Zema apoia Bolsonaro: o Novo já envelheceu

Foto: wamidia

Para quem escreve sobre política há um tempo na Nova República, identificar o cheiro do velho pragmatismo é relativamente tranquilo.

Não que eu seja contra o pragmatismo, muito pelo contrário, mas se é para utilizá-lo que pelo menos seja sincero, essa hipocrisia criou um falso moralismo na política que hoje nos afunda num jogo surreal de disputa eleitoral.

É o caso, por exemplo, que ficou evidente na “jogada” que o candidato ao governo de Minas, Romeu Zema (NOVO-MG), fez para apoiar o candidato a presidência Jair Bolsonaro (PSL-RJ).

Vejam a jogada:  o Novo escreveu que “liberou candidatos para escolherem o apoio“. Contudo, não existe “candidatos” para o partido mas sim candidato, apenas Zema pode ganhar alguma coisa.

Sobre a declaração do candidato de apoio a Bolsonaro nesta quarta-feira (10), a Executiva Nacional do partido disse que o Novo liberou candidatos para escolherem o apoio.

E as contradições ficam mais interessantes: na semana passada, a executiva do partido repreendeu o candidato a governador que chegou a dar entrevista. Zema deu a seguinte declaração:

O partido está decidindo até amanhã à noite e vou acatar porque, no Novo, sou um soldado, o diretório tem total autonomia e isenção, sou cobrado e fiscalizado por eles… Na estrutura do Novo não opino. Sou um executor. Quem vai definir é o diretório. Lógico que vão considerar tudo isso que disse.

Olha a lógica: Zema não opina, é apenas um executor. Daí o diretório do Novo determina a neutralidade, posição que Zema poderia assumir tranquilamente, afinal, disputara os votos do antipetismo de igual pra igual com Anastasia (PSDB-MG).

Mas na prática, a única cadeira para o executivo que o Novo tem chance de ganhar nesse eleição vai apoiar o Bolsonaro. É uma vaga tão importante, que Gustavo Franco, figura carimbada na política brasileira, já chegou pra Minas pra fazer campanha.

Aliás, Amoêdo, hoje a maior liderança partidária do Novo, considera tanto PT quanto Bolsonaro como “velha política”.

Quer dizer, no primeiro grande desafio, o partido que se disse novo, se alia com “a velha política”. Nada como um dia após o outro, para vermos a reabertura da temporada do museu de grandes novidades.

Tadeu Porto: Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil
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