita por conta de “pedaladas” e aceita a chegada de uma máfia que, abertamente, quer impor uma agenda que jamais seria aceita nas urnas se transforma numa terra extremamente fértil para a cultura do vale tudo.Prova disso, são as recente declarações de setores da Polícia Federal que imaginam existir um tal “tempo certo” para a prisão do presidente Lula.

[aqui vai uma reflexão: não é esquisito o debate acerca da prisão ou não de um cidadão por causa de um Triplex ou de um Sítio que não são deles enquanto figuras como Eduardo Azeredo, do mensalão tucano, ou Arruda, do mensalão do DEM, ou mesmo Marco Del Nero, presidente da CBF que não pode sequer sair do país, não aparecem nem em rodapé de jornal?]

Portanto, quando lemos que a polícia cravando o “timing” para prender alguém vemos que, efetivamente, falhamos enquanto um país republicano. Destaco dois fatores que gritam tal afirmação:

1) Qualquer polícia (ou MP) procurando “timing” para prender alguém é uma mostra escancarada do desejo de se condenar a despeito do andamento do processo acusatório. É claro que pode existir o tempo certo de encarcerar alguém, mas se espera que isso ocorra quando tiver elementos para tal. Fora disso, o julgamento de qualquer pessoa vira uma clara perseguição política motivada por interesses além do Estado de Direito.

2) O que seria “time” se não oportunidade? É razoável pensar que qualquer processo social construído na base do oportunismo tende a priorizar sentimentos individualistas (no caso, dos oportunistas) em detrimento das regras gerais, Éticas ou legais. É impossível imaginar um sistema sustentável coletivamente com cada instituição agindo de maneira oportunista…

Você pode até não gostar do Lula, mas fechar os olhos para essa aberração social pode custar caro no futuro. Daqui a 30 anos, Lulinha paz e amor talvez nem estará mais entre nós, mas se a cultura da oportunidade se consolidar estaremos eu e você numa sociedade onde cada um age pensando no próprio umbigo.

E isso, certamente, não será nada bom.

Tadeu Porto é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense. Sigam-me pelo Facebook! :)

Tadeu Porto: Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil
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