Mario Heringer: temos que ser uma alternativa política independente e original

Fonte: Wikipedia.

O deputado Mario Heringer (PDT-MG) nos enviou artigo onde explica porque, em sua opinião, o agrupamento de legendas reunido sob o movimento Janelas pela Democracia não deveria ter permitido a entrada do Partido dos Trabalhadores.

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Mario Heringer: Por que devemos manter distância do PT?

Por Mario Heringer*

Alguns amigos da “turma boa”, apelido informal que damos a militância maravilhosa que floresce ao redor do projeto nacional de desenvolvimento(PND), ficaram chateados comigo porque eu externei a opinião de que a entrada do PT no movimento “Janelas pela Democracia” acabaria por prejudicá-lo.

Primeiro, vamos pôr as emoções de lado. O que está em jogo é o futuro de um país com 210 milhões de habitantes. O nosso futuro! Emoções são fundamentais para a política, mas nossas decisões precisam ser baseadas no debate racional.

Reconheço ter incluído emoção no post.

Em segundo lugar, vamos tomar cuidado para não cair no mesmo erro que alguns setores autointitulados de “esquerda” cometem o tempo todo, que é produzir um ambiente autoritário, onde a discordância é tratada com agressividade. Se queremos ser uma alternativa política, precisamos ser tolerantes com nossos companheiros que discordam, e digo isso, neste caso, em defesa própria, porque eu discordo veementemente de qualquer associação nossa com o PT.

Isso ocorre por uma razão simples: o que tem sido a nossa novidade, o que faz um número crescente de pessoas se interessar por nossas ideias é justamente o fato de estarmos construindo uma alternativa política independente e original.

Como faremos isso se nos associarmos ao PT?

O recado dos eleitores brasileiros em 2018 não poderia ser mais direto: eles não querem mais o PT no poder. Se a oposição ao governo Bolsonaro deixar que o PT se infiltre em nosso movimento, e tente assumir, como sempre faz, um papel hegemônico, isso irá destruí-lo politicamente, porque não seremos mais novidade. Sufocaremos ou deixaremos sufocar “o dever da esperança”.

Uma das causas da derrota do nosso projeto em 2018 foi justamente a confusão, na cabeça do eleitor, entre nossas ideias e aquelas representadas pelo PT.

É preciso combater essa confusão: o PT tem o projeto deles, focado no assistencialismo e na cooptação. Nós temos o nosso, focado na emancipação do povo, numa inclusão social equânime, e na transformação  de toda a nossa estrutura produtiva e educacional.

Não é, portanto, por sectarismo que devemos nos manter afastados do PT. É por foco no resultado futuro. É por respeito ao povo.

O eleitor quer novidade, e o PT representa o atraso e a frustração mais recente. Definitivamente o PT não é mais novidade.

Além do mais, os dirigentes petistas, seus blogs e sua militância agridem Ciro Gomes, nossa militância, e o nosso projeto todos os dias, sem descanso, desde 2018! A campanha de destruição que o PT promove contra Ciro Gomes é uma coisa terrível, o que é mais um motivo para nos mantermos o mais longe possível dessa legenda.

Na cabeça da maioria esmagadora do eleitorado brasileiro, o PT se tornou sinônimo de corrupção, e mesmo que se admita que houve algum excesso do judiciário, é fato que diretorias estratégicas da Petrobras e de inúmeras outras estatais foram entregues a corruptos, com propósito de roubar e de manter o projeto petista no poder.

Essa é a razão principal do antipetismo ainda ser uma força hegemônica na sociedade.

Nós somos diferentes. Temos um projeto diferente. E temos que nos manter assim. “Diga-me com quem andas e dir-te-ei quem és”.

Se o PT quiser fazer um movimento contra Bolsonaro, que o faça. Ninguém o proíbe. Mas não vejo sentido em andarmos lado a lado. Isso não ajuda o nosso movimento, e a bem da verdade, ajuda Bolsonaro, que pode apontar para todos nós e nos chamar de “petistas”, neutralizando nossa capacidade de comunicação com a sociedade.

Então, com todo o respeito a quem pensa diferente, minha opinião é de que devemos seguir o velho ditado popular: “antes só do que mal acompanhado”!

* Mario Heringer é médico e deputado federal (PDT-MG).

Redação:
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