Vitória de Bolsonaro aumentará a violência

Três fatos que demonstram o potencial explosivo de uma vitória de Bolsonaro:

1) “Ô cruzeirense, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar viado”.

Parte da torcida do Atlético-MG direcionou as palavras acima à torcida rival no clássico contra o Cruzeiro, no último domingo. O estádio de futebol é, ainda, um triste reduto da homofobia. A novidade é a ligação direta com o candidato a presidência que lidera as pesquisas. Os torcedores exultaram com a ideia de que Bolsonaro irá matar homossexuais. O Clube Atlético Mineiro, felizmente, soltou nota lamentando as manifestações homofóbicas e repudiando os gestos de preconceito e incitação à violência.

2) Do Twitter de Chico Alencar, candidato ao Senado pelo RJ: “Sábado, cruzamos com uma carreata de ‘bolsonaristas’ em Cabo Frio. Ao se aproximarem, simularam estar nos metralhando, com semblante de ódio e gritos raivosos. Querer eliminar o diferente, mesmo simbolicamente, é coisa de totalitário, de quem flerta com o fascismo. Não passarão! Além dos gestos simulando armas, os bolsonaristas dispararam xingamentos contra as moças da nossa caminhada, que portavam bandeiras do PSOL: ‘piranhas’, ‘pu**s’. O combustível dessa carreata era a agressão, a baixaria”.

3) Uma amiga me contou que, após um debate político em um post seu no Facebook, a discussão continuou privadamente, entre um bolsonarista e outra pessoa. O bolsonarista mandou uma foto de uma arma para essa pessoa, chamando-a de “esquerdista”.

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Não adianta nada Bolsonaro negar que faz discurso de ódio enquanto seus seguidores se comportam dessa maneira assustadoramente violenta, obviamente inspirados nas falas do “mito”. Esses três fatos ocorreram nos últimos dias. Existem muitos e muitos outros. Imaginem o que mais anda acontecendo Brasil afora.

A eleição de Trump, em 2016, gerou uma onda de intolerância nos EUA, com mais de 400 incidentes de ódio contra imigrantes, negros, homossexuais, muçulmanos, hispânicos e mulheres em apenas uma semana. O número é equivalente ao que a organização Southern Poverty Law Center, que luta desde 1971 contra a intolerância, costuma detectar em pelo menos seis meses.

O clima continuará conflagrado de qualquer forma, mas a eleição de Bolsonaro será como uma senha, uma legitimação para que a violência contra quem não se gosta seja encarada – mais ainda – como algo natural.

Aqueles que pensam que Bolsonaro é o melhor candidato para combater a violência, não se enganem: a violência irá aumentar.

Não contra os bandidos – no máximo alguns bandidos pé de chinelo sofrerão, já que com os grandes bandidos o candidato não mexe – mas contra homossexuais, mulheres, negros e pessoas de esquerda.

Votar em Bolsonaro é endossar a barbárie.

Seus amigos, familiares, ou você mesmo podem ser as vítimas de uma turba de alucinados. Pense nisso antes de fazer uma escolha trágica.

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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