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Análise do relatório completo do Datafolha de dezembro de 2021

O relatório completo do Datafolha acabou de ser divulgado. Reproduzo abaixo texto do próprio Datafolha, que traz várias informações importantes. Em seguida, publico prints das principais tabelas do relatório. Minha análise vem junto com as tabelas, ao final do post. *** Lula lidera disputa presidencial, e Bolsonaro é o mais rejeitado Baixa a pesquisa completa […]

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O relatório completo do Datafolha acabou de ser divulgado.

Reproduzo abaixo texto do próprio Datafolha, que traz várias informações importantes. Em seguida, publico prints das principais tabelas do relatório.

Minha análise vem junto com as tabelas, ao final do post.

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Lula lidera disputa presidencial, e Bolsonaro é o mais rejeitado
Baixa a pesquisa completa
DE SÃO PAULO

Datafolha — A entrada de Sérgio Moro (Podemos) na disputa pela Presidência não trouxe mudanças na ordem das posições dos primeiros colocados na disputa, que segue tendo Lula (PT) à frente, com 48%, e Jair Bolsonaro (PL) em segundo, com 22%, no cenário em que o ex-juiz obtém 9% e empata com Ciro Gomes (PDT), com 7%. O nome de João Doria (PSDB) aparece com 4%, e 8% votariam em branco ou nulo, além de 2% que não opinaram. Lula venceria no primeiro turno se as eleições fossem hoje.

Em setembro, quatro configurações de disputa foram consultadas pelo Datafolha, com nomes não incluídos no atual, como Luiz Henrique Mandetta (DEM), José Luiz Datena (PSL) e Eduardo Leite (PSDB), e sem Moro, que faz parte da atual lista de pré-candidatos. Considerando todos eles, Lula tinha entre 42% e 44% (como naquele em que enfrentava Bolsonaro, Ciro, Doria e Mandetta, por exemplo), e Bolsonaro, entre 24% e 26% (ainda no cenário descrito anteriormente).

No levantamento atual, o Datafolha também testou um cenário com mais nomes, no qual Lula (47%), Bolsonaro (21%), Moro (9%), Ciro (7%) e Doria (3%) mantêm seus patamares de preferência, com variações dentro da margem de erro. Na sequência aparecem Simone Tebet (MDB) e Rodrigo Pacheco (PSD), com 1% cada, e Alessandro Vieira (Cidadania), Aldo Rebelo (sem partido) e Felipe D’ávila (Novo), que não atingiram 1%. Diante destas candidaturas, 8% votariam em branco ou nulo, e 2% preferiram não responder.

Na disputa entre Lula, Bolsonaro, Moro, Ciro e Doria, o ex-presidente petista tem 26 pontos de vantagem sobre o atual ocupante do Palácio do Planalto. Essa distância cresce para 37 pontos entre os mais jovens (54% a 17%), para 39 pontos no segmento com escolaridade fundamental (56% a 18%), para 40 pontos entre os brasileiros mais pobres, com renda familiar de até 2 salários (56% a 16%), para 36 pontos na parcela de assalariados sem registro (56% a 20%), para 46 pontos no grupo de desempregados que procuram emprego (62% a 16%), para 44 pontos na região Nordeste (61% a 17%), para 45 pontos entre pretos (60% a 15%), para 34 pontos entre católicos (53% a 19%) e para 59 pontos na fatia da população que se declara homossexual ou bissexual (68% a 9%).

A desvantagem de 26 de pontos de Bolsonaro, por outro lado, cai para 17 pontos entre os mais velhos, com 60 anos ou mais (23% a 41%), para 15 pontos no segmento mais escolarizado (24% a 39%), para 14 pontos na parcela da população com renda familiar de 2 a 5 salários (28% a 42%), para 15 pontos entre funcionários públicos (29% a 44%), para 15 pontos na região Sul (26% a 41%), para 17 pontos no Centro-Oeste/Norte (27% a 44%) para 14 pontos entre brancos (27% a 41%) e para seis pontos entre evangélicos (33% a 39%). Na parcela com renda de 5 a 10 salários, Bolsonaro (32%) e Lula (31%) têm intenção de voto similar, e o político do PL fica à frente do ex-presidente entre os mais ricos (34% a 26%) e, com ampla vantagem, entre os empresários brasileiros (47% a 21%).

Recém-filiado ao Podemos, o ex-juiz Sérgio Moro tem intenções de voto acima da média entre quem tem renda entre 5 a 10 salários (15%) ou acima de 10 salários (17%) e entre empresários (15%).

Na pesquisa de intenção de voto espontânea, em que os nomes dos possíveis candidatos não são apresentados aos brasileiros, Lula é citado por 32% (ante 27% em setembro deste ano), Bolsonaro, por 18% (eram 20% no último levantamento), e Ciro e Moro, por 2% cada. Há 7% que declaram espontaneamente voto em branco ou nulo, e 36% não souberam citar nenhum nome (eram 38%).

Entre os mais pobres, 36% mencionam espontaneamente o voto em Lula, enquanto entre os mais ricos 33% citam Bolsonaro. No Nordeste, 44% declaram espontaneamente voto em Lula, e entre brasileiros pretos esse índice é de 41%.

60% não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro

A maioria dos brasileiros (60%) não votaria de jeito nenhum em Jair Bolsonaro para presidente no 1º turno da eleição de 2022. Ele tem a maior rejeição entre os nomes consultados, e na sequência, em patamar mais baixo, aparecem Doria (34%), Lula (34%), Moro (30%) e Ciro Gomes (26%). A lista de rejeição traz ainda Rodrigo Pacheco (17%), Aldo Rebelo (16%), Felipe d’Ávila (15%), Simone Tebet (15%) e Alessandro Vieira (15%). Há 3% que rejeitam todos os nomes apresentados, 1% não rejeita nenhum, e outro 1% não opinou.

A rejeição a Bolsonaro atinge 67% entre os mais jovens, 67% entre brasileiros do Nordeste, 67% entre pretos e 83%% entre homossexuais e bissexuais. Entre aqueles que votaram em Bolsonaro no 2º turno de 2018, 28% dizem rejeitar seu nome para a disputa presidencial de 2022, e 64% não votariam de jeito nenhum em Lula. Os nomes de Doria e Ciro são rejeitados por 42% e 35%, respectivamente, dos que declaram ter votado no atual presidente na eleição, e Moro tem a rejeição de 26% desse público.

Os candidatos com os índices mais altos de intenção de voto e rejeição são também os mais conhecidos pela população. O ex-presidente Lula, que lidera a corrida eleitoral, é conhecido por 99%, sendo que dois em cada três (65%) dizem conhecê-lo muito bem. Mais rejeitado, o presidente Jair Bolsonaro é conhecido por 97%, e 50% o conhecem muito bem. Ampla maioria (88%) também declara conhecer Moro (27% muito bem e 36% só de ouvir falar), e 86% conhecem Ciro (26% muito bem e 34% de ouvir falar). O tucano João Doria é conhecido por 77%, com 23% de amplo conhecimento, e 32% que o conhecem só de ouvir falar. Atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco é conhecido de forma geral por 36%, e na sequência, entre os menos conhecidos, aparecem Aldo Rebelo (31%), Felipe D’ávila (22%), Simone Tebet (21%) e Alessandro Vieira (15%) – todos eles bastante conhecidos por menos de 5% da população.

No 2º turno, Lula mantem vantagem sobre todos os adversários

Nas simulações de 2º turno para a disputa presidencial realizados pelo Datafolha, Lula vence todos os adversários com quem é confrontado, e Bolsonaro perde para todos.

No embate entre o petista e o atual presidente, Lula tem 59% das intenções de voto contra 30% de Bolsonaro, com 10% de votos em branco ou nulos e 1% sem opinião. Na comparação com setembro, o petista ganhou pontos (tinha 56%) e Bolsonaro teve oscilação negativa (tinha 31%). Na parcela que manifesta intenção de votar em Moro no 1% turno, 31% migram o voto para Lula nesta disputa, e 38% escolhem Bolsonaro. Entre aqueles que optam por Ciro Gomes no 1º turno, 56% votariam no petista, e 20%, no atual presidente. Na parcela que indica voto em Doria, 55% escolheriam Lula no 2º turno, e 24% preferem Bolsonaro.

Em uma disputa contra Doria, o petista teria 60% dos votos, e o tucano, 20%. Neste cenário, 19% votariam em branco ou nulo, e 1% não opinou. Na pesquisa anterior, o mesmo cenário trazia o ex-presidente com 55%, o governador paulista com 23%, e 22% de brancos e nulos. Cerca de metade (49%) dos potenciais eleitores de Bolsonaro no 1º turno votariam em branco ou nulo na disputa entre Lula e Doria, e 33% escolheriam o tucano, com 17% optando pelo petista.

O presidenciável do PDT, Ciro Gomes, tem 53% das intenções de voto em disputa direta contra Bolsonaro, que fica com 32%. Uma parcela de 14% votaria em branco ou nulo, e 1% não opinou. Em setembro, o ex-governador do Ceará aparecia de 52%, ante 33% de preferência pelo atual presidente.

Se o 2º turno da eleição ficasse entre Doria e Bolsonaro, o tucano teria 46% dos votos, e o atual presidente, 34%, com 19% optando por votar em branco ou nulo, e 1% sem opinião. No levantamento anterior, ambos tinham os mesmos índices de intenção de voto.

Um eventual embate direto entre Lula e Ciro tem o petista com 56% das intenções de voto, ante 26% do pedetista. Uma parcela de 16% optaria por votar em branco ou nulo, e 1% não opinou. Em setembro, o ex-presidente aparecia com 51%, e Ciro, com 29%.

Na simulação de 2º turno entre Lula e Moro, o ex-presidente lidera com 57%, e o pré-candidato do Podemos tem 31%. Neste cenário, 12% votariam em branco ou nulo, e 1% preferiu não opinar. Entre aqueles que votariam em Bolsonaro no 1º turno, 58% preferem Moro no embate contra Lula, que fica com 14% dos votos do presidente.

Entre Moro e Bolsonaro, 48% votariam no ex-juiz em uma disputa de segundo turno, e 30% escolheriam o atual presidente. Há 21% que votariam em branco ou nulo, e 1% não opinou.

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Análise Cafezinho

Repare na diferença na coluna de indecisos entre homens e mulheres na espontânea.

Entre homens, apenas 28% não sabem em quem irão votar. Entre mulheres, a indecisão chega a 44%. Isso é vantajoso para Lula, desde que Bolsonaro tem, notoriamente, mais dificuldade entre mulheres, como inclusive se nota na espontânea.

Entre mulheres, Bolsonaro tem apenas 14% na espontânea, contra 22% entre homens. Lula também tem mais votos entre homens, mas a diferença é bem menor: 35% entre homens, e 30% entre mulheres.

Lula tem mais que o triplo de votos de Bolsonaro entre eleitores com renda familiar até 2 salários: 36 X  11.

Na faixa seguinte, de eleitores com renda entre 2 e 5, Lula tem 29%, contra 25% de Bolsonaro. Nas duas últimas colunas de renda, Bolsonaro lidera: entre eleitores com renda entre 5 e 10 salários, Bolsonaro tem 30% das intenções espontâneas de voto, contra 24% de Lula. E entre eleitores com renda acima de 10 salários, Bolsonaro tem 33%, contra 23% de Lula.

Os nomes alternativos, Moro e Ciro, tem pontuação muito baixa na espontânea, e apenas conseguem emergir a cabeça para fora da margem de erro entre eleitores mais ricos. Os dois pontuam 4% entre eleitores com renda familiar entre 5 e 10 salários. Na faixa mais rica, com renda acima de 10 salários, Moro tem 9%, mas Ciro volta aos 1%.

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Vejamos agora a estimulada:

Lula tem 48% no total, contra 22% de Bolsonaro, 9% de Moro, 7% de Ciro e 4% de Doria no cenário 1, mais enxuto.

O petista ganha de Bolsonaro tem todas as regiões.

No Sudeste, região mais populosa do país, Lula tem mais que o dobro de votos de Bolsonaro: 43% X 21%. Moro tem 12% no Sudeste e Ciro 7%.

No Nordeste, Lula tem 61% dos votos, contra 17% de Bolsonaro, 3% de Moro e 8% de Ciro.

Entre simpatizantes do PT, Lula tem 91% dos votos.

Lula tem 56% entre eleitores mais pobres, com renda familiar até 2 salários, contra 16% de Bolsonaro, 8% de Moro e 7% de Ciro.

Lula também tem vantagem expressiva na coluna seguinte, de eleitores com renda entre 5 e 10 salários, junto aos quais Lula tem 42% versus 28% de Bolsonaro, mais 11% de Moro e 7% de Ciro.

Nas duas últimas colunas, Bolsonaro cresceu para 32% e 34%, contra 31% e 26% de Lula. Moro tem seu melhor desempenho entre eleitores com renda familiar superior a 10 salários, onde ele pontua 17%, contra 10% de Ciro.

Conclusão

O Datafolha mostra que a terceira via não chegou ao eleitor de baixa renda. Parafraseando uma expressão da literatura econômica, está presa na “armadilha da renda média”.

A eleição polarizou-se entre pobres e ricos. Os pobres votam, em massa, no ex-presidente Lula. Mas Bolsonaro não é mais, como foi em 2018, uma unanimidade na classe média. Ao contrário, Bolsonaro tem hoje rejeição similar ou maior a Lula entre eleitores de renda média.

Entre eleitores com renda familiar de 5 a 10 salários, por exemplo, Bolsonaro é rejeitado por 54%, contra 50% de rejeição para Lula. A rejeição a Lula só é maior que a de Bolsonaro entre famílias com renda acima de 10 salários, onde chega a 59%, contra 45% de Bolsonaro.

Entre eleitores com renda familiar até 2 salários, todavia, o ex-presidente Lula tem a menor rejeição que todos: apenas 25%, contra 64% de Bolsonaro e 31% de Moro.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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