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Manifestações em Hong Kong: uma narrativa contra hegemônica

Por Tatiana Ferreira* Com base em entrevista com a Cônsul Geral da China no Recife, a reportagem elucida dúvidas frequentes sobre o conflito em Hong Kong Nos últimos meses, muito se fala sobre o sistema social e econômico da República Popular da China nos meios de comunicação de massa e na internet. No fervor desse […]

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Manifestantes em Hong Kong foram às ruas neste domingo (29) segurando cartazes com as palavras 'anti-Chinazi', combinando elementos da suástica nazista com bandeira da China. — Foto: Kin Cheung/AP

Por Tatiana Ferreira*

Com base em entrevista com a Cônsul Geral da China no Recife, a reportagem elucida dúvidas frequentes sobre o conflito em Hong Kong

Nos últimos meses, muito se fala sobre o sistema social e econômico da República Popular da China nos meios de comunicação de massa e na internet. No fervor desse debate, um assunto se destaca: os protestos que abalaram a Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK). Sob a premissa de defender os direitos humanos e a democracia, manifestantes encheram as ruas da cidade e se levantaram contra o governo chinês. No Brasil, a grande mídia repercutiu a narrativa alinhada com a leitura norte americana sobre o caso e endossou o discurso de uma China opressora.

Para compreender o que está acontecendo em Hong Kong, é preciso entender um pouco da sua história e das verdadeiras razões que levaram os opositores a protestar. Tudo começa quando o governo imperial da antiga dinastia Qing assina três tratados com a Grã-Bretanha sobre a questão da cidade: o Tratatado de Nanquim em 1842, a Convenção de Pequim em 1860 e a Convenção para a Extensão do Território de Hong Kong em 1898. De acordo com a última convenção, o prazo de arrendamento era de 99 anos – ou seja, até 30 de Junho de 1997. O governo chinês recuperou a soberania da localidade, a qual foi colônia britânica por mais de 150 anos, no dia seguinte ao encerramento do acordo.

Desde o retorno da província à soberania chinesa, os sistemas sociais e econômicos de Hong Kong, assim como o estado de porto franco, o centro financeiro e de comércio internacional não sofreram alterações. Sob a Lei Básica (formulada de acordo com a Constituição e que estipula os sistemas e políticas implementadas), a vida original da população local também permanece inalterada. Por exemplo, Hong Kong ainda tem feriados de Páscoa, aniversário de Buda e Natal. Todas as noites de quarta-feira ou nas tardes de domingo, as pessoas ainda vão ao campo de corrida de cavalos para fazer apostas.

“Temos uma expressão muito vívida: o estoque continua a negociar-se, as corrida de cavalo continuam a realizar-se e nós continuamos a dançar”, comenta a Cônsul Geral da República Popular da China no Recife, Yan Yuqing. Outro sucesso reconhecido internacionalmente é a aplicação da política “Um País, Dois Sistemas”. Com sua implementação, os direitos e a liberdade dos residentes não foram reduzidos, pelo contrário: estão ainda mais garantidos do que durante o período colonial britânico.

“Durante os 20 anos de retorno de Hong Kong à China, os extremistas radicais, sob a manipulação de certas forças estrangeiras, têm organizado várias tentativas de prejudicar a prosperidade e estabilidade da cidade e subvertem a política de ‘Um País, Dois Sistemas’. Essas manifestações violentas são provas claras disso”, revela a Cônsul, Yan Yuqing, sobre a influência externa na organização e estruturação desses protestos.

De acordo com as notícias disseminadas pela mídia brasileira, o estopim para a onda de manifestações foi a suposta “facilitação de extradição para a China Continental”. Apesar de o projeto de lei ter sido proposto pelo próprio governo de Hong Kong, os defensores dos protestos e figuras influentes declararam sentir receio que essa medida enfraquecesse o marco legal. Com essa suposta fragilidade, foi levantado que a população estava com medo que cidadãos estrangeiros que passassem pela cidade pudessem ser julgados nos tribunais da China Continental.

A versão oficial é que um habitante de Hong Kong fugiu para casa após assassinar a sua namorada grávida em Taiwan, porém Hong Kong não tem jurisdição sobre o caso. A fim de transferir o suspeito para Taiwan e julgá-lo, o governo de Hong Kong propôs alterar a Portaria de Ofensores Fugitivos para permitir que Hong Kong conduza suspeitos de transferências especiais para a China Continental. Afinal Macau e Taiwan ainda não assinaram acordos sobre transferência de fugitivos. Ou seja, ao contrário de “enfraquecer fundamentos do Estado de Direito”, a emenda da portaria visa tapar brechas legais e impedir que Hong Kong se torne um “paraíso dos fugitivos”. Portanto, essa prerrogativa é falsa.

Segundo a explicação da Cônsul chinesa no Recife, Yan Yuqing, o sistema político da RAEHK é um Sistema de Responsabilidade do Chefe Executivo. Isso quer dizer que os poderes executivo e judiciário são independentes, mas limitados e com colaboração mútua. O mesmo ocorre com o legislativo. Vale ressaltar que o governo da RAEHK está sob a liderança do governo central da China e seu nível de administração é equivalente ao das províncias, regiões autônomas e municípios. No entanto, possui um alto grau de autonomia e poderes independentes. Além disso, tem o poder de revisão final e emissão de moeda.

Com exceção da defesa nacional, diplomacia e outros poderes estipulados por lei, a RAEHK também pode participar de assuntos internacionais e assinar acordos com outros países em nome de “Hong Kong da China”. “Se Hong Kong não for chamado de ‘região autônoma’, não consigo pensar em outro termo para denominar”, expressa a Cônsul, Yan Yuqing. “A prática prova que ‘Um País, Dois Sistemas’ é a melhor solução para o problema de Hong Kong e o melhor sistema institucional para manter a prosperidade e estabilidade a longo prazo após o retorno”, conclui.

Já em relação a tentativa dos Estados Unidos (EUA) em corroborar com a narrativa que enquadra a China como opressora dos direitos humanos e das liberdades individuais, o governo chinês compreende que as manifestações foram violentas e incapazes de levantar tais bandeiras. Segundo informações fornecidas pelo Consulado Geral da China no Recife, os manifestantes excederam os limites de protestos pacíficos, bloquearam o Conselho Legislativo, a sede da polícia e estradas. Além disso, quebraram lojas e violentaram agentes da polícia.

“Se isso acontecesse nos EUA, tenho certeza que a polícia norte americana empunharia armas para se defender sem hesitar. Eles possuem padrões duplos na área de direitos humanos”, analisa a Cônsul, Yan Yuqing. Apesar dessa situação, o governo chinês concluiu a primeira fase do acordo econômico-comercial com os EUA e espera que o o governo norte americano esteja no mesmo sentido que a China. “Sob o importante consenso alcançado pelos dois chefes de estado, os Estados Unidos devem resolver as divergências com base no respeito e expandir a cooperação baseada no benefício mútuo – promovendo as relações sino-americanas mais coordenadas, cooperativas e estáveis. Acredito que isso é uma boa notícia para outros países do mundo, incluindo o Brasil”, declara.

* jornalista e diretora de comunicação da FLB-AP de Pernambuco.

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Comentários

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15/02/2020 - 22h03

– O atual governador da Bahia, Rui Costa, não só mantém fortíssimos laços de amizade com bandidos condenados em segunda instância, como também lhes presta homenagens, fato constatado pela sua visita ao presidiário Luís Inacio Lula da Silva, em Curitiba, em 27 junho de 2019.

– Este Presidente, ao inaugurar o aeroporto de Vitória da Conquista em 23 de julho de 2019, teve negada, por parte do governador, a presença da Polícia Militar da Bahia, para prestar apoio nas medidas de segurança para a população.

– A atuação da PMBA, sob tutela do governador do Estado, não procurou preservar a vida de um foragido, e sim sua provável execução sumária, como apontam peritos consultados pela revista Veja. É um caso semelhante à queima de arquivo do ex-prefeito Celso Daniel, onde seu partido, o PT, nunca se preocupou em elucidá-lo, muito pelo contrário.

– O então tenente Adriano foi condecorado em 2005. Até a data de sua execução, 09 de fevereiro de 2020, nenhuma sentença condenatória transitou em julgado em desfavor do mesmo.

– É irônico o governador petista falar de más companhias quando, nos últimos anos, seus principais dirigentes nacionais foram condenados e presos na Operação Lava Jato.

– Os brasileiros honestos querem os nomes dos mandantes das mortes do prefeito Celso Daniel, da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, do ex-capitão Adriano da Nóbrega, bem como os nomes dos mandantes da tentativa de homicídio de Jair Bolsonaro.

PRESIDENTE JAIR BOLSONARO

2038 a esquerdalha desgraçada, a imundícia, o lixo, a desgraça talvez volta ao poder…. até lá queimem no inferno !!!

    Samuel Honda

    17/02/2020 - 07h04

    Não é nada de duvidar essa porcalha ter mandado matar a senhora Mariele para criar uma narrativa contra alguém, todas as hipóteses estão na mesa. Puxar uma faca no peito do adversário ou mandar matar alguém não faz nenhuma diferença, é a mesma idêntica coisa. A maluquice e a sede de poder dessa gentalha não tem limites.

Andressa

15/02/2020 - 08h36

A China daqui alguns anos serà um problema de proporçoes mundiais, na verdade jà é.

    Gilmar Tranquilão

    15/02/2020 - 12h14

    As mula pira!!! kkkkkkkkkkkkk

Paulo

14/02/2020 - 22h22

Tatiana, aceite um conselho: não seja ingênua! Entrevistou uma cônsul de um país que busca consolidar-se politicamente, na diplomacia internacional, e para tanto necessita radicalmente alterar a percepção que os ocidentais têm do país, ainda muito ligado ao massacre da Praça da Paz Celestial. Veja o caso do médico que tentou alertar os colegas sobre os riscos do coronavírus! A China pode ser tudo, inclusive um sucesso econômico, mas está ainda bem distante de ser uma democracia de feição liberal, com garantias de direitos individuais, eleições livres e regulares, liberdade de imprensa e separação plena de poderes…

Abdel Romenia

14/02/2020 - 22h04

” corroborar com a narrativa que enquadra a China como opressora dos direitos humanos e das liberdades individuais,” … Narrativa ?

Vocês não são gente, são animais.

Evandro Garcia

14/02/2020 - 22h01

Esquerdismo a moda tupiniquim é um transtorno mental.

sucupira

14/02/2020 - 21h26

Lindo esse bla bla bla mas não engana ninguém.

Em Hong Kong respiraram um sopro de democracia e ao mesmo tempo sabem muito bem o que é a China…o resto é papo.

Só esquedista brasileiro para gostar de ditaduras, que desgraça sem fim, que lixo imundo que vocês são.


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