A coluna petroleira

Foto: Francisco Proner

 

Machado de Assis acreditava que o destino, como todos os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho. O Bruxo de Cosme Velho argumentava, ainda, que o próprio acaso conseguiu a proeza de ser Deus e o diabo ao mesmo tempo.

Foi no ínicio do ano de 2015, no auge dos ataques da Lava-Jato que, numa reunião de colegiada que tinha tudo para ser uma qualquer, um petroleiro levantou a mão, pediu a palavra enquanto fitava a todos e todas presentes e disse: “se eles querem nos fazer ter vergonha da Petrobrás, mostraremos orgulho. A partir de hoje, esse jaleco laranja, uniforme do nosso trabalho, será nossa segunda pele”.

E não havia outra saída para aquela ocasião. Àquela altura do jogo, já estava mais do que desenhado que a operação mais badalada do momento precisava destruir a maior empresa do país para ter sucesso na sua agenda entreguista e vira-latas. A defesa da empresa e de seus empregados e empregadas se tornou primordial para resistir ao desmonte do Estado e da agenda social que engrandeceu o Brasil do Século XXI.

Os petroleiros sabiam onde encontrar esse orgulho: da descoberta do Pré-Sal, do salto na participação do PIB, dos estaleiros lotados de trabalhadores e trabalhadoras mostrando ao mundo que poderíamos construir aqui as plataformas de referência na exploração e produção de águas profundas e das novas refinarias, que não coincidentemente rima com soberania.

Os petroleiros encontraram na Petrobrás de Lula – dos números aos fatos – o escudo ideológico para se protegerem dos ataques baixos que lavajateiros de plantão aplicavam dia após dia contra, até então, a maior empresa da américa latina.

Três anos depois, quis o destino, misterioso mas habilmente casmurro, que esses jalecos laranjas marchassem lado a lado com o presidente que lhes deu vida e significado, reeditando a história do operário que, mais uma vez, encontra a opressão que deseja destruir sua luta.

Na foto épica do presidente Lula, rodeado pelo carinho e a admiração do povo, existem milhares de sonhos e histórias de brasileiros e brasileiras que estão ali para agradecer a maior liderança que esse país já viu.

Quem observa esse retrato da vida atentamente, registrada por um garoto de apenas 18 anos, consegue perceber, nas entrelinhas da vida que o diabo adora fazer residência, um rastro cor de laranja vivo que pavimenta o caminho do presidente mais bem avaliado da nossa história.

Uma escolha, em forma de bala, tirou Getúlio da vida para história. Quis o destino que várias escolhas, do Bolsa Família ao Pré-Sal, levassem os trabalhadores e trabalhadoras a carregar, literalmente, Lula em vida para a história.

E dentre as categorias ali presentes estava, destacado como um marca texto em um livro de poesia, a coluna petroleira: aqueles que encontraram o equilíbrio entre a gratidão ao presidente e a força da luta de classes, para construir o melhor momento da empresa criada por Vargas.

O destino, decerto, esconde as cartas do jogo da vida. Contudo, em sua longa trajetória, não deixa de morar em alguns detalhes. Assim, ver a mancha laranja, como a alvorada de uma nova era, encontrar o presidente que a fez nascer, não nos deixa acreditar que o Golpe triunfará.

P.s. O autor da foto e questão é Francisco Proner Ramos, filho da jurista Carol Proner. O avô de Francisco, Rogério Proner, é petroleiro e trabalhou na Bacia de Campos.

 

Tadeu Porto: Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil
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