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A entrevista de Ciro à Globo e as lições de Schumpeter

Schumpeter explica, no capítulo 2 de Capitalismo, Socialismo e Democracia, que teria de fazer uma coisa em geral muito desagradável aos militantes de uma causa. “Eles [os militantes] se ressentem naturalmente da análise fria do que, para eles, é a própria fonte da verdade”.  O cuidado e o talento de Schumpeter consiste em construir uma […]

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Schumpeter explica, no capítulo 2 de Capitalismo, Socialismo e Democracia, que teria de fazer uma coisa em geral muito desagradável aos militantes de uma causa.

“Eles [os militantes] se ressentem naturalmente da análise fria do que, para eles, é a própria fonte da verdade”. 

O cuidado e o talento de Schumpeter consiste em construir uma crítica a Marx e ao marxismo sem fazer com que seus leitores de esquerda, que aquela altura já tinham posto o velho pensador alemão num altar intocável, se irritassem ao ponto de abandonar o livro. Schumpeter costura uma delicada e sutil mescla de elogios e críticas a Marx, que lhe permite conduzir suas ideias, incólumes, através dos tempestuosos mares da polarização ideológica. 

Outro autor que consegue levar adiante, com genialidade, esse jogo duplo é Tocqueville, sobretudo em Souvenirs, onde o autor francês constroi, em meio a elogios e críticas ao processo revolucionário, uma análise franca e original sobre a conjuntura política de seu país.

Ambos – Schumpeter e Tocqueville –  conseguiram se tornar amplamente admirados à esquerda e à direita, e até hoje é difícil lhes pespegar um rótulo ideológico.

Lembro desses autores porque, ao escrever sobre política brasileira, enfrento os mesmos desafios, de fazer análises objetivas sobre personagens e temas sobrecarregados pelas paixões.

A frieza analítica soa como insulto para o militante, e talvez ele tenha suas razões. Talvez o militante intua que o objeto político seja como um partícula quântica, cuja paz e harmonia é perturbada fatalmente pelo observador, até porque o observador faz parte do mesmo sistema quântico da partícula. Ou seja, a objetividade do analista político é, no fundo, uma grande farsa, uma missão impossível, e quanto mais ele se vende como objetivo, mais farsante ele é. 

Todos nós sentimos a mesma irritação diante de analistas políticos nos quais farejamos valores e ideias diferentes das nossas. Quanto mais eles se pretendem objetivos, mais odiosos eles se tornam a nossos olhos. 

Por isso Jules Michelet talvez seja o mais sensível historiador de todos. Suas páginas sobre a revolução francesa evitam sempre um tom exageradamente objetivo ou frio, e isso sem prejuízo para a credibilidade do texto. É Michelet quem lembra, aliás, que um dos erros fatais dos girondinos, e que os fizeram perder a batalha ideológica (e suas cabeças, literalmente) para os jacobinos, foi confiar demais na “objetividade” de seus artigos jornalísticos. Os franceses acabaram se irritando com todas aquelas intermináveis e sutis especulações sobre o caminhos que a revolução deveria ou não tomar, e preferiram a simplicidade brutal, por vezes cínica, dos discursos do jacobino Robespierre. 

Como não tenho o talento nem de Schumpeter nem de Tocqueville, eu nunca consigo fazer esse necessário jogo duplo, e geralmente acabo irritando todo mundo. 

Essa longa introdução era para falar em Ciro Gomes e Lula. Durante anos, fiz críticas duras ao que considerava erros de Lula, e sinto que não convenci ninguém: apenas irritei os simpatizantes de Lula. 

Minha atenção agora se volta para os erros de Ciro Gomes, e novamente tenho a sensação de que, ao invés de convencer os militantes da causa cirista, eu apenas os irrito. 

Que fazer?

De qualquer forma, fica a lição, quiçá utópica, para todos nós, de como seria bom tecer uma crítica a uma causa, ou ao líder de uma causa, sem que isso soasse como um insulto insuportável, uma traição imperdoável ou um ataque hediondo. Vale para mim, quando critico Ciro, vale para Ciro quando critica Lula, e vale para todos nós. 

Mas vamos lá. A gente aprende jogando. Espero contar com a complacência de todos.  

O ex-ministro Ciro Gomes concedeu entrevista ao programa de Pedro Bial, da Globo, nesta segunda-feira à noite. 

A entrevista começa falando da infância de Ciro e termina com ele cantando Gonzaguinha. 

O grossso da conversa – sua parte mais propriamente política – se concentrou em três assuntos mais ou menos ligados entre si: João Santana, Lula e eleições de 2018.

A íntegra pode ser vista na Globoplay (clique aqui para assistir):

Tanto em seus elogios a Santana como em suas críticas a Lula, o pedetista comete o mesmo erro: o excesso.

Naturalmente é interessante, para qualquer político, que se mostre acompanhado de bons profissionais de marketing, mas o que Ciro faz com João Santana, exaltando-o em toda a entrevista, é um exagero. 

Na entrevista com Bial, o pedetista gastou mais tempo fazendo elogios a João Santana, do que falando sobre o seu projeto de desenvolvimento.

Ciro disse que Santana é “mais que um marketeiro, é um poeta”, e que vem passando longa horas conversando com ele sobre “profundidades”. 

Essas conversas profundas de Ciro e João Santana devem ser muito interessantes, mas acho que o pedetista não deveria ocupar tanto tempo de uma entrevista numa grande emissora de TV elogiando seu próprio marketeiro.

O pedetista insiste em dizer que seu partido “não tinha dinheiro” para pagar o que Santana merecia, quando se sabe que o contrato do PDT prevê pagamentos mensais de 250 mil reais por, no mínimo, um ano.  Quando se lembra que o dinheiro usado para pagar Santana é o fundo partidário, ou seja, tem origem nos impostos, é constrangedor sugerir que se trata de um salário baixo, e que Santana trabalha por “pura afinidade”, ainda mais para alguém que acabou de sair da prisão. O teto salarial do serviço público no Brasil é de 39,3 mil reais. 

Na entrevista a Bial, Ciro voltou a chamar Lula de “maior corruptor da história”, mas agora resolveu demarcar o período: é o maior da “história moderna”. 

Disse também que Lula hoje está “cercado de bajuladores de quinto nível”, “despirocou geral”, e agora está “piorado, porque considera que o crime compensa”. Essas afirmações pecam pelo exagero. Ao redor de Lula hoje temos grandes nomes, em todas as esferas, e que, suponho, saberão fazer as críticas necessárias quando chegar o momento. 

“O governo do Lula era organicamente corrupto”, diz Ciro, aparentemente sem atentar que ele mesmo foi ministro de Estado do governo Lula, que seu partido foi aliado do PT até o último dia de mandato de Dilma Rousseff, e que o seu grupo político no Ceará é liderado hoje por um governador do PT. 

Sobre as eleições de 2018, Ciro disse que “na primeira noite, quando saiu o resultado, eu declarei voto em Haddad”. 

Não foi bem assim. Ciro disse “ele não” numa coletiva dada em frente a sua casa, assim que saiu o resultado, e isso poderia ser interpretado, naturalmente, como apoio tácito ao petista. Para mim, inclusive, o PT deveria ter usado esse vídeo em sua campanha eleitoral. 

Isso não foi, porém, uma declaração de voto em Haddad. 

“O mal que essa gente fez… o Lula já fez ao Brasil, é muito maior que o bem que ele fez em algum momento”, conclui Ciro.

Com todo o respeito, eu acho que o Ciro comete o erro inverso do messianismo. 

Se é um erro terrível colocar todas as esperanças da nação num homem só, transformando Lula num salvador da pátria, é igualmente uma grande tolice pôr na conta do petista todos os males.

A tragédia brasileira tem muitas causas. Algumas delas remontam a séculos de injustiças e violências. Lula pode ter cometido inúmeros erros políticos em sua vida, sobretudo nos governos que presidiu ou influenciou, mas definitivamente não é, como diz Ciro, a “causa da tragédia brasileira”. 

O espaço que Ciro tem na imprensa brasileira não veio de graça: Ciro o construiu através de uma longa e vitoriosa vida pública, que incluiu, mais recentemente, a conquista do terceiro lugar nas eleições de 2018, além do fato de ser hoje o nome mais forte da chamada terceira via. Mas deveria usar esse espaço para falar mais do seu projeto nacional de desenvolvimento.

O Brasil precisa falar de projeto, ainda mais nesse momento em que, depois de tantos anos de glória inconteste, a doutrina neoliberal se encontra profundamente desmoralizada. 

A mídia sempre tentará puxar as entrevistas de Ciro para o nível das intrigas partidárias, mas um homem com sua estatura intelectual e experiência já deveria ter aprendido a contornar essas armadilhas!

Mesmo suas críticas ao governo Bolsonaro, para terem mais impacto, deveriam se fundamentar menos em adjetivos. 

Não adianta dizer que “Bolsonaro é mau”, como fez na entrevista. É preciso trazer para o debate uma crítica da economia política, enfatizando que os dogmas tão caros a Paulo Guedes e seus amigos não tem mais o mesmo prestígio que tinham há vinte ou trinta anos.

O próprio Bial soprou uma dica a Ciro, ao perguntar se ele não achava que as palavras “amenas” não teriam, por vezes, mais impacto do que as “duras”. O ex-ministro entendeu a crítica sutil, mas rebateu que a luta política requer, quase sempre, uma posição mais assertiva. 

A campanha eleitoral de 2022 será uma grande oportunidade de ocupar o palco da imprensa corporativa para golpear a hegemonia neoliberal, e este é um espaço que poderia ser melhor explorado por Ciro, já que os outros candidatos da terceira via, como Doria, Mandetta ou Leite, permanecem presos às mesmas ideias obsoletas do “estado mínimo”. 

 

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Clever Mendes de Oliveira

11/08/2021 - 21h25

Miguel do Rosário,
Primeiro considero que qualquer analista da fala de um político deve levar em conta a seguinte distinção: o que o político fala é o que ele acredita ou é o que ele pensa que o povo acredita e para criar maior empatia precisa falar o que agrada o povo.
Se você chegar a conclusão que determinado político fala aquilo em que ele acredita aí você tem que analisar aquilo que o político fala. Se no entanto você percebe que o político fala aquilo que agrada o povo você precisa analisar se a fala do político vai criar a empatia que o político busca.
É assim que a política funciona, isto é, você só tem votos se fala aquilo que o povo quer ouvir. Nesse sentido, vale mostrar como o político deve proceder em relação à corrupção. E para isso considere os seguinte exemplos de gastos públicos: 1) a construção de uma ponte que cai (dois anos de uma construção que deu empregos para milhares de pessoas que pode com esse dinheiro sustentar filhos ou país, mas que ao final caiu); 2) uma construção de uma ponte ligando lugar nenhum para nenhum lugar (também dois anos de uma construção que deu empregos para milhares de pessoas que pode com esse dinheiro sustentar filhos ou país, mas que liga nenhum lugar a lugar nenhum); 3) uma ação que a União tenha perdido (e nesse caso eu lembro de uma ação que as cooperativas de açúcar e álcool do estado mais rico do Brasil, e dos donos das melhores terras do Brasil moveram contra o tabelamento do açúcar e do álcool, esquecendo que o governo brasileiro gastou bilhões para promover o pró-álcool que constituiu um bom mecanismo de combate o rebaixamento do preço do açúcar que a Comunidade Europeia causava despejando açúcar de beterraba que ela tinha em estoque subsidiado e que deu 5 bilhões e 600 milhões às cooperativas) ou, em vez de ação perdida pela União, pense em uma recuperação judicial com abatimento de 50% das dívidas a maioria delas contraída com os bancos públicos (e nesse caso eu lembro só a recuperação judicial da Atvos, uma empresa do grupo Odebrecht, com dívida de 12 bilhões, com quase 77% com a União, BB, BNDES, BNB e Caixa, vai representar mais de 4 bilhões de abatimento que o aparato Estatal vai conceder a Atvos); 4) o gasto com as forças armadas que segundo Simon Smith Kuznets deveria ser retirado do PIB por se tratar de gastos improdutivos (aqui cabe lembrar que como os demais gastos, o gasto com as forças armadas sustenta famílias direta e indiretamente) e 5) o gasto com corrupção (em relação ao gasto com corrupção vale lembrar que o que faz o capitalismo se transformar no sistema mais eficiente é a possibilidade de acumular capital apropriado legalmente com o trabalho de terceiro que é também a gênese da corrupção: a acumulação de capital apropriado ilegalmente com o trabalho de terceiro).
De todo isso, pode-se dizer que o que é menos nocivo ao sistema capitalista, considerando a superior qualidade deste sistema para o aumento da produção, é a corrupção. No entanto, você não vai ouvir político criticando gastos com construção de pontes que caem, de pontes de lugar nenhum para nenhum lugar, gastos com ações perdidas judicialmente, com ações de recuperação judicial ou criticando gastos com as forças armadas. O político vai criticar aquilo que o povo quer ouvir que é acusar o adversário de corrupto.
Então em relação a Ciro Gomes é preciso saber se o que ele diz é dito acreditando no que diz ou se o que ele diz é dito sabendo que diz aquilo que o povo quer ouvir. E sobre isso eu gostaria de fazer uma distinção entre Ciro Gomes e Bolsonaro.
Recentemente em um grupo de WhatsApp, eu disse que Bolsonaro era um mitômano de pequenas mentiras diárias. Todo dia ele fala para os adeptos dele infindáveis mentiras sem importância. O Ciro Gomes seria um mitômano de grandes mentiras anuais. Pelo menos uma vez ao ano ele conta uma grande mentira.
Esta distinção entre Bolsonaro e Ciro Gomes é uma distinção imaginando que eles não acreditam naquilo que dizem. Talvez o Bolsonaro por ser um cabeça dura ou oca acredite no que ele diz, mas é pouco provável pela natureza e quantidade das mentiras que ele diz. Já o Ciro Gomes é suficientemente astuto para não acreditar nas grandes mentiras que ele diz.
Não se pode esquecer que Ciro entrou no PSDB quando o partido foi criado prometendo trazer a ética para a política e prometendo combater o fisiologismo. O nível de formação da cúpula do PSDB era (hoje já não é mais) suficiente elevado para saber que a política prescinde da ética. O que a política não pode abrir mão é da legalidade. E não há composição de interesses conflitantes na arena da representação em um processo democrático sem o fisiologismo (o é dando que se recebe, o toma-lá-dá-cá, o conchavo, a barganha). E os próceres do PSDB sabiam disso. É só ler os textos do recentemente falecido José Arthur Giannotti.
Depois para defender o parlamentarismo, o PSDB apresentou o slogan “governo bom o povo põe, governo ruim o povo tira”. Isso é falso. E eles sabem que isso é falso tanto assim que por medo do povo defendem o parlamentarismo. E pior que criticavam o presidencialismo porque concentrava o poder no presidente da República, mas defenderam a reeleição que concentra mais poder ainda. E voltaram a usar o slogan do parlamentarismo para defender a reeleição.
Também durante o Plano Real voltaram com a máxima que se dizia desde a época do Cruzado: “a inflação é o mais injusto dos tributos porque recai sobre os mais pobres”. É interessante que com inflação o que menos sobe é a dívida pública e que esta é dinheiro que o Estado dá aos ricos. E seria bom lembrar aqui um grande artigo de Ignácio Rangel desmontando essa tese da academia.
E nas grandes mentiras anuais de Ciro Gomes, uma era dizer em campanha eleitoral: “nós quando fizemos o Plano Real pretendíamos transformar o pais, mas Fernando Henrique teria desvirtuado para garantir a reeleição dele.” Ora quem fez o plano real foi Fernando Henrique no plano político e Gustavo Franco no econômico. E contando com o apoio do empresariado que temia Lula.
E o Plano Real foi feito para eleger FHC. E foi por ter aprovado a reeleição com a ajuda do empresariado que FHC pode trazer mais transformações ao país. E não se pode esquecer que o Plano Real é o grande responsável pelo fato de o Brasil ser um dos países em desenvolvimento com a maior dívida pública.
Eu coloquei os gastos com as forças armadas mais próximos do gasto com corrupção pelo fato de eu considerar que os gastos com as forças armadas deveriam ser até mais criticadas do que o gasto com corrupção a tomar pelo mal que os gastos com as forças armadas causam, mas pela ineficiência eles deviam vir mais próximos dos gastos com a construção de pontes que caem ou que vão de lugar nenhum para nenhum lugar.
E eu não defendo a corrupção. Ela deve ser combatida, mas é um combate que cabe ao Ministério Público. E o que se deveria criticar no caso da corrupção da Petrobras é que na década de 90 Paulo Francis fez acusação a diretoria da Petrobras, e o Ministério Público demorou talvez mais de 15 anos para tomar alguma iniciativa.
Agora não culpo o político por utilizar a corrupção como crítica ao adversário. O político para angariar votos precisa agradar o povo. Se o povo gostasse da corrupção e ela fosse realmente nociva por ser contrária a gênese do capitalismo que é o sistema de maior eficiência produtiva, nenhum político ia acusar o adversário de corrupto.
Abraços,
Clever Mendes de Oliveira
BH, 11/08/2021

helio

11/08/2021 - 15h38

Para esclarecer: “Ele não!”, quer dizer que aquele não receberá o voto dele, mas não garante que o outro o receberá, afinal existe mais opções de voto, como anular o voto e se mandar para Paris.
O Miguel de forma didática e inteligente, porém sutil, mostra que Ciro sustenta o seu discurso em plataformas econômicas irreais, onde existe mais movimentos de braços e mãos, que proposta viáveis, e em ofensas, que já lhe custaram várias ações, algumas pagas.
Repito algo dito tantas vezes, o país está cansado de conflitos, precisamos de solucionadores dos nossos problemas, como lembrou o o Miguel, históricos. Collor, Bolsonaro e Ciro são cartas do mesmo naipe.

Batista

11/08/2021 - 14h49

Para bom entendedor, como Miguel e os deputados que se abstiveram de votar o ‘voto impresso’ ontem…

Não votou em Haddad, elegeu Bolsonaro, aritmeticamente, simples assim.

Francisco*

11/08/2021 - 14h40

“Justiça tributária e o Estado investindo nas potencialidades naturais da economia brasileira”.

E pensar que na basilar razão de nosso atraso a Desigualdade pede justiça social e o Patrimonialismo de Estado não sobrevive a justiça social, e que potencialidades naturais não requerem necessariamente investimentos do Estado e sim políticas do Estado, abrangendo além da economia, a justiça social, a sustentabilidade e a soberania, do país, em relação ao mundo e a geopolítica vigente.

Depois não se entende por que, 521 anos depois, continuamos 521 anos atrás, Colônia.

Marcelo Ramos

11/08/2021 - 13h15

Um assunto que, creio, até você já comentou, Miguel, foi a origem da assertividade de Ciro Gomes. Ao comentar sobre a eleição de 2018, você poderia ter citado que Lula e a direção nacional do PT boicotaram as coligações de Ciro, depois que ficou claro que a suposta “direção nacional” não aceitaria Ciro como cabeça de chapa, uma saída semelhante à adotada por Christina Kirchner na Argentina. Aliás, a presidenta do PT criou até chavão pra isso: “Ciro Gomes não passa no PT nem com reza brava.”
Se tivesse ficado somente nisso, creio que Ciro seguiria a vida, com as coligações regionais com PSB e PCdoB (se não me engano) mas depois que Lula/PT usaram o tamanho do PT para roubar essas coligações, tendo Ciro, como você diz, trabalhado para o PT por 3 mandatos, qualquer um se sentiria traído. Pessoalmente, acho que enquanto esse tema não for tratado entre os candidatos, vai continuar sendo um entrave, não porque em política não se trai, mas porque Ciro possivelmente não esperava isso de um governo com o qual ele contribuiu com ações e críticas positvas.

Louzada

11/08/2021 - 11h43

Solicito ao Miguel a seguinte reflexão
Ciro está em campanha, na entrevista ao Bial, ele está falando para o eleitor de Bolsonaro , que não estará no segundo turno e não para os cultos jornalistas progressistas, convenhamos que ele não poderá agradar aos dois públicos ao mesmo tempo. Ciro já tem o voto dos progressista, precisa falar como um debilóide como o fez na entrevista para cativar os debilóides eleitores Bolsonaristas.
Prepare o fígado virá muito mais do mesmo nível,com orientação do Santana

Francisco Santos

11/08/2021 - 11h38

Ciro tentou vender seu marqueteiro pro mercado empresarial e sua imprensa e, com discurso anti-conciliador, se torna mais um problema pro país do que uma solução

Louzada

11/08/2021 - 11h30

Miguel
Mais uma vez parabéns pelo seu texto
Não canso de dizer que vc é o melhor escritor e analista moderno.
Pena que vc seja incompreendido pela grande maioria de ignóbeis que compoem o povo brasileiro
Mas vc não deve diminuir seu texto por isso , eles que cresçam e o alcance
Pra mim vc é brilhante
Parabéns
Parabéns
Parabéns

Judivaldo barros

10/08/2021 - 22h32

Sua analise parece ser parcial, nao obstante, falar algumas verdades com relacao ao Ciro Gomes deixar de mostrar seu Projeto Nacional de Desenvolvimento – PND, pq nao houve chance de encaixar ( BIal preferiu nao esplorar esse lado), mas ainda assim, vc deixa a desejar, como.sempre, tirando p brilho e o brio da fala do Ciro, q ha muito tempo tenta furar a grande bolha. E vc por ser da pequena mídia, deveria ajudá-lo a fazer isso. Mas nós aqui da TURMA BOA estamos auxiliando Ciro Gomes nessa empreiada. Vcs, do “contra Ciro Gomes”, vao sw surpreender.

Otto

10/08/2021 - 22h12

Como vc se vitimou bastante, Miguel, não vou te criticar muito.
Bial fez uma entrevista buscando, me pareceu, explorar o lado B do Ciro, me parece que o programa dele é um espaço de entretenimento. Seria bom falar do PND? Seria, mas não faltam vídeos na internet sobre o assunto. Inclusive um livro que esgotou.

Concordo contigo quanto a essa coisa de adjetivar que o Ciro tem desde sempre, ele pode se ater aos fatos, mas sem esculhambar o outro disso e daquilo. Ponto para vc.

Santana tem 9 presidentes eleitos! Então, tem história. É um prestador de serviços, quanto ele cobra não faço ideia, e o fundo partidário é para o pagamento de despesas. Se vc acha que ele deveria receber o teto do funcionalismo é um ponto de vista. Mas, me pareceu uma critica rasa.

Na minha interpretação Bolsonaro é um ponto fora da curva. O chamar de corrupto, genocida e outras coisas é uma adjetivação inócua. Ele merece outros adjetivos bem populares, “mau”cabe nele como uma luva, qualquer pessoa entende isso. Entendo e concordo com a mensagem que Bial mandou da temperança, Ciro precisa aprender a controlar a língua. Mas, Bolsonaro merece.

Não precisa de adjetivação é para o Lula. Basta mencionar os fatos didaticamente do período petista. Se Ciro for para o segundo turno com o ex presidente, este terá sérios problemas para explicar muita coisa. Aguardemos.

Falar do neoliberalismo, Ciro fala disso há décadas. Aqui vc foi superficial.

Te acompanho faz muito tempo, Miguel, te conheci pelo Nassif e PHA. Acho que o maior problema foi o cavalo de pau que deu, com muitos adjetivos positivos pro Lula, e muitos adjetivos negativos pro Ciro.

Nao li nenhuma critica sua quanto a taxação de grandes fortunas que Lula e Bolsonaro dizem ser errado.

Abraços.

    Redação

    11/08/2021 - 00h57

    Não dei cavalo de pau nenhum. Posso mudar de opinião sobre alguns temas e personagens, mas sempre de forma gradual e racional. Não tenho culpa se o leitor não acompanha.

      Batista

      11/08/2021 - 14h07

      Compreende-se a razão, mas o fato é que após a opção de remar com Ciro, demorou demais para começar a mostrar Ciro como de fato ele é, perdendo a oportunidade homeopática quanto a dose em ajuda-lo a ser menos alopático quanto a forma, de modo que, quando resolveu mostra-lo, mesmo que “de forma gradual e racional”, a percepção devota foi alopática na dose, pois ao contrário do que pensa o leitor o acompanha, porém dose forte contrária, mesmo que gradual, para cabeças pensantes de menos e corações batendo demais, aí não tem jeito, a razão não sobrevive, para azar dos devotos que perdem a chance de compreenderem a importância de pensar-se um bocadinho mais, além, profundo, espaçando o batimento da emoção. Azar desses…

Rodrigo Silva

10/08/2021 - 20h52

Miguel, vc é talentoso em explorar novas perspectivas do objeto, mas objetividade não é seu forte!!! Ou seja, queremos justiça tributária e que o Estado invista nas potencialidades naturais da economia brasileira. Ponto!!! Nem vou desenhar pq vc sabe muito bem. E deixar tudo isso bem claro para o julgamento popular. Isso é dialética. E não deixar o PT baixar o nível do debate e decidir tudo dentro de quatro paredes, sem que o povo realmente saiba do que se passa.

    Francisco*

    11/08/2021 - 15h57

    Brizola, na histórica resposta a Globo, concedida pela justiça, no JN de 15 de março de 1994:

    “Todos sabem que eu, Leonel Brizola, só posso ocupar espaço na Globo quando amparado pela Justiça. Aqui citam o meu nome para ser intrigado, desmerecido e achincalhado perante o povo brasileiro.

    (…) Não reconheço à Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e basta para isso olhar a sua longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura de 20 anos, que dominou o nosso país.

    (…) Quando ela diz que denuncia os maus administradores deveria dizer, sim, que ataca e tenta desmoralizar os homens públicos que não se vergam diante do seu poder.

    (…) É compreensível: quem sempre viveu de concessões e favores do Poder Público não é capaz de ver nos outros senão os vícios que carrega em si mesma.

    Que o povo brasileiro faça o seu julgamento e na sua consciência lúcida e honrada separe os que são dignos e coerentes daqueles que sempre foram servis, gananciosos e interesseiros. Leonel Brizola”

    Só para lembrar o PDT do imortal Brizola e que na Globo, em relação a política, só mudaram a vinheta, tanto que 27 anos depois, Lula, liberto da prisão lavajateira há quase 2 anos, jamais ocupou espaço na Globo a não ser em notícias visando continuar a desconstrução de sua imagem política, como ininterruptamente fazem, desde 1978.

    Enquanto isso, Ciro Gomes em menos de dois meses é convidado em dois dos principais programas de entrevistas políticas da organização e, instado pelos apresentadores, utiliza-os para continuar a espancar Lula e o PT, açodadamente.

    Retornemos a Brizola:

    “Quando vocês tiverem dúvida quanto a uma posição a tomar, diante de qualquer situação, atentem: Se a Rede Globo for a favor, somos contra. Se for contra, somos a favor.”

Marco Vitis

10/08/2021 - 19h14

MIGUEL: suas observações são pertinentes e, se eu fosse Ciro, refletiria sobre elas.
Só duas observações: realmente, Ciro disse: “Ele Não!”. Ora, se isso não é voto em Haddad é o quê ? Todos nós que participamos do movimento “#EleNão” queríamos o quê ? Neste ponto sua análise é falha.
Achei falta, em sua análise, do depoimento de Delfim Neto: Lula e o PT trairam Ciro. E Ciro confirmou. E tem o jornalista Conti como testemunha. Traição é foda. Ou não ?
Dá pra exigir, de quem você traiu, participação ativa na campanha ? Depois de trair, chantagear os valores franciscanos de Ciro não é muita safadeza ?

    Batista

    11/08/2021 - 14h52

    Para bom entendedor, como Miguel e os deputados que se abstiveram de votar o ‘voto impresso’ ontem…

    Não votou em Haddad, elegeu Bolsonaro, aritmeticamente, simples assim.


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