O exército de um homem só

Por Tadeu Porto*, colunista do Cafezinho

Sempre pensei, desde que comecei a admirar Engenheiros do Hawai no começo da minha adolescência, que “Exército de Um Homem Só” era uma música fortemente inclinada ao anarquismo, ideologia que, obviamente, não pertence aos atos e pensamentos do presidente Lula.

Contudo, não consigo pensar em melhor arte para fazer um paralelo com o depoimento do ex-presidente, marcado para ocorrer nesta Quarta-Feira, dia 10 de Maio.

Primeiramente, pela parte da música que diz: “Se no jogo não há juiz, não há jogada fora da lei”.

Bom, essa frase representa muito o que significa as ações da Lava-Jato, tanto que as capas da “Veja” e “Isto É” já desnudaram – com uma inteligência muito incomum para os dois tablóides – o processo no qual Lula é réu: Moro não é um juiz, longe disso, o paranaense é apenas um burocrata que, com respaldo da mídia e da elite nacional, resolveu agir ilegalmente fazer política partidária num cargo pensado e constituído para ser imparcial. Ou seja, numa distorção que lembra as políticas da idade média, Moro hoje consegue ser oponente e julgador de Lula ao mesmo tempo.

Em segundo lugar, pois no campo político institucional Lula parece ser a única figura que enfrenta, abertamente, as arbitrariedades do judiciário (MP incluído) mais autoritário da República Nova. Portanto, pensá-lo como um homem que representa, hoje, um exército de pessoas a favor do Estado democrátido de direito não é exagero algum.

Até mesmo porque, a essa altura do jogo, não tem muito como esconder que o Brail foi transformado, graças a Moro e & cia, numa terra sem lei. Não há a menor dúvida que o báscio do direito foi jogado as favas com a atuação da Força Tarefa LJ, principalmente no que tange a imparcialidade e ao direito de defesa.

É claro que existe certa satisfação em ver famílias símbolo da aristocracia nacional – como os Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e afins – atrás das grades, mas não faz sentido algum pensar que a Lava Jato seja evetiva no combate a corrupção, pois, no curto prazo, tanto essas empresas brasileiras estarão destruídas e subtituídas por multinacionais estrangeiras igualmente corruptas quanto o alto escalão de empresários e diretores estarão livres por terem delatado (da maneira parcial e interesseira) alguns políticos do quadro nacional.

Assim, enfrentamos uma encruzilhada complexa: de um lado temos um sistema altamente corrompido (do legislativo ao judiciário e do mercado à mídia) e que necessita de uma mudança efetiva. Do outro, temos um pseudo combate a corrupção que, na prática, utiliza o mesmo jogo sujo que faz do Brasil um dos países mais desiguais do planeta, trazendo um vício de origem impossível de não contaminar o resultado final.

Nesses momentos de caos e insegurança, é natural que as pessoas procurem algum ponto de estabilidade e, mais natural ainda, que essa porto seja o presidente da República mais bem avaliado da nossa história. Talvez por isso, Lula cresça tanto nas pesquisas de opiniões que o aponta como favorito para se reeleger em 2018.

Portanto, no campo da política, dos argumentos e da disputa democrática numa terra sem lei, não há ninguém mais capacitado para representar um lado desse jogo do que alguém que tem amparo social e de massa, como tem o presidente de honra do PT.

Tadeu Porto é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense. Sigam-o no Facebook! :)

Tadeu Porto: Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil
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