4 meninas são estupradas por hora no Brasil

O Forum Nacional de Segurança Pública publicou hoje o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019, com dados compilados até 2018. Você pode baixar a íntegra aqui.

Eu separei alguns gráficos e o editorial. O texto e o gráfico com o histórico da taxa de crimes violentos no país mostram que não há nada a comemorar.

O Brasil continua com um dos mais altos índices de morte violenta do mundo.

Ocorre que o fenômeno debatido em torno do conceito de “ergodicidade” também vale para as taxas de morte. O que significa?

As mortes são finitas. Tem morrido tanta gente em nossas periferias que, de vez em quando, há um esgotamento. Algo do tipo: começa a faltar gente para cometer crimes, de um lado, e para ser morto, de outro.

Matar tem um custo alto: o assassino é preso, ou precisa fugir, ou tem que enfrentar vingança da gang adversária. Do lado das vítimas, o perfil preferencial, o jovem negro com menos de 30 anos, morador da periferia, também começa a escassear.

Então se vê uma oscilação para baixo do número de mortes, porque o sistema precisa “renovar” suas vítimas. Uma nova geração de jovens precisa  ainda amadurecer, antes de ser oferecida em sacrifício às estatísticas crescentes de segurança pública.

De qualquer forma, 57,3 mil brasileiros mortos violentamente em 2018, ou 27,5 pessoas mortas a cada 100 mil habitantes, ainda é um número vergonhoso.

Para efeito de comparação, a taxa de homicídios intencionais nos Estados Unidos, segundo ranking no wikipédia com os números oficiais mais recentes, é de 4,88 pessoas mortas por 100 mil habitantes; da Argentina, 6,53; França, 1,58; China, 0,74.

Os números mostram que a violência no Brasil é, de longe, uma das maiores do planeta, maior do que a de países com forte instabilidade política, às vezes com guerra civil. A taxa de homicídios intencional na Síria, por exemplo, é de 2,23 pessoas mortas por 100 mil habitantes; no Iraque, 8,0; na Líbia, 2,49

De novo, a taxa de homicídio intencional no Brasil em 2018 ficou em 27,5 pessoas mortas por 100 mil habitantes.

Outros números do relatório também mostram deterioração do quadro. A violência sexual, por exemplo, aumentou fortemente em 2018: 66 mil brasileiros, 82% mulheres, foram estuprados em 2018. Mais da metade, 54%, foram crianças com menos de 13 anos.

Em relação ao ano anterior, houve um aumento de 4%.

Segundo o relatório, 4 meninas de até 13 anos são estupradas por hora no Brasil.

Redação:
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