“Crescimento” de 0,2% baseado exclusivamente no consumo de famílias esconde processo brutal de concentração de renda

O crescimento do PIB no segundo trimestre do ano foi de 0.2%, um valor absolutamente medíocre e instável, sobretudo porque baseado exclusivamente no consumo das famílias, que cresceu modestos 1,4%. Indústria, investimentos, consumo do governo caíram. A agricultura ficou no zero.

Mesmo assim, a imprensa divulga o “crescimento” sem adversativos. Não tem mais “PIB cresce mas…”
A relação orgânica entre imprensa e o novo regime neoliberal instalado pelo golpe se revela nesses momentos.

Os números também servem de lição: se o Brasil quiser crescer de verdade, precisa apostar no consumo interno. É o único fator que, contra tudo e contra todos, resiste bravamente à política de caos e destruição promovida por governo e mídia.

Seria interessante, porém, estudar esses números a fundo, porque eles estão escondendo um processo brutal de concentração de renda, com poucas famílias mais ricas consumindo mais e a maioria consumindo menos, até porque o desemprego atinge de maneira muito mais dura as faixas sociais mais humildes e as regiões geográficas mais pobres do país.

É emblemático de um Estado historicamente sem preocupação com a questão da desigualdade, onde seu Banco Central aumenta ou reduz juros sem levar em conta o impacto no emprego, que o IBGE não acompanhe de perto, ou pelo menos não divulgue de maneira mais explícita, a evolução das taxas de concentração de renda.

O gráfico acima, com a evolução dos investimentos, é um raio-x de como o golpe foi construído. Logo no início da nova gestão de Dilma, a economia foi deliberadamente paralisada pela Lava Jato, de um lado, e por Eduardo Cunha, de outro, ambos chancelados e apoiados pela Globo e seus satélites na mídia.

[Esse texto foi divulgado mais cedo pelo Cafezinho Spoiler, nossa newsletter enviada por email ou whatsapp. Assine gratuitamente clicando aqui]

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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