No discurso e nas ruas: a violência fascista faz seu trottoir

Foto: Imprensa FUP

A violência travestida faz seu trottoir é uma das músicas que mais gosto dos Engenheiros do Hawaii, escuto desde muito novo. Foi escutando e me aprofundando na letra, por exemplo, que passei a questionar mais as violências estruturais do Brasil.

Dada a realidade de hoje já não acho exagero argumentar que essa violência travestida aparenta cada vez mais método semelhantes aos regimes fascistas do século passado. Por exemplo, tivemos um discurso do ex-secretário de Cultura que assustou muito gente no Brasil, a ponto de sensibilizar os presidentes da câmara e do STF.

É sabido que aquele vídeo é apenas a ponta de um Iceberg que move esse desejo pelo autoritarismo e que pode levar o país a um regime verdadeiramente neofascista.

Um exemplo de como essa política pode reverberar nas micro estruturas democráticas do país, foi a maneira com que a Petrobrás/ANSA recebeu trabalhadores e trabalhadoras para discutir o futuro da Fábrica de Fertilizantes de Araucária.

Segundo consta em ata do próprio MPT, o procurador nunca tinha presenciado tamanho constrangimento, mesmo trabalhando há anos no local.

O perfil da FUP no Twitter publicou um vídeo comentando o caso:

Vejam, se os trabalhadores não poderem se organizar minimamente para defender/construir uma relação de trabalho mais justa, será muito difícil buscar um equilíbrio entre o interesse do empregador e dos próprios empregados.

A gestão de uma empresa pode conhecer de números, metas, expectativa de mercado. Mas o trabalho em si quem realiza é a mão de obra. É esperado que o próprio humano que realiza o trabalho tem a noção mais próxima dos impactos práticos que o trabalho traz.

Se a cada organização dos trabalhadores de uma empresa (que possui o lucro do trabalho dos próprios) a companhia puder contratar forças para intimidar nos campos de negociação, estaremos lidando diretamente com uma disputa desequilibrada pela violência.

Vale lembrar que negociar está no cerne da sociedade. Do mercado à política, em qualquer esfera, estamos o tempo todo discutindo entre a gente tentando obter resultados comuns.

Assim, se a coerção se torna ferramenta de disputa e se espalha para as demais estruturas temos a violência como método social que, alinhada com outros fatores como levaria a uma ideia renovada de fascismo. A essência do desejo autoritário e violento, com características do século atual.

O vídeo assustou, de fato, mas não é a única manifestação autoritária que temos. Se houve uma sensibilização a ponto de derrubar o secretário, ela parece não ser suficiente contra os demais avanços da violência institucional.

E pode ser que cheguemos a um ponto onde não tenha mais volta e será tarde demais para retomar algum eixo democrático e a ruptura virá pela direita.

Tadeu Porto: Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil
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