Robson Sávio comenta a pesquisa Datafolha que aponta Lula como esperança dos brasileiros

Da Redação,

Lula líder: breves notas sobre a pesquisa do Datafolha
A pesquisa divulgada neste domingo, 01/10 (depois de um longo período no qual o Datafolha retirou-se estrategicamente do cenário eleitoral – e uma série de outras consultas, solenemente desdenhadas pela mídia-empresarial, apontavam o favoritismo de Lula), demonstram que o ex-presidente consolida seu favoritismo na disputa presidencial, não obstante a guerra travada contra ele pelos prepostos das elites nacionais; leia-se mídia e judiciário.

No jornal impresso – dos que afirmaram que no Brasil houve uma “ditabranda” -, a manchete destaca: os votos em Lula resistem aos “escândalos e condenação”. E, sintomaticamente, a manchete no UOL, do grupo Folha, logo “perdeu” destaque nas chamadas do portal na Internet. Como deve ser dolorido para os Frias, seus papagaios de pirata e seus amigos do conglomerado midiático-empresarial noticiarem esses dados! Parece que os Frias, assim como a Globo, insistem em achar que opinião publicada é opinião pública.

Ao que tudo indica, a justiça agirá no tapetão a decidir o processo eleitoral no ano que vem (se acontecerem as eleições; tenho dúvidas!). Ou seja, o processo de centralidade e protagonismo do judiciário (que se iniciou com a politização da justiça, passando à judicialização da política e culminando na partidarização da justiça) muito provavelmente usurpará o poder popular, a demonstrar o desprezo das nossas instituições pelas regras até mesmo da democracia procedimental.

Lula tem feito gestos a demonstrarem que pretende fazer um governo de coalizão, sem promover processos de ruptura. Não obstante, parece que não há mais espaço para uma concertação no Brasil. Desde o golpe, os segmentos de elite demonstram desdém à Constituição. Mais que isso, rasgaram os véus da hipocrisia (que mantinham certa estabilidade institucional), num país que tem 6 bilionários cuja riqueza é maior que 100 milhões de brasileiros e 5% dos mais ricos abocanham 95% de toda a riqueza nacional, conforme revelou a Oxfam, recentemente. As elites nacionais indicam que não estão dispostos a qualquer concessão, mesmo com evidências tão escandalosas.

Falar em democracia no Brasil, principalmente após o golpe, é piada de salão. Como os dados acima denunciam, nunca tivemos de fato no país um governo do povo, apesar dos governos do PT terem atendido muitas expectativas populares. E isso não é pouca coisa…

Historicamente, nossas elites se apropriaram do estado e nele se locupletam às custas do trabalho e da vida da imensa maioria do brasileiros. A propriedade da terra e a estruturação dos grandes empreendimentos industriais e bancários, por exemplo, se consolidaram no Brasil a partir do saque generalizado ao erário ou de políticas de isenção, refinanciamento e perdão de dívidas dos ricos, além da corrupção, é claro. Ou seja, a concentração patrimonial e de riqueza neste país se deu através da rapinagem do tesouro nacional e da ação inescrupulosas das elites que se apropriaram do estado para protegerem seus negócios privados.

Depois do golpe, essas elites de mentalidade escravocrata, colonial e antinacional não querem permitir governos que possibilitem, sequer, algumas concessões ao andar de baixo.

OU seja, parece que não há mais espaço, sequer, para as mudanças incrementais que foram sendo construídas a passos de tartaruga, com coalizões entre elites, desde a Constituição Federal de 1988.

A sanha escravagista e autoritária das elites nacionais parece ter, definitivamente, saído do armário. Com o apoio da mídia, a turma da casa-grande capturou parte da classe média para promover a guerra de fake news a criminalizar a política, as esquerdas, Lula e o PT. Não resolveu.

Mas, ao que tudo indica, com a adesão da justiça da casa-grande, conseguirá violentar o processo eleitoral, retirando do povo a decisão dos rumos da Nação.

Os dados da pesquisa do Datafolha apontam: os cidadãos percebem que foram ludibriados pelo enredo do golpe; que o único líder político capaz de acolher demandas populares é Lula e que a justiça brasileira continua serviçal da casa-grande.

É incrível a resiliência eleitoral de Lula que tem, também, sua rejeição diminuída (apesar de erros cometidos pelo PT).

Os próximos capítulos dessa disputa perversa, que levou ao comando do país uma gangue sem pudor e temor, serão decisivos para os rumos da Nação. E, se não há espaço para negociação, o desfecho dessa trama poderá ser doloroso.

Há quem aposte na paz eterna dos túmulos. Até quando?

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Wellington Calasans:
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