O tsunami lulista e o plano nada infalível do golpe

Os números da pesquisa Ibope de ontem, mais especificamente o crescimento vertiginoso de Haddad, reforçam uma conclusão sobre toda a movimentação golpista que resultou na prisão de Lula: a montanha pariu um rato.

Os atropelos à lei cometidos pelo Judiciário e o mergulho sem volta no partidarismo explícito feito pela grande mídia não impediram que o substituto de Lula desse um salto monstro nas intenções de voto – de 8 para 19 pontos percentuais – após míseros sete dias de sua efetivação como candidato.

Também não adiantou manter Lula, além de preso, quase que completamente incomunicável. A mística em torno do seu nome e o que seus dois governos representaram para o Brasil pobre e profundo foram suficientes para impulsionar Haddad ao segundo lugar isolado. Mais um feito invulgar na inverossímil trajetória de Lula. Estamos presenciando a história, camaradas.

É patente o fracasso da estratégia golpista. Prender o político mais popular do país sem provas não tirou a sua força e não alijou o PT do jogo eleitoral. O plano infalível, à la Cebolinha, falhou miseravelmente.

Conseguiram, isso sim, inflar o fascismo a um tamanho que seria impensável há pouquíssimo tempo. Trágicos 28% da população, quase um terço, pretendem votar em Bolsonaro segundo o Ibope.

Se Ciro Gomes não conseguir atrair os eleitores que querem escapar da polarização, como pontuou o Miguel do Rosário no podcast postado aqui no Cafezinho mais cedo, a eleição caminha para uma espécie de juízo final: antipetismo/fascismo contra petismo/democratas. Quer dizer, “juízo final” não é um bom termo porque o clima de guerra entre os polos certamente persistirá após a eleição – ou seja, o juízo não terá nada de final -, qualquer que seja o resultado. Algo próximo de “guerra civil” parece mais adequado.

Parabéns aos envolvidos na transformação do Brasil em um celeiro de fascistas, em especial à grande mídia e ao Judiciário. A história e o nosso país acertarão as contas com vocês com juros e correção, podem ficar tranquilos.

Um último comentário importante sobre a pesquisa Ibope: Cabo Daciolo estagnou em 1% das intenções de voto, demonstrando que isolar-se em um monte para jejuar, orar e gravar vídeos alucinados – tive um ataque de riso ao ver um vídeo gravado à noite, que começa com o som dos grilos e o crepitar da fogueira ao fundo, seguidos do indefectível “Glória. Glória a Deus”; recomendo – não é, definitivamente, uma boa estratégia eleitoral.

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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