Túlio Ribeiro: PT apoia Lula em 2022 para repetir Haddad candidato?

Por Tulio Ribeiro, exclusivo para O Cafezinho

As eleições de 2020 apresentaram um novo desafio ao Partido do Trabalhadores diante de uma resultado negativo, perda de capilaridade e de sua base social.

Entrementes, o partido nega a realidade no momento que se mostra mais adversa. E tenta emplacar a narrativa de que sua derrota foi, na verdade, uma vitória.

Segundo a leitura petista verbalizada pelo ex-prefeito de São Paulo em sua coluna na Folha de São Paulo, o PT “é um fenômeno social não replicável, forjado a partir da luta social, reuniu pessoas advindas do novo sindicalismo, das comunidades eclesiais de base e da universidade”. Este pensamento é base do hegemonismo que afasta da capacidade de negociação franca com o campo progressista.

A razão é que ao recorrer à defesa do ex-presidente Lula da Silva, impedido injustamente de se candidatar, tenta-se repetir a estratégia já derrotada em 2018, de impor a candidatura de Fernando Haddad. O ex-ministro procura promover a ideia que seu partido teria uma posição “única”, inatingível por outras forças progressistas:

“O erro de alguns progressistas não petistas é imaginar que o enfraquecimento do PT vai lhes favorecer. O lugar que o PT ocupa no espectro ideológico não é ideal, mas materialmente construído. Não é um espaço natural à espera de um hóspede, mas um espaço socialmente conquistado.”

O esforço do petismo de atribuir tudo aos ‘outros’ e não entender a nova postura do eleitor, se vale do discurso repetido de perseguição e uma inculpabilidade pelo resultado das urnas.

Procura encontrar uma matemática criativa a tentativa de manutenção de seu legado eleitoral, mesmo caindo das 652 prefeituras em 2012, para 256 em 2016 e 183 em 2020, o que permite ao partido administrar apenas 2,9% da população via prefeituras. O argumento petista é que manteve os 6 milhões de votos, mesmo passados quase dez anos, seria uma visão similar a que mesmo mantendo sua votação em 2022 para deputados perdesse 50% dos seus deputados e ampliado a mesma proporção de suplentes.

Segundo Haddad ,”o PT é sua militância”. Nesta definição encontramos a razão para esforço de comunicação em amenizar a derrota. Corroída sua base eleitoral, sindical e com participação cada vez mais difusa em movimentos sociais, perder estes seria o golpe final .

Lembrando que as disputas municipais são as que mais exigem dos apoiadores. No Brasil, existe ainda uma significado especial, muitos prefeitos serão os futuros deputados federais.

Perdurando nesta lógica, é natural que defenda a candidatura de Lula, o qual, mesmo livre, foi pouco usado nas campanhas, para tentar manter parte de seus ativistas, mesmo que a estratégia seja repetir o nome do ex-ministro para 2022.

Outro argumento é negar o resultado da centro-direita, mesmo o PSD (654),DEM (464), MDB (784), e PSDB (520) controlando em torno de 44% das prefeituras. Segundo o PT, a vitória estaria com a direita, numa máxima que se o bolsonarismo cresceu com o antipetismo, agora o PT tem esperança de ressurgir como se fosse a única força que pudesse vencer o atual presidente. Fato que está longe da verdade, a rejeição ao PT perdura, mesmo superado o momento mais acentuado do ódio político.

Deste modo, mesmo que as análises criativas estejam longe do final, o que se apresenta é tentativa do PT repetir em 2022 a mesma frase de 2018: Lula é Haddad e Haddad é Lula.

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