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Ipsos [Estadão]: Lava-Jato leva o país a barbárie

Com um bocado de atraso, consegui um tempo para escrever sobre as impressões que tive sobre a última pesquisa Ipsos-Estadão. Não consegui tirar essa pesquisa da cabeça, afinal, os números dela demonstram um Brasil surreal. Além da polarização da sociedade que está escancarada na pesquisa, como bem ilustrou Fernando Brito, e dos resultados positivos para […]

3 comentários
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Com um bocado de atraso, consegui um tempo para escrever sobre as impressões que tive sobre a última pesquisa Ipsos-Estadão. Não consegui tirar essa pesquisa da cabeça, afinal, os números dela demonstram um Brasil surreal.

Além da polarização da sociedade que está escancarada na pesquisa, como bem ilustrou Fernando Brito, e dos resultados positivos para o presidente Lula, ilustrado aqui pelo nosso editor Miguel do Rosário, tenho ainda um destaque a mais sobre os resultados: a sentimento democrático no país foi pro espaço.

Essa questão é verificada, principalmente, pelo altíssimo índice de “continuidade” que a Lava-Jato possui. Pouquíssimas perguntas de pesquisa possuem aprovação de mais de 90%, principalmente quando trata de um assunto polarizado, como demonstra as outras perguntas.

As perguntas “após a prisão de Lula, as investigações da Lava Jato devem continuar ou se encerrar?” e “A Lava Jato deve investigar todos os políticos”, ficaram com 95% e 91%, respectivamente. A impressão direta e objetiva dessa pergunta é que o país inteiro quer a continuidade da operação independentemente dos erros da operação, ilustrado nas demais respostas da pesquisa.

Portanto, analisando a consulta como um todo, o cenário é tenebroso: basicamente, a população abriu mão de conceitos básicos da democracia para se poder “combater a corrupção” mesmo considerando, na pesquisa mesmo, que a própria Lava Jato é inadequada.

Ao analisar as perguntas de continuidade da Lava Jato com os questionamentos: “A Lava Jato até agora não provou nada contra Lula“ (47% concordam e discordam, 6% se abstém) e “A Lava Jato faz perseguição política contra Lula” (55% concordam e 41 discordam, 4% se abstém), concluímos, por baixo, que aproximadamente 50% da população sabe dos erros lavajateiros e mesmo assim, no mínimo, 40% quer que ela continue.

Também chama a atenção da junção das perguntas “Acha que Lula é culpado ou inocente (57% culpado e 32% inocente)” e “É justo ou injusto que Lula seja preso” (50% é justo e 44% é injusto) com o alto índice de continuidade da Lava Jato. Oras, se um terço do país acha que Lula é inocente e quase metade da população acha prisão dele é injusta, qual é a justificativa para quererem manter a operação?

Aparentemente, o povo brasileiro desacreditou da democracia e partiu para a lógica de que teremos que resolver nossos problemas a ferro e fogo, com a lógica da punição a todo custo, sem respeito ou apego algum a nossas experiências passadas, a nossa lei ou mesmo convenções sólidas de direitos, como os direitos humanos.

Ademais, o alto índice de pensamento que a Lava Jato deve ir para todos os políticos, chega-se a conclusão que a operação praticamente sepultou a política brasileira como se fosse crime, simplesmente, ser político. E aqui faço um adendo a canalhice do Estadão de direcionar a Lava Jato para políticos, sem uma pergunta do tipo “A Lava Jato deveria investigar os Bancos?”, por exemplo.

Fora da política, mora a barbárie, já dizia a sabedoria popular. Tempos sombrios nos esperam.

 

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Tadeu Porto

Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil

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Comentários

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juca

04/05/2018 - 21h20

Perguntas meio capciosas, não? A segunda pergunta é bastante problemática. Quem são os “poderosos”? Eu mudaria a pergunta para algo como “O Senhor acredita que há uma elite de poderosos, querendo tirar Lula das eleições?” A penúltima é risível, como ela pode estar investigando todos os políticos se o conjunto de “todos os políticos” não está sendo investigado pela Lava-Jato? Deus, alguém dê uma aula de lógica para essa gente. Perguntas devem ser claras e objetivas, jamais deve-se supor que o entrevistado deduza o que falta na pergunta.

Audi Q5

18/04/2018 - 12h19

Como dizia o Brizola, “a Globo é o câncer do Brasil”.

Mirko Kraguljac

18/04/2018 - 12h19

O fascismo é sedutor! A classe média de proto-fascismo, concebido durante ascensão econômica do governo Lula foi decisiva, mas o que puxa atenção é classe média baixa formada graças de governos do PT, que deixou de apoiar a esquerda e passou apoiar a elite (ainda sem saber que Bolsonazi é representante politico dessa elite do atraso). É triste, é abominável, é nojento… Reverter essa situação só com muita luta, esclarecendo para cegos, vitimas de lavagem cerebral, feita por meios de mídia neoliberal, que são enganados, enganados feio e sem escrúpulos …


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