EUA, Brasil e Venezuela e a mentira da ‘ajuda’ humanitária

Por Gabriel Cassiano*

Acredito e vejo como precipitada a defesa da entrada de “ajuda humanitária” capitaneada pelos EUA na Venezuela, sob qualquer pretexto.

Acho que é muito importante nos atentarmos ao fato de que a ajuda oferecida por figuras deploráveis como Donald Trump, Mike Pence, Mike Pompeo e John Bolton estão recheadas de segundas intenções.

É preciso levar em consideração que caso houvesse uma disposição concreta da oposição venezuelana e dos Estados Unidos em ajudar a população desse sofrido país, esses aceitariam que o transporte dos mantimentos e medicamentos fosse feito por veículos do governo de Caracas ou, até mesmo, desbloqueariam os ativos oriundos da venda de Petróleo da Venezuela que se encontram em contas de bancos internacionais.

Hoje na casa dos 30 bilhões de dólares, esses recursos poderiam ajudar para a estabilização do caos social que essa nação transpassa.

Rússia, China e Cuba estão enviando toneladas de alimentos e remédios para Venezuela, que já estão sendo distribuídos para as regiões mais necessitadas. O atual governo, o qual possuo duras críticas e considero cometedor de erros primários e gravíssimos, ainda possui a legitimidade conferida por eleições internas para definir os rumos da política de relações exteriores do país. Essa mesma legitimidade, dada pelo sufrágio, Guaidó detém para exercer a presidência da Assembleia Nacional ,e não à presidência da república.

A conclusão é a de que a “ajuda humanitária” é a grande causa de tensionamento do conflito venezuelano. Dados os fatores geopolíticos em questão, aquilo que poderia ser um auxílio para uma população carente pode se tornar o estopim para uma guerra civil violenta e sangrenta, o que, posteriormente, desencadearia uma batalha regional atingindo a Colômbia e o Brasil.

Aproveito para fazer um apelo público para que toda a bancada do PDT, e em especial a da juventude representada por Túlio Gadêlha e Tabata Amaral: levem em consideração todas essas questões para que possam, assim, encaminhar para a Câmara Federal um discurso e uma proposta que garantam a solução pacífica desse confronto. Somos o país do Barão do Rio Branco, devemos preservar o nosso histórico diplomático lúcido, eficiente e moderador!

A situação é delicadíssima e muito complexa. Podemos estar a beira de uma escalada bélica na América Latina. A prudência e a mediação são extremamente necessárias nesse momento.

Gabriel Cassiano é estudante de economia da PUC-SP e atual presidente da Juventude Socialista do PDT da cidade de São Paulo. 

Vinicius Costa Martins: Vinicius Costa Martins é jornalista formado pela ESPM/SP
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