Haddad ou Ciro? Leiam o artigo de Paulo Henrique Faria

Recebi um outro artigo sobre o tema Lula ou Haddad. Aviso uma coisa, não vou ficar contabilizando um para Haddad, outro para Ciro. As colaborações serão publicadas conforme forem chegando. Enviem para o email migueldorosario@gmail.com.

A única obrigação é que sejam elegantes e bem escritas, sem apelar para baixarias ou fakenews contra adversários. Por exemplo, eu não publicaria jamais aqui num Cafezinho um artigo dizendo alguma cretinice como “o golpe fecha com Haddad ou Ciro”.

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Ciro Gomes: A terceira via trabalhista contra fascismo e petismo

Por Paulo Henrique Faria

Depois de pouco mais de um mês de campanha oficial para a presidência da República e de vários levantamentos de intenções de voto, a campanha se estreita para um duelo triplo: Ciro, Haddad e Bolsonaro. Chego a essa constatação depois das duas últimas pesquisas Ibope e Datafolha, divulgadas na terça (18/09) e quarta (19/09), respectivamente.

O ex-capitão e candidato do PSL, Jair Bolsonaro, praticamente garantiu sua vaga no segundo turno pela já cristalização do seu eleitorado. O fatídico episódio da facada manteve sua rejeição estagnada e aumentou – mesmo que em menor escala – sua estimulada. Na Ibope e Datafolha Bolsonaro apareceu com assustadores 28%.

Fernando Haddad (PT) vem oficialmente como o ungido de Lula desde o dia 11/09. No Ibope apareceu com 19% e Datafolha de ontem com 16 pontos. Entretanto, na mesma medida que viu seus votos aumentarem, também presenciou sua rejeição disparar e chegar em 29% até então. Resultado? Perde praticamente para todos nos cenários de segundo turno.

Outro óbice para o ex-prefeito paulistano é certamente Ciro Gomes (PDT). Chama atenção a sua notória resiliência na manutenção de apoio. Ciro está há duas semanas entre 11 e 13 pontos da preferência. Mesmo com toda a blogosfera lulopetista destacando Haddad e o preterindo. Mesmo sem a estrutura partidária petista e o tempo de TV necessário.

Como isso acontece? Explico: Ciro foi de longe o que melhor aproveitou suas inserções na imprensa da TV aberta e fechada. Suas participações nos debates da Band, RedeTV e Gazeta, bem como a ida na Globo News, deram o que falar. Outro fator positivo foi as sabatinas com a dupla inquisidora do Jornal Nacional, além da ida ao Jornal da Globo na última segunda. Com aproximadamente 30 minutos para falar em cada, Ciro conseguiu passar sua proposta do “Nome Limpo” e, ainda, teve tempo para esbofetear os neoliberais, Bolsonaro e seu vice “Jumento de Carga” e, claro, de apontar as contradições do Partido dos Trabalhadores.

Ciro foi o que suscitou as maiores audiências nos telejornais globais. Seu sucesso midiático propiciou estar no topo dos trending topics do Twitter e número de menções no Google e Facebook, desde que a campanha teve início. Isso ajuda a nos explicar em linhas gerais o seu êxito em peitar o hegemonismo da esquerda brasileira.

Mas voltemos para a análise das pesquisas. Ciro está estagnado na estimulada, mas tem a menor rejeição dentre os principais candidatos. No Ibope aparece com 21% e no Datafolha com 22% neste quesito. Isso é determinante para Ciro vencer absolutamente todos nos cenários testados de segundo turno. Vejam os números abaixo:

Este é sem dúvida alguma um trunfo que Ciro usará para pedir o voto útil do campo progressista. Uma vez que Ciro sempre ganha com folga de Bolsonaro e, Haddad, ao contrário, não. Outro item que me chamou a atenção foi a pesquisa de “segundo voto” perguntado pelo Datafolha. Nela mostra que Ciro lidera com 15% desta escolha secundária. Mais um fator para o pedetista mostrar que é a terceira via; sim, porque boa parte dos votantes não querem Haddad e tampouco Bolsonaro. Vejam o índice mencionado:

É exatamente aí que entram dois outros players: Marina Silva e Geraldo Alckmin. A primeira desidratou uma vez mais e o segundo, apesar de ter de longe o maior tempo de TV e dinheiro, não sai dos 9%. A ex-ministra perdeu muitos votos para Haddad e Ciro. Já o ex-governador paulista foi sugado por Bolsonaro, que hoje é o representante do lado conservador. Ciro pode se beneficiar desse fracasso de ambos e concentrar em si o voto útil tanto dos marinistas, quanto dos alckmistas. Lógico, pois muitos deles não votam de forma alguma no PT e, assim, podem dar o direito do pedetista ser o adversário do “inominável” no segundo tempo desta partida.

Um detalhe crucial que animou decisivamente a militância cirista de ontem pra hoje foi a diferença entre Ciro e Haddad ser menor no Datafolha. Sim, no Ibope era de oito pontos e noutro instituto foi de apenas três. Ou seja: na média ponderada Ciro e Haddad estão tecnicamente empatados.

O que percebo é que a burocracia do PT e a mídia ao seu dispor agiram de forma arrogante. Já colocaram e seguem colocando Fernando Haddad no segundo turno e, desta maneira, superestimam a força de Ciro Gomes e do PDT. Entretanto, temos ainda exatos 17 dias até às eleições. Teremos três importantes debates na televisão até o dia 04/10. Muita campanha de rua e possíveis reviravoltas. Outro dado precioso é o entregue pelo diretor do próprio Datafolha, Mauro Paulino. Ele afirmou recentemente que no pleito de 2014, 23% dos eleitores deixaram para decidir de vez seu voto na última semana; e 9% na véspera da disputa.

Portanto, finalizo minha reflexão com três ditados populares: “O jogo é jogado e o lambari é pescado” ou “O jogo só acaba quando o juiz apita” e, por último, “O exército arrogante perderá a batalha que estava segura”.

Paulo Henrique Faria é jornalista formado e tem pós graduação em História Cultural pela UFG. Mora em Goiânia.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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