Moro aceita ser ministro da Justiça no governo Bolsonaro

Nada poderia ser mais coerente, do ponto-de-vista da política, do que a participação de Sergio Moro num governo Bolsonaro, como ministro da Justiça ou “indicado” para o STF.

Ambos, Bolsonaro e Moro, batem continência para as mesmas bandeiras…

Entretanto, há muitos aspectos irônicos subliminares. Não resisto e digo um deles: caso aceite uma vaga no STF, é capaz de Moro ser menos antipetista que os ministros indicados pelo… PT.

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No Globo

Sergio Moro não descarta participar do governo Bolsonaro

A interlocutores, magistrado afirma que seria uma forma de afastar temor de parte da sociedade de quebra do Estado Democrático de Direito

Cleide Carvalho
29/10/2018 – 22:36 / 30/10/2018 – 08:12

RIO — O juiz federal Sergio Moro não descarta a possibilidade de aceitar um convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para o Ministério da Justiça e aceitaria de bom grado a indicação para Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista na TV nesta segunda-feira, Bolsonaro afirmou que vai convidar Moro para ocupar uma vaga no Supremo ou no ministério.

A interlocutores, Moro afirma que a vantagem de integrar a equipe do presidente eleito seria afastar o temor de alguns setores da sociedade de algum tipo de quebra do Estado Democrático de Direito.

A escolha do Ministério da Justiça o levaria para Brasília antes, já que a primeira vaga na Suprema Corte será aberta em 2020, quando o ministro Celso de Mello completa 75 anos.

Apesar de não manifestar preferência em relação a Bolsonaro durante a campanha eleitoral, Moro afirmava a interlocutores que a volta do PT ao poder seria inaceitável – para ele, seria como corroborar o esquema de corrupção desmontado pela Lava-Jato. Além disso, criticava a possibilidade de um eventual governo de Fernando Haddad adotar medidas para controle do Judiciário e da mídia.

Moro também via pontos positivos na campanha de Bolsonaro, como a promessa de não lotear os ministérios. Mesmo diante da notícia de que grandes empresas poderiam ter financiado disparos em massa de Whatsapp para o candidato do PSL, manteve a convicção de que o caso poderia ser um erro da campanha, mas não corrupção, já que Bolsonaro poderia não saber do apoio dos empresários feito por fora da campanha oficial.

O juiz da Lava-Jato também diz ter ficado bem impressionado com a atuação do deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro da Casa Civil, durante a tramitação das dez medidas anti-corrupção, proposta pelo Ministério Público Federal (MPF). Argumenta que, mesmo diante da pressão dos demais parlamentares, manteve boa parte do projeto original — embora tenha incluído a possibilidade de juízes e membros do Ministério Público serem denunciados por crime de responsabilidade em caso de abuso de poder.

Em entrevista, Bolsonaro disse que ainda não procurou o magistrado, mas ressaltou que quer agendar a conversa em breve. Pelo menos duas vagas no STF serão abertas nos quatro anos de mandato do capitão da reserva, com as aposentadorias compulsórias dos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello.

— Se tivesse falado isso lá atrás, soaria oportunista. Pretendo sim (convidar Moro) não só para o Supremo, como quem sabe até para o Ministério da Justiça. Pretendo conversar com ele, saber se há interesse e, se houver interesse da parte dele, com toda certeza será uma pessoa de extrema importância em um governo como o nosso — disse Bolsonaro.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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