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A amarelinha é nossa!

Por Ricardo Cappelli “…e quem, tendo visto a seleção brasileira em seus dias de glória, negará sua pretensão à condição de arte?” Eric Hobsbawn – A Era dos Extremos. Com a chegada da Copa do Mundo é nítido o incômodo de parte da esquerda com a nossa seleção. A amarelinha, que desde sempre foi para […]

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Por Ricardo Cappelli

“…e quem, tendo visto a seleção brasileira em seus dias de glória, negará sua pretensão à condição de arte?” Eric Hobsbawn – A Era dos Extremos.

Com a chegada da Copa do Mundo é nítido o incômodo de parte da esquerda com a nossa seleção. A amarelinha, que desde sempre foi para nós motivo de orgulho, de brasilidade, arte pela qual expressamos nossa cultura e unimo-nos, foi seqüestrada pelos “patos”.

Que bicho danado é esse, tão arguto, que em poucas manifestações paneleiras roubou parte de nossa alma? Junho de 2013 está muito recente. A história tratará de explicar as resultantes de um levante com cheiro de invasão estrangeira. Uma coisa apenas é certa: nunca o cinismo de Miami vestiu tanto Brasil.

A jogada simbólica foi competente. “Coloco na pele um grande símbolo nacional para esculhambar a nação. Faço cocô na cabeça do país vestindo seu uniforme de gala.”

“Com a Estátua da Liberdade no coração pego a bandeira terceiro mundista e grito: é minha!” Os adversários, confusos, encolhem. Em casa, o pavilhão nacional vira pano de chão, afinal, “pra limpar a merda deste povinho é que ela serve”. Como a esquerda caiu nessa?

Alguns partidos chegaram até a produzir camisa da seleção brasileira…vermelha!?! O que é isso? Alguém vai a um bar, a uma concentração de rua, a uma festa na casa dos amigos e encontra alguém com a camisa do Brasil vermelha? É no gueto dos “esquisitos” o nosso lugar?

O futebol é um dos poucos palcos globais onde todas as nações se fazem presentes. Se o esporte está dominado pela lógica mercantil do capital, por times transnacionais multimilionários, por organizações corruptas, a seleção nacional é resistência.

O Maracanã jamais esquecerá a torcida francesa durante a Copa de 2014 entoando a Marselhesa. Foi possível sentir o concreto se arrepiando, os monstros sagrados do futebol de todos os tempos emocionados com o legado deixado para humanidade. Joana D´arc, Napoleão e De Gaulle choravam copiosamente sentados na marquise do maior do mundo.

E não venham torcer o nariz para os meninos pelos carrões e pelas escolhas políticas equivocadas. Nossos artistas populares estão, todos, absolvidos. São brasileiros extraordinários, em sua imensa maioria vindos das camadas populares que ascenderam socialmente pelo esporte mais democrático do planeta.

Futebol se joga com qualquer bola. De couro, de borracha e até de meia. No cimento, na grama e no barro. Baixinho, grandão, forte ou franzino. Bastam dois chinelos ou duas latas para surgirem as traves. A alegria, o talento, a determinação e a criatividade fazem o resto.

Criticar a seleção ou ter vergonha de vestir a amarelinha é ser um coxinha de esquerda, com todo respeito. É ser um “não brasileiro” que desiste na primeira panelada. Salve geraldinos e arquibaldos, povo, suado, torcendo, gritando!

Mandela saiu da prisão para a presidência e uniu seu país em torno do time de rúgbi, um jogo de brancos num país de negros recém saído do apartheid. Enfrentou a ira dos radicais incapazes de compreender a centralidade da questão nacional. Putin, um estadista, desfilará triunfante pelo mundo durante os próximos 30 dias.

Lula, gênio da comunicação, cansou de usar metáforas futebolísticas para falar com o povo. Conhece nossa alma como ninguém. Apaixonado por futebol, duvido que não esteja com sua amarelinha em Curitiba.

Num momento tão triste da história nacional, uma esquerda ranzinza, mal humorada, torcendo contra vestida de vermelho, esquisita e apartada do povo seria um erro colossal.

Como bem diz a madrinha Beth Carvalho, “Trago no sangue / O verde, amarelo e o anil / Meu sangue é Brasil”.

Vamos Brasil! Rumo ao Hexa!

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Mauro Silva

15/06/2018 - 07h08

Caro Miguel.
Com todo respeito ás suas opiniões com as quais, em regra concordo, neste caso, não.
Primeiro, porque a única camisa de times de futebol que vesti, foram dos amadores q defendi e o manto do meu querido Santos.
Segundo: essa não é a primeira copa q torço contra esta seleção da cbf-nike porque é uma “seleção da cbf-nike”, e não uma seleção dos futebol brasileiro.
Sou anarco-comunista, filho de comunista é só estudei em escola pública do primário aa engenharia, portanto, não sou um coxinha de esquerda.
Aliás, não existe coxinha de esquerda porque o socialismo impõe uma ética incompatível com a ética coxinha.
Grande abraço.

Ricardo

15/06/2018 - 00h01

Se quer torcer para a seleção da CBF é direito seu. Mas não venha chamar de ranzinza e mal humorado quem não quer torcer. Você citou Robsbawm, que neste mesmo livro disse “julgar é fácil o difícil é compreender” Eu tenho certeza que você consegue compreender por que muitos vão estar na torcida contra a seleção da CBF.

Moésio Pereira

14/06/2018 - 21h20

Top Ten dos artigos mais idiotas que li.

Constantino Lagoa

14/06/2018 - 17h27

Não fui eu que torceu contra a copa no Brasil, mas milhões de coxinhas tabacudos. Foram eles! Agora se recusam a usar a camisa amarela aí a Veja vem e faz uma reportagem dizendo que a esquerda é isso e aquilo.
Por mim, não tenho e não compro camisa da Nike.

    Sergio Sete

    15/06/2018 - 10h45

    Se recusam por medo de um pessoal que escolheu usar vermelho e costuma atacar quem usa as cores que simbolizam o país: verde e amarelo.
    Vermelho não simboliza o país, simboliza uma ideologia, algo muito diferente.
    Enquanto uns usam o verde e amarelo para simbolizar algo pelo país (futebol, olimpíadas, política, etc), outros usam vermelho para simbolizar a fé cega numa ideologia que não tem nada a ver com o país.

manoel

14/06/2018 - 17h19

Muito bom Miguel. Esta patrulha já me cansou.
Uso camisa amarela, bandeira, grito Brasil. Se alguém tem que se arrepender, não sou eu.
Aliás, os verdadeiros patos e coxinhas, estão aí disseminando o desânimo.
Achei interessante sua comparação com coxinhas de esquerda. Vou pensar sobre…
Vem hexa…abraço.

Weiller

14/06/2018 - 17h17

Enquanto o País continuar a venda, a quadrilha continuar no poder, a “justissa” continuar a mercê e a favor dos golpistas, não tem perdão pra “camisa amarela”. Vão pro inferno, seleção, patos e os vendilhões. Desejar que tenhamos sentimento de “brasilinidade” nesse momento terrível da história do País equivale a não entender o ódio dos palestinos aos judeus apenas pq os mesmos sofreram nas mãos do nazismo.

Sergio Sete

14/06/2018 - 16h37

Caceta, Miguel, agora você não só viajou, você alucinou.

Curió

14/06/2018 - 16h27

Miguel, esse artigo é ufânico e pueril ! Para usar suas palavras preferidas.
Colocar a conta da apatia no mau humor dos ” esquerdinhas ” é um verdadeiro pé no saco, um chamuscar os pelos! Gozação tem hora. Isso é tripudiar. Já passou do limite do razoável faz muito tempo.

    Miguel do Rosário

    14/06/2018 - 17h23

    Curió, é sua opinião. O autor é uma pessoa muito inteligente e compromissada com ideais de esquerda. Abs

Vitor

14/06/2018 - 16h13

Só tem um bando de pessoas tristes e mal amadas incomodadas. Domingo o país inteiro vai parar e assistir o jogo igual faz a cada 4 anos. Quem não quiser assistir, que vá chorar sozinho….

Mordaz

14/06/2018 - 16h13

Nada a ver… Não foi a esquerda que “caiu nessa”. Fosse assim, os patos continuariam exibindo orgulhosamente suas camisas da CBF. O desânimo é generalizado e motivos para isso não faltam.


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