Valor/Atlas Político traz Ceará para o xadrez eleitoral de 2022

Uma pesquisa do Atlas Político feita entre eleitores do Ceará nos oferece vários elementos para entender algumas virtudes e defeitos dos principais candidatos a presidência da república.

Lula mantém seu prestígio intacto no Nordeste. No Ceará, o ex-presidente tem 51% dos votos no primeiro turno. E apenas não chega a 70% ou 80% porque o Ceará abriga também uma outra liderança nacional, Ciro Gomes, que tem seus respeitáveis 23,3%.

Bolsonaro também fincou pé no estado. Seus 22% são igualmente respeitáveis, sobretudo se os compararmos aos 2% de João Dória.

Os números de segundo turno deixam bem claro que Lula e Ciro, apesar de hoje posarem como adversários ferozes um do outro, vêem seus eleitores caminharem juntos no segundo turno contra Bolsonaro.

O atual presidente perderia no segundo turno de 72% X 21% para Ciro Gomes, e de 67% x 23% de Lula.

Ou seja, Bolsonaro não cresce um mísero voto do primeiro para o segundo turno. Seus 22% no Ceará constituem um teto.  Cem por cento dos eleitores de Ciro no primeiro turno migram para Lula no segundo turno, e vice-versa.

A pesquisa não é, todavia, boa notícia para a candidatura de Ciro Gomes, por colocar em evidência algumas de suas principais vulnerabilidades. A maior delas é que seu próprio berço político, onde ele tem mais força, é um estado o ex-presidente Lula é ainda mais forte que ele.

Lula, por sua vez, é um articulador pragmático, e seu encontro com Eunício Oliveira, principal adversário dos Ferreira Gomes no estado, mostrou que ele não poupará esforços para neutralizar o principal concorrente em sua própria casa.

A pesquisa no Ceará impõe também dificuldades a uma terceira via pela centro-direita (Doria, Eduardo Leite, Mandetta), porque ela mostra que essas forças, quando se trata de uma candidatura nacional, ainda estão bloqueadas no Nordeste. Tasso Jereissati é o único que teria uma performance digna no Ceará, porém fica bloqueado pela presença de Ciro, que tem o dobro de votos do tucano.

Outro assunto na mesa da política cearense é o governo do Estado. O atual governador, Camilo Santana (PT), é muito bem avaliado. Segundo a mesma pesquisa, ele tem 60% de aprovação. Poderia conquistar tranquilamente uma vaga ao Senado, mas terá que se acotovelar com Eunício Oliveira (MDB), que já adiantou que brigará pelo posto.

Camilo Santana tem a vantagem de ter apoio, amizade e respeito das duas principais lideranças do estado, posição que cultiva com o talento de um equilibrista.

O PDT cearense, por outro lado, não tem do que reclamar, pois em 2020, a legenda, que já era a que tinha mais prefeitos, cresceu ainda mais, além de manter a capital.

A legenda agora considera que é o momento de governar o estado. Seu candidato deve ser o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio.

Quanto ao PT, o encontro de Lula com Eunício, além de várias declarações de dirigentes da sigla, já deixaram mais ou menos claro que o PT apostará todas as suas fichas em seu principal trunfo, que é a candidatura presidencial de Lula, que hoje lidera as pesquisas, com vantagem crescente sobre Bolsonaro.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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