O jogo dos sete erros da nova “denúncia” da Lava Jato contra Lula

Encontre os sete erros da matéria abaixo, que traz a mais nova “denúncia” da Lava Jato contra Lula, inteiramente baseada em “delações” da Odebrecht.

Antes, porém, uma lembrança: a Lava Jato trouxe mais uma “inovação” no tratamento aos executivos da Odebrecht: o processo foi inteiramente controlado pelos procuradores, sem intermediação do judiciário. Nem Sergio Moro nem o STF precisaram ser incomodados. Para quê, né?

Os delatores cumprem pena sem condenação. Para isso, fizeram “acordo” com os procuradores, ou seja, concordaram em entrar como co-autores da novela escrita previamente pela Lava Jato.

Agora vamos ao jogo dos sete erros da “denúncia”:

1 – Lula “pediu” à Odebrecht. Não há prova de que isso tenha ocorrido. Não há gravação, vídeo, email.

2 – O “sobrinho” de Lula é uma pessoa à parte. Tem nome, tem profissão, tem vida própria. Nunca participou da vida política de Lula. Querer transformar essa pessoa num apêndice político de Lula é positivamente ridículo. Se Lula quisesse favorecer este sobrinho, teria feito há muito tempo, porque foi presidente por 8 anos. O que Lula ganharia “pedindo” qualquer favor para seu sobrinho? Aliás, não é crime nenhum uma pessoa privada pedir um favor para seu sobrinho a uma empresa privada.

3 – Os financiamentos no BNDES obedecem a uma enorme lista de exigências técnicas. Não é um pé-sujo de beira de estrada, gerido por uma mesma família. É uma das instituições públicas mais transparentes, vigiadas e cheias de regras de accompliance do mundo. Qualquer financiamento segue uma hierarquia independente, controlada por uma série de funcionários concursados. Tanto é que o BNDES era o banco com menos índice de inadimplência de todo o sistema financeiro nacional. Digo “era” porque agora, sob o controle dos golpistas, não sei o que pode acontecer.

4 – A Odebrecht não é uma empresa de fundo de quintal que contrata outra firma, para um de seus mercados mais importantes, porque esta pertence ao “sobrinho” de alguém. A desculpa dos delatores, de que a empresa não teria “experiência”, é obviamente uma mentira.

5 – Os valores mencionados, de R$ 20 milhões, são aparentemente o faturamento da empresa desde o ano de sua fundação, 2009, até 2015. Em 16 anos, isso dá menos de R$ 1,3 milhão ao ano. De reais. Faturamento de empresa pequena. A Lava Jato forçou a barra apenas para exibir a expressão “sobrinho de Lula” ao lado da cifra de R$ 20 milhões. É mais uma palhaçada desse consórcio nojento entre mídia e Lava jato.

6 – “Lula também foi denunciado por atuar junto ao BNDES para a liberação dos financiamentos das obras em Angola”. É mais uma dessas denúncias vazias, típicas de um regime de exceção, particularmente de um judiciário e um MP profundamente politizados, engajados nesta luta antipolítica que caracterizou o golpe e a Lava Jato. Não há uma mísera prova de que Lula “atuou” junto ao BNDES para liberação de financiamentos de obras em Angola. Detalhe: esses financiamentos integravam importantes decisões estratégicas para ampliar a presença do Brasil na África. Com o golpe, o BNDES cancelou qualquer financiamento, prejudicando empregos no Brasil e a exportação brasileira de serviços de engenharia. O mercado está sendo rapidamente substituído por empresas chinesas e americanas. A África é um dos mercados que mais se expande no mundo, e o Brasil, embriagado por esse golpismo autodestrutivo, jogou fora os próprios investimentos que já tinha feito ao longo das últimas décadas em países da língua portuguesa, como Angola.

7 – Ao manter a investigação em “sigilo”, e entregá-la em mãos de Sergio Moro, Fachin apenas empodera a Lava Jato para continuar vazando seletivamente à grande mídia, em mais uma operação típica de Lawfare.

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No Estadão

Lula pediu à Odebrecht que contratasse empresa de sobrinho em Angola

Delatores revelaram à Procuradoria que ex-presidente intercedeu junto à empreiteira em negócio de interesse de Taiguara Rodrigues

Por Luiz Vassallo, Fábio Serapião e Fábio Fabrini

12 Abril 2017 | 03h00

Executivos da Odebrecht afirmaram que o ex-presidente Lula intermediou negócio da construtora com empresa do sobrinho Taiguara Rodrigues, no âmbito de contratos em Angola, com financiamento do BNDES; Lula já é réu em ação que o investiga por suposto tráfico de influência no país africano em favor da construtora.

O empresário Marcelo Bahia Odebrecht, revelou, em delação premiada à Lava Jato, que a construtora contratou, no âmbito de obras no em Angola financiadas pelo BNDES, a empresa do sobrinho de Lula, Taiguara Rodrigues, a pedido do ex-presidente. De acordo com o ex-presidente do grupo, o parente do petista criou a Exergia sem ter experiência na área de construção e somente para fazer uso da influência de Lula.

O depoimento de Marcelo Odebrecht e dos executivos Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, Antônio Carlos Dahia Blando e Ernesto Sá Vieira Balardi embasou petição do Procurador Geral da República Rodrigo Janot ao ministro relator da Operação Lava Jato. O Ministério Público Federal pediu para que o caso fosse encaminhado à Justiça Federal e à procuradoria da República no Paraná.

O ex-presidente Lula já é réu em processo, acusado de intermediar contratos para a empresa do sobrinho com a Odebrecht, em obras realizadas em Angola, com financiamento do BNDES. Taiguara Rodrigues criou a empresa Exergia, em 2009, e chegou a receber R$ 20 milhões, entre o ano de fundação da empresa e 2015. Além de ser acusado de intermediar os contratos para o sobrinho, Lula também foi denunciado por atuar junto ao BNDES para a liberação dos financiamentos das obras em Angola. O caso está sob julgamento do juiz Vallisney de Souza Oliveira 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília.

“Segundo o Ministério Público, os colaboradores relatam que o Grupo Odebrecht, entre os anos de 2011 a 2014, teria contratado a empresa Exergia, de propriedade Taiguara Rodrigues (sobrinho do ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva), objetivando prestação de serviços em Angola. Esclarecem, nesse contexto, que a referida contratação constituiria atendimento a pedido formulado pelo próprio ex-Presidente, acrescentando que a empresa Exergia não detinha experiência no ramo de construção e seria constituída por Taiguara Rodrigues tão somente para fazer uso da influência do ex-Presidente da República.”, afirma Fachin.

Acolhendo pedido da Procuradoria Geral da República, o ministro relator da Operação Lava Jato no Supremo deferiu o pedido da PGR para encaminhar as delações à Seção Judiciária do Paraná e à Procuradoria da República do Paraná.

“Observo que toda investigação deverá ser mantida em sigilo até 3 de maio de 2017”, determinou Fachin.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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