PDT e PSB devem expulsar os deputados que votaram a favor da reforma da Previdência?

Sem dúvidas.

Não há justificativa plausível para parlamentares de dois partidos de centro-esquerda acompanharem a nata do conservadorismo em um ataque sem precedentes aos direitos previdenciários dos trabalhadores brasileiros. Ainda mais quando ambos os partidos haviam fechado questão contra o projeto.

PSB e PDT deflagrarão processos contra os deputados que votaram com o governo em suas respectivas comissões de ética.

Carlos Siqueira, presidente do PSB, disse que “A referência que nós temos é o que aconteceu no final da legislatura passada, quando 13 votaram a favor da reforma trabalhista. Todos foram expulsos”.

Outro Carlos, o Lupi, presidente do PDT, ponderou que o STF garante que o parlamentar continue com o mandato caso seja expulso, mas afirmou também que “não adianta ter deputado que não vote com a coerência de uma decisão majoritária tomada, inclusive com a presença deles… inclusive, a maioria dos deputados que votaram contra a posição do partido estava na reunião e aprovou a decisão unânime (de fechamento de questão)”.

Ciro Gomes, em entrevista à Rádio Guaíba, disse que o voto da pedetista Tabata Amaral é “indesculpável” e que quem votou a favor da reforma deveria “pedir para sair” do partido. Falou, inclusive, que a postura de Tabata foi arrogante ao declarar seu voto favorável à reforma.

Se Tabata apresentava algumas opiniões progressistas mescladas com outras liberais/conservadoras, seu voto favorável ao ataque à Previdência pública a empurra com força para a direita. Uma pena.

A permanência de deputados indisciplinados que se alinham a um governo de extrema-direita em um projeto profundamente antipopular sairá muito mais caro, para PSB e PDT, do que a possível diminuição nas suas bancadas e a consequente perda de verba do fundo partidário. Não há meio-termo ou contemporização possíveis diante da aprovação de um projeto que causará tamanho impacto negativo na vida das pessoas.

Levando-se em conta o objetivo destas agremiações de reconstruírem suas unidades partidárias em torno de um projeto popular de centro-esquerda, perdas imediatas são compensadas pela manutenção da coerência e pela emissão de um duro recado para futuros aventureiros de que comportamentos desse tipo não serão tolerados. Além disso, e principalmente, demonstram para os eleitores que os partidos têm lado – e que este não é o mesmo de Bolsonaro, Rodrigo Maia e outros delinquentes engravatados que comemoram o assalto à renda de milhões de brasileiros já esmagados pela crise econômica.

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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