Filme #Resistência mostra que a luta está só começando

(Ocupa Minc-RJ. Foto: Eliza Kapai)

“Parece que passou uma década!”, diz Eliza Kapai, diretora do filme #Resistencia, em entrevista exclusiva para o Cafezinho, referindo-se ao último ano no Brasil.

A diretora, de 37 anos, nascida no Rio, criada em Vitória (ES), e atualmente residente em Ubatuba (SP), está lançando, hoje, uma campanha para divulgar o seu último documentário, #Resistencia.

O filme, de 55 minutos, conta a história das ocupações político-culturais que ocorreram em todo país, imediatamente após a votação ocorrida na Câmara dos Deputados, que consagrou o golpe de Estado de 2016.

A produtora e a diretora do filme esperam que o lançamento do filme seja “ocupado” por coletivos de todo o Brasil, ou seja, que ele seja exibido em espaços alternativos, expressando, na própria maneira de ser lançado, a história contada no filme.

Para entender melhor, entre na página do projeto:

https://www.facebook.com/resistenciafilme/

Abaixo, um trecho da conversa que tivemos com a diretora.

Cafezinho: o que te levou a fazer esse filme?
Eliza: Eu gravava uma série para o canal Futura, quando fiquei sabendo da ocupação da Alesp. Estava muito curiosa para entender essa geração. Eu escrevi para a página Inbox da ocupação pedindo para conhecer. Quando entrei na ocupação, fiquei encantada e surpresa com a sua forma de organização. Como eles usavam os próprios corpos. A minha geração, e as anteriores, usavam mais a palavra. A questão de gênero, entre outras, estavam presentes nos próprios corpos. Em vez de ficar uma hora, acabei dormindo ali e saindo junto a ocupação.

Aí começaram as ocupações culturais. As sedes do Ministério da Cultura foram ocupadas em mais de 20 capitais. Essa é a forma de fazer a luta política deste momento. Participei da ocupação da Funarte, dormi alguns dias, e depois vim para o Ocupa Minc no Rio, que foi a ocupação que durou mais, 70 dias, e que tinha uma programação cultural intensa. Ali se pensava uma sociedade igualitária, com utopia, com muita discussão sobre o papel da grande mídia.

Comecei a gravar isso de forma independente. Com a entrada da Mariana Genescá no projeto, como produtora executiva, a gente pensou numa maneira inovadora de lançar o filme.

A gente quer aproveitar este momento, em que se completa 1 ano do afastamento da Dilma, e convidar as pessoas para ocuparem o próprio filme.

Esse último ano… parece que passou uma década! Todo mundo está tão puto, sem saber como reagir, então espero que o filme ajude as pessoas a se juntarem, para fazer todo tipo de debate. As mulheres podem usar o lançamento para debater feminismo. Estudantes e artistas podem usar para discutir novas formas de ocupação, discutindo aquelas que viveram neste último ano.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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