A loucura antidemocrática dos novos meganhas que assumiram o poder no Brasil

Eu queria fazer um comentário sobre essa notícia contra o governador Pezão. Leiam esse post, do 247 e do UOL. Eu volto em seguida.

No Brasil 247

PF APONTA PROPINA A PEZÃO. VAI RENUNCIAR?

Valter Campanato/Agência Brasil

A crise do Rio de Janeiro acaba de ganhar um novo ingrediente: de acordo com a Polícia Federal, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, do PMDB, recebeu propinas do esquema Sergio Cabral; nesta tarde, o centro do Rio virou uma praça de guerra com protestos de servidores, que estão com os salários atrasados, contra a privatização da Cedae; Pezão também está nas delações da Odebrecht e deve ser delatado por seu marqueteiro, Renato Pereira, da Agência Prole; além disso, ontem, ele teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral; diante do caos no Rio, só resta uma saída a Pezão: a renúncia

9 DE FEVEREIRO DE 2017 ÀS 18:29 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM Telegram

Rio 247 – A crise do Rio de Janeiro acaba de ganhar um novo ingrediente: de acordo com a Polícia Federal, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, do PMDB, recebeu propinas do esquema Sergio Cabral.

Nesta tarde, o centro do Rio virou uma praça de guerra com protestos de servidores, que estão com os salários atrasados, contra a privatização da Cedae.

Pezão também está nas delações da Odebrecht e deve ser delatado por seu marqueteiro, Renato Pereira, da Agência Prole, como beneficiário de uma conta na Suíça.

Além disso, ontem, ele teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral.

Diante do caos no Rio, só resta uma saída a Pezão: a renúncia.

Abaixo, trecho da reportagem de Ítalo Nogueira, no UOL:

A Polícia Federal afirmou nesta quinta-feira (9) à Justiça Federal ter encontrado indícios de que o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), recebeu propina do esquema do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Em razão disso, sugere o envio do caso ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Os indícios são seis bilhetes encontrado na casa de Luiz Carlos Bezerra, ex-assessor de Cabral apontado como operador financeiro da quadrilha, durante a deflagração da Operação Calicute, em novembro. Nele, há referência a “Pezão”.

De acordo com a interpretação dada pela PF, o escrito é uma “possível referência à propina para a Pezão”. Cinco bilhetes referem-se possivelmente ao controle de um pagamento de R$ 140 mil. O sexto indica a transferência de R$ 50 mil.

Em razão da aparição do nome de Pezão, o delegado Antônio Beaubrun Junior sugeriu o envio do caso para o STJ.

Sinceramente, eu acho tudo isso muito ridículo e bizarro. A PF encontra uns bilhetinhos na casa de Luiz Carlos Bezerra e imediatamente vaza seus conteúdos à grande mídia. Repare na construção sintática da reportagem: “de acordo com a interpretação dada pela PF”, “possível propina”, “possivelmente”.

A meganhagem judicial e policial está totalmente descontrolada: são castas que, provavelmente constrangidas pela crise fiscal que achata salários dos mortais do serviço público, e diante da atmosfera de fim de mundo imposta pelo governo e pela mídia, tentam posar de herois da “indignação popular” com todo o tipo de truculência ou mesmo armação contra a classe política.

Sei que não há santos na classe política, mas o mesmo raciocínio vale para o judiciário, a polícia, o ministério público. Seria muito interessante se houvesse uma reação da classe política, e seus agentes irrompessem na casa de todos os meganhas e encontrassem também “bilhetinhos” parecidos, aos quais fosse dada algum tipo de “interpretação”.

Na minha opinião, tudo isso é o golpe, porque esse tipo de atitude da meganhagem cumpra a função de deixar os estados acéfalos. Sem comando, os servidores e a população vão protestar contra quem?

Sem liderança, os estados são comandados então por uma burocracia não apenas muito mais corrupta do que as lideranças políticas, como também infinitamente mais descomprometidas com qualquer tipo de diálogo com a população. Os políticos precisam estabelecer um mínimo de diálogo, porque precisarão disputar eleições nos anos vindouros. Os burocratas, não. Eles só tem medo da mídia, que pode destruir suas carreiras. Então a mídia e a burocracia assumem o controle do Estado. A corrupção é maior que nunca, não há mais soberania popular. O judiciário, via TRE ou TSE, cassa o mandato de quem ele quiser, com anuência da mídia, anulando completamente o poder e a liberdade do cidadão de escolher seu governante. E assim entramos numa ditadura.

O resultado, no entanto, é mais trágico e caótico do que na ditadura militar, porque nesta ao menos havia um governo. Agora, não. O judiciário elimina os gestores públicos, provocando caos na governança. Quem assumirá responsabilidade de pagar os servidores, de pagar a conta dos hospitais, de tocar as grandes obras de infra-estrutura necessárias a todos as cidades do Brasil? Quem cobrará as dívidas fiscais? Serão os juízes, os delegados, os promotores? Não, esses não se interessam pela administração do Estado, e, portanto, não sentem qualquer responsabilidade perante a coisa pública. Tudo que eles querem é aparecer na mídia e ganhar o prêmio Faz Diferença da Globo.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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