Análise: BTG Pactual/FSB traz apenas 11% de votos “nem-nem”

A segunda amanheceu com uma pesquisa eleitoral fresquinha na praça, desta vez do instituto FSB, sob os auspícios de mais um banco, o BTG Pactual.

É uma pesquisa telefônica, feita com 2 mil pessoas. Mas custou caro, R$ 258 mil, mais caro até do que algumas presenciais.

A última do Paraná Pesquisas, por exemplo, divulgada em 9 de março deste ano, com 2.020 entrevistas presenciais, custou R$ 100.000,00, pagos pela corretora de valores curitibana BGC Liquidez Distribuidora de Títulos Mobiliários Ltda.

A íntegra do relatório da pesquisa BTG Pactual / FSB pode ser baixada aqui.

Foi realizado apenas um cenário para a pesquisa estimulada. Nele, Lula lidera com 43%, Bolsonaro tem 29%, Ciro 9% e Moro 8%.

Esses são os únicos candidatos que estão no jogo: os outros tem menos de 2% e podem ser descartados como cartas fora do baralho.

Entretanto, a bem da verdade, apenas dois candidatos estão realmente no jogo: Lula e Bolsonaro. Na espontânea isso fca mais claro. Lula tem 38%, Bolsonaro 27%, e não há nenhum outro que chegue a 5%.

No relatório da pesquisa, há vários comentários sobre a inviabilidade da terceira via.

Um fator que chama bastante atenção é a força de Lula entre os eleitores mais pobre, com renda familiar até 1 salário, que representam 25% dos entrevistados pela pesquisa. Neste segmento, Lula tem 58% dos votos totais, contra 15% de Bolsonaro, uma diferença de 43 pontos!

Em votos válidos, Lula tem 62% entre eleitores com renda familiar até 1 salário!

Outro fator que merece destaque é a liderança de Lula (apesar de apenas numérica) entre eleitores evangélicos, junto aos quais ele pontua 38%, contra 37% para Bolsonaro.

Assim como em outras pesquisas, Bolsonaro tem desempenho bastante negativo entre mulheres. O presidente pontua 23% entre eleitoras do sexo feminino, 21 pontos atrás de Lula, que tem 44%.

Os candidatos de terceira via, como Ciro e Moro, apresentam uma performance um pouco melhor entre eleitores com nível superior: o pedetista chega a 12% e Moro, a 11%. Mesmo assim, ambos permanecem muito atrás de Lula e Bolsonaro, que tem, respectivamente, 35% e 27% neste segmento.

Segundo a pesaquisa, perto de 30% dos brasileiros acham que o governo federal é o principal culpado pelo aumento no preço dos combustíveis, contra 21% culpam os governadores. Outros 22% culpam a “política de preços da Petrobras”, o que também poderia ser atribuído como responsabilidade de Bolsonaro, já que é o presidente quem indica o presidente da estatal e, portanto, influi diretamente sobre a maneira como os preços dos combustíveis são calculados.

A pesquisa traz vários cenários de segundo turno. Destacamos aqui apenas dois. O mais provável, Lula e Bolsonaro, traria uma vitória folgada de 54% X 35% para o petista, diferença de 19 pontos. Num outro cenário, entre Lula e Ciro,  o ex-presidente venceria com vantagem de 21 pontos: 50% X 29%.

Entretanto, o gráfico que nos parece mais negativo para as esperanças da terceira via é o que trata dos eleitores “nem-nem”, ou seja, que não votam em Lula ou Bolsonaro. Segundo a pesquisa, esses são apenas 11%. Como os candidatos da “terceira via” somam 24%, isso indica que mais da metade deles ainda pode migrar para Lula ou Bolsonaro, em caso de se decidirem por um “voto estratégico”.

Uma maioria de 48% votaria em Lula, mas não em Bolsonaro, ao passo que outros 30% aceitariam votar em Bolsonaro, mas jmais em Lula.

Lula e Ciro são os candidatos com menor rejeição pesquisa: ambos tem 41% de eleitores que dizem não votar neles de jeito nenhum.

O potencial de votos de Lula se destaca pelo alto grau de decisão de seus eleitores: 35% responderam que Lula é o “unico em quem votariam”, percentual que cai para apenas 6% entre eleitores de Ciro.

Moro tem seus 8% de eleitores que responderam que ele seria o “único” em quem votariam.

Mas o segundo lugar é ocupado firmemente por Bolsonaro, que tem 25% de eleitores cativos, que responderam que o presidente seria o “único”.

A pesquisa levantou ainda dados sobre o uso de redes sociais no processo de se informar sobre as eleições. Os campeões são: youtube, facebook, whatsapp e instagram.

Apenas 13% dos eleitores disseram que usam Twitter e o usam para se informar sobre o processo eleitoral. Importante notar, contudo, que as respostas são “únicas”, ou seja, é muito provável que o mesmo que apontou o youtube, por exemplo, também se utilize de outras redes.

Por fim, a pesquisa também trouxe números de aprovação do governo, e estes não são bons para Bolsonaro: 61% dos entrevistados responderam que desaprovam a “forma como Jair Bolsonaro está governando o Brasil”.

Mas outros 34% disseram que aprovam, e são estes, ao que parece, que vem garantindo a presença de Bolsonaro no segundo turno.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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