A Miriam, o que é de Miriam

Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

Pedro Serápio/Gazeta do Povo

Por  Tadeu Porto,

Há dois dias, o Brasil está preso num debate que envolveu praticamente todos veículos de comunicação, da mídia golpista à blogosfera progressista, acerca do episódio no qual, supostamente, a jornalista global Miriam Leitão foi agredida.

E chamo de supostamente pois a notícia veio da própria Leitão o que, convenhamos, não traz muita credibilidade, afinal, ela previu um “apagão” no Brasil durante cinco anos seguidos e esse nunca aconteceu. É mais do que natural, portanto, questionar informações relatadas por ela.

Mas consideremos, por um instante, que tenha algum fundo de verdade no ocorrido. Li e reli a coluna da Miriam “ódio a bordo” e falo com toda tranquilidade: tirando a possível violência verbal – que é condenável em qualquer caso – não vejo nada de condenável no caso, pois o conteúdo das mensagens à Urobóloga é irretocável e bastante verossímil.

Basicamente, Leitão foi chamada de terrorista e golpista pelos tripulantes e, sem dúvida alguma, são adjetivos que lhes cabem tão bem como um terno preto costurado por Felice De Cicco.

Ou seja, não vejo absolutamente nada de errado se alguém, no cafezinho do aeroporto , tiver chegado para Miriam com um diálogo do tipo:

“Olá dona Miriam, tudo bem? Posso lhe pagar um café?”

“Então, com licença, gostaria de aproveitar a oportunidade para dizer, com todo respeito, que você é uma golpista de primeira e, também, uma terrorista, ok?”

“Abraço e fica com deus. Até a próxima.”

Ou então no avião:

“Opa, com licença, a senhora é a Miriam Leitão?”

“Poxa, não acredito que sorte! Sempre quis lhe dizer, data máxima vênia, que a senhora afundou o país apoiando esse Golpe que só serviu a elite e os seus patrões”

“Opa, deixa eu ir ali que estou segurando a fila. Beijos”

E agora, educadamente, argumento o porquê de eu considerar Miriam, uma terrorista, uma golpista e, sobretudo, o motivo dela merecer interpelações nesse sentido.

Terrorista pois ninguém fez terrorismo econômico aqui no Brasil como ela. Desde 2003, quando o PT assumiu, ela está apontando os “erros” do PT. E quando o país enfrenta uma crise sem fim, com todos os dedos do parlamento (se tem poder de destituir uma presidenta, imagina mexer na economia), ela joga a favor da agenda – de reformas – desse mesmo legislativo que conseguiu a façanha de eleger Eduardo Cunha no primeiro turno. Não há alguma coerência no seus discursos a não ser a perseguição implacável ao Partido dos Trabalhadores (Aliás, veja como ela gagueja (e muito) para dar notícias a favor do PT)

Sem contar que Miriam é uma das vozes mais importantes da Globo e se existe alguma coisa que não tenho dúvidas é de que a emissora dos Marinho é a mãe do Golpes brasileiros.

Vemos Merval Pereira, dois dias antes  da eleição da Dilma escrever que o “impeachment dela será inevitável” (detalhe que Aécio, hoje quase preso, era o adversário e saiu ileso das críticas de Merval). Jabor só aparece para esbravejar asneiras, Noblat esteve frente a frente com um presidente de popularidade menor que cabelo em ralo de banheiro e escolhe perguntar a ele “como conheceu Marcela” ao invés de questionar, por exemplo, o toma lá da cá mais descarado que esse país já praticou.

Ademais, para defender o governo atual, e ilegítimo, jornalistas da Globonews acreditam que o poder de compra aumenta com o desemprego e Cantanhêde sussurra baixinho no “ouvido” do Brasil que Temer “entende de romance” e parece não ter coragem de gritar que ele entende mesmo é de propina.

Se isso não é ser golpista, me tira o tubo.

Por fim, a coluna da Miriam é, como todo respeito, uma amostra da sua arrogância irretocável e do quão desprezível a jornalista é. Primeiro que, para não perder a viagem, ela põe a culpa no Lula (em 2005, ela não poupou ódio de classe para criticar a falta de estudo do presidente). 

Segundo, pois não há uma autocrítica, uma Mea Culpa, pelo clima que o país vive hoje, mesmo sendo a Globo – infelizmente – a maior formadora de opinião que temos por aqui.

Miriam acha mesmo que chegamos a esse nível de enfrentamento do nada? Pois eu lembro a ela a frases do senador Requião: “As senhoras e os senhores estão preparados para a guerra civil? Não? Entrincheirem-se, então, porque o conflito é inevitável”. Era óbvio que um Golpe como o impeachment iria gerar esse clima de enfrentamento.

Para ilustrar, comparo o caso dela com o da Elika Takimoto que escreveu um texto controverso no Facebook, foi muito mais agredida que a Miriam, e em suas desculpas teve a grandeza de reconhecer que, mesmo sem querer, por participar de um sistema opressor, por vezes acaba reproduzindo estes valores sem saber. Elika teve a grandeza de dialogar e promover um debate dialético, reconhecendo e debatendo todas variáveis do processo, coisa que Leitão, sua prepotência e sobretudo a proteção que a Globo lhe dá (pode falar a asneira que quiser pois está a serviço dos patrões) não deixam.

Bom, eu demonstrei solidariedade Reinaldo Azevedo pelo grampo que recebeu e por ter suas conversas vazadas. Aquilo sim foi ameaça direta a democracia, pois o MP extrapolou e muito as suas atribuições.

Mas nesse episódio nem a Miriam, e principalmente a Globo, merecem alguma empatia (no máximo uma compaixão cristã para quem acredita, pois somos muito bonzinhos).

Portanto, sem violência, má educação e, claro, com aquele humor e originalidade característicos dos brasileiros e brasileiras, a Miriam merece o que é de Miriam (e dos golpistas): nem um minuto de paz.

 

Tadeu Porto: Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil
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