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Apavorado com isolamento, Bolsonaro espalha fakenews terrorista de que está cercado de “coletivos de esquerda armados até os dentes”

O título parece sensacionalista. Infelizmente não é. Bolsonaro é que, frequentemente, tem ações e falas de tal insanidade, que poderíamos chamá-lo de sensacionalista, se fosse editor de conteúdo para websites, e não o presidente da república. Sendo presidente, não podemos chamá-lo mais de outra coisa: é um terrorista. Um terrorista especializado em fake news e […]

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O Ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-Ministro da defesa, general Walter Braga Netto - Reprodução: Andre Borges/NurPhoto/Getty Images

O título parece sensacionalista. Infelizmente não é.

Bolsonaro é que, frequentemente, tem ações e falas de tal insanidade, que poderíamos chamá-lo de sensacionalista, se fosse editor de conteúdo para websites, e não o presidente da república.

Sendo presidente, não podemos chamá-lo mais de outra coisa: é um terrorista.

Um terrorista especializado em fake news e terror psicológico.

Segundo revelado pelo jornalista Guilherme Amado neste domingo, o presidente enviou, para sua lista de transmissão de whatsapp, um texto digno de um psicopata iletrado.

O texto, em resumo, pede um golpe de Estado, dizendo que se trataria de um “contragolpe” ao “golpe” que a esquerda estaria tentando dar.

É uma mensagem claramente terrorista, pois inventa a existência de inimigos fantasmas (“grupos de terroristas disfarçados de militantes, e coletivos de esquerda, todos treinados, armados até os dentes e espalhados nos quatro cantos do país colocando em grave risco inclusive a saúde do povo brasileiro”), num esforço desesperado de apavorar setores sociais vulneráveis a esse tipo de mentira.

O objetivo prático mais direto dessa campanha de terror é insuflar as manifestações no dia 7 de setembro em apoio do presidente Bolsonaro.

O tom de desespero tem explicação fácil: o governo já identificou que a perda acentuada de prestígio do presidente, tanto nas instituições como na sociedade, somado à expectativa cada vez maior de uma fragorosa derrota eleitoral, tendem a formar uma espiral crescente.

Quanto menos prestígio, menor a expectativa de poder, e quanto menor a expectativa de poder, mais gente abandona o barco – e quanto mais gente abandona o barco, mais dificuldades o governo enfrenta para administrar e impor suas agendas, o que o faz perder ainda mais prestígio, inclusive junto ao núcleo duro do bolsonarismo.

Essa perda de prestígio é apontada no próprio texto, que se inicia com uma reclamação contra um direitista abstrato, “sem noção”, que estaria hoje falando que “Bolsonaro tá muito devagar”.

Embora devamos evitar alarmismos, porque o texto soa mais como a manifestação de pavor, ele também deveria acender a luz vermelha dos democratas. Porque é, reiteramos, um manifesto terrorista, com o claro objetivo de promover instabilidade e caos.

E isso é um crime de responsabilidade. Ou antes, a divulgação de um texto como esse corresponde a diversos crimes de responsabilidade, segundo a lei que rege o tema.

Vamos listar alguns:

(…) 5 – opor-se diretamente e por fatos ao livre exercício do Poder Judiciário, ou obstar, por meios violentos, ao efeito dos seus atos, mandados ou sentenças;

6 – usar de violência ou ameaça, para constranger juiz, ou jurado, a proferir ou deixar de proferir despacho, sentença ou voto, ou a fazer ou deixar de fazer ato do seu ofício;

(…)

4 – utilizar o poder federal para impedir a livre execução da lei eleitoral;

5 – servir-se das autoridades sob sua subordinação imediata para praticar abuso do poder, ou tolerar que essas autoridades o pratiquem sem repressão sua;

6 – subverter ou tentar subverter por meios violentos a ordem política e social;

7 – incitar militares à desobediência à lei ou infração à disciplina;

8 – provocar animosidade entre as classes armadas ou contra elas, ou delas contra as instituições civis;

(…)

Além disso, é um texto de um completo iletrado e/ou analfabeto político. No primeiro parágrafo, o presidente admite que um dos obstáculos para uma ação subversiva da direita, como foi o golpe de 64, é a própria Constituição, chamada, ridiculamente, de “constituição comunista”.

Mais adiante, porém, o mesmo texto pede um contragolpe em nome do Estado Democrático de Direito e para que o “cumprimento da Constituição seja imperativo”.

É de se perguntar ao psicopata de mentalidade infantil que redigiu o texto: se a Constituição é “comunista”, porque Bolsonaro precisa usar as Forças Armadas para cumprir a… Constituição? E o que isso tem a ver com o Estado Democrático de Direito?

Nada faz sentido no texto.

Ou antes, faz sim: é uma manifestação terrorista, que não esconde seu objetivo maior, de “subverter ou tentar subverter por meios violentos a ordem política e social”, o que é um dos crimes de responsabilidade apontados acima (LEI Nº 1.079, DE 10 DE ABRIL DE 1950, CAPÍTULO III, inciso 6) .

Abaixo, o texto divulgado por Bolsonaro:

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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