Produção de bens de capital para indústria cai 9,5% em janeiro

Os números da indústria nacional continuam muitos ruins. Esse é o ponto nevrálgico da tragédia brasileira. Repare que o índice da produção de bens de capital para a indústria, o supra-sumo do supra-sumo, sofreu a maior queda de todas: 9,5% em janeiro. A vitória de Bolsonaro, tão festejada no mercado financeiro, não trouxe nenhum alento à economia real do país. Muito pelo contrário, pelo jeito.

Abaixo, texto e gráficos publicados no site do IBGE.

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Em janeiro, produção industrial cai 0,8%

Em janeiro de 2019, a produção industrial nacional caiu 0,8% frente a dezembro de 2018 (série com ajuste sazonal),eliminando, assim, a variação positiva de 0,2% observada no mês anterior. Em relação a janeiro de 2018 (série sem ajuste sazonal), a indústria caiu 2,6%, após recuar também em novembro (-1,0%) e dezembro de 2018 (-3,6%).

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Documentos

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O acumulado nos últimos 12 meses ficou em 0,5%, mantendo a perda de ritmo iniciada em julho de 2018 (3,4%). A publicação completa da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) pode ser acessada à direita.

13 dos 26 ramos industriais caíram

No recuo de 0,8% da indústria na passagem de dezembro de 2018 para janeiro de 2019, três das quatro grandes categorias econômicas e 13 dos 26 ramos pesquisados tiveram quedas na produção. Entre as atividades, a influência negativa mais significativa foi de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-10,3%), revertendo, dessa forma, o crescimento de 7,8% acumulado em novembro e dezembro de 2018. Vale destacar os resultados negativos de indústrias extrativas (-1,0%), máquinas e equipamentos (-2,9%), celulose, papel e produtos de papel (-2,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-0,8%), outros equipamentos de transporte (-5,1%), couro, artigos para viagem e calçados (-3,2%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-0,5%).

Por outro lado, entre os 13 ramos que cresceram, os desempenhos de maior relevância vieram de: produtos alimentícios (1,5%), que, com o resultado de janeiro de 2018, acumulou 9,2% em três meses consecutivos de avanço na produção, devolvendo, assim, parte da perda de 10,4% acumulada no período julho-outubro de 2018; bebidas (6,1%), que intensificou o crescimento verificado no mês anterior (1,2%); e outros produtos químicos (3,6%), que eliminou parte da queda de 4,5% registrada nos dois últimos meses de 2018.

Outros impactos positivos importantes foram observados nos setores de produtos do fumo (23,4%), de produtos de metal (3,2%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,7%) e de produtos têxteis (4,0%).

Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação a dezembro de 2018, bens de capital (-3,0%) teve a queda mais acentuada em janeiro, seu terceiro resultado negativo consecutivo, acumulando redução de 10,2% no período. Bens de consumo semi e não-duráveis (-0,4%) e bens intermediários (-0,1%) também recuaram no mês, com o primeiro revertendo o avanço de 0,4% de dezembro de 2018, quando interrompeu a série de quedas iniciada em julho de 2018 (-3,9%); e o segundo interrompendo dois meses consecutivos de alta, período em que acumulou ganho de 1,3%. Por outro lado, bens de consumo duráveis (0,5%) teve a única taxa positiva, eliminando parte da perda de 5,2% acumulada nos dois últimos meses de 2018.

Média Móvel Trimestral varia -0,2%

Ainda na série com ajuste sazonal, a média móvel trimestral para a indústria variou -0,2% no trimestre encerrado em janeiro de 2019 frente ao nível do mês anterior, após variar 0,1% em dezembro de 2018, quando interrompeu a trajetória descendente iniciada em agosto de 2018.

Entre as grandes categorias econômicas, ainda nessa comparação, bens de capital (-3,5%) teve a queda mais intensa em janeiro de 2019, que se junta às perdas observadas em novembro (-1,9%) e dezembro de 2018 (-2,4%). Bens de consumo duráveis (-1,6%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-0,3%) também recuaram, ambos no seu quinto mês seguido de queda e acumulando no período redução de 8,1% e 3,0%, respectivamente. Por outro lado, bens intermediários (0,4%) registrou a única expansão em janeiro de 2019, o segundo avanço consecutivo nessa comparação, acumulando 0,6% nesse período.

Indústria cai 2,6% em relação a janeiro de 2018

Na comparação com janeiro de 2018, a indústria recuou 2,6% em janeiro de 2019, com quedas nas quatro grandes categorias econômicas, 18 dos 26 ramos, 50 dos 79 grupos e 58,5% dos 805 produtos pesquisados. Vale citar que janeiro de 2019 (22 dias) teve o mesmo número de dias úteis que igual mês do ano anterior (22).

Entre as atividades, produtos alimentícios (-4,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-22,5%) e máquinas e equipamentos (-10,3%) exerceram as maiores influências negativas, pressionadas, em grande medida, pela menor fabricação dos itens tortas, bagaços, farelos e outros resíduos da extração do óleo de soja, açúcar cristal, VHP e refinado de cana-de-açúcar, sucos concentrados de laranja, óleo de soja em bruto, balas e pastilhas, rações e carnes e miudezas de aves frescas ou refrigeradas, na primeira; medicamentos, na segunda; e máquinas para o setor de celulose, rolamentos de esferas, agulhas, cilindros ou roletes para equipamentos industriais, máquinas para colheita e suas partes e peças, aparelhos de ar-condicionado de paredes e de janelas (inclusive os do tipo split system), tratores agrícolas, motoniveladores, máquinas para extração ou preparação de óleo, turbinas e rodas hidráulicas, máquinas para o setor de material plástico, máquinas portáteis para furar, serrar, cortar ou aparafusar, partes e peças de motores para máquinas industriais e refrigeradores, vitrinas, câmaras frigoríficas e semelhantes para uso industrial ou comercial, na última.

Outras contribuições negativas relevantes vieram de: veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,7%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-10,2%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-14,2%), metalurgia
(-2,7%), celulose, papel e produtos de papel (-3,9%), produtos de madeira (-8,2%), outros equipamentos de transporte (-8,7%) e produtos de borracha e de material plástico (-2,6%).

Ainda no confronto com igual mês de 2018, bens de capital (-7,7%) e bens de consumo duráveis (-5,5%) apresentaram, em janeiro de 2019, as reduções mais acentuadas entre as grandes categorias econômicas. Bens de consumo semi e não-duráveis (-2,9%) também registrou queda mais elevada do que a média nacional (-2,6%), enquanto o segmento de bens intermediários (-1,3%) teve a taxa negativa menos intensa.

Bens de capital (-7,7%) registrou em janeiro de 2019 a segunda queda seguida, a mais intensa desde outubro de 2016 (-8,2%). Na formação do índice desse mês, o segmento foi influenciado, em grande medida, pela queda no grupamento de bens de capital para equipamentos de transporte (-6,9%), pressionado, principalmente, pela menor fabricação de veículos para transporte de mercadorias, caminhão-trator para reboques e semirreboques, aviões e vagões de passageiros e para transporte de mercadorias. As demais quedas foram registradas por bens de capital para fins industriais (-9,5%), agrícolas (-6,9%), para construção (-3,9%), para energia elétrica (-0,9%) e de uso misto (-2,3%).

O segmento de bens de consumo duráveis recuou 5,5% em janeiro de 2019 frente a igual período do ano anterior, marcando, dessa forma, a terceira taxa negativa consecutiva nessa comparação, mas com queda menos acentuada do que a do mês anterior (-13,6%). Nesse mês, o setor foi particularmente pressionado pela redução na fabricação de automóveis
(-3,8%) e de eletrodomésticos da “linha marrom” (-13,6%). Vale citar também os recuos assinalados por móveis (-5,1%) e outros eletrodomésticos (-9,6%). Já os principais impactos positivos foram em eletrodomésticos da “linha branca” (1,1%) e motocicletas (3,6%).

Ainda nessa comparação, bens de consumo semi e não-duráveis recuou 2,9% em janeiro de 2019, terceira taxa negativa consecutiva e a mais intensa dessa sequência. O desempenho nesse mês deve-se principalmente à queda verificada em não-duráveis (-9,2%), pressionado, em grande parte, pela menor fabricação de medicamentos. Vale citar também os resultados negativos nos subsetores de carburantes (-8,1%) e de semiduráveis (-2,8%), influenciados, sobretudo, pelos recuos registrados nos itens gasolina automotiva e álcool etílico, no primeiro; e calçados de plástico moldado, calçados de material sintético feminino, cds, calças, bermudas, jardineiras, shorts e semelhantes de malha de uso feminino, tapetes e outros revestimentos para pavimentos, dvds, vestuário e seus acessórios de malha para bebês, roupas de banho de tecidos de algodão, calças compridas e garrafas térmicas, no segundo.

Por outro lado, o grupamento de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (1,0%) apresentou a única taxa positiva nessa categoria, impulsionado, principalmente, pela expansão na produção de cervejas, chope, sorvetes e picolés, refrigerantes, carnes de bovinos congeladas e bombons e chocolates em barras.

Já bens intermediários caiu 1,3% em janeiro de 2019 frente a janeiro de 2018, mantendo o comportamento negativo dos últimos quatro meses de 2018: setembro (-2,8%), outubro
(-0,6%), novembro (-1,4%) e dezembro (-2,7%). O resultado desse mês foi explicado, principalmente, pelos recuos nos produtos associados às atividades de produtos alimentícios (-10,5%), de máquinas e equipamentos (-12,7%), de metalurgia (-2,7%), de celulose, papel e produtos de papel (-4,5%), de produtos de borracha e de material plástico (-1,8%), de produtos têxteis (-3,6%) e de veículos automotores, reboques e carrocerias (-0,2%), enquanto as pressões positivas foram registradas por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,0%), produtos de metal (5,5%), indústrias extrativas (1,0%), outros produtos químicos (0,4%) e produtos de minerais não-metálicos (0,2%).

Ainda nessa categoria econômica, vale citar também os resultados assinalados pelos grupamentos de insumos típicos para construção civil (-0,3%), que registrou a terceira queda seguida, mas a menos intensa dessa sequência; e de embalagens (2,3%), que voltou a crescer após recuar 2,6% no mês anterior, quando interrompeu seis meses de taxas positivas consecutivas nesse tipo de comparação.

Texto e tabelas publicados na Agência IBGE Notícias

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