Dividendo recorde da Petrobrás, de R$ 87,8 bilhões no trimestre, é imoral, fruto da transferência de renda do trabalhador, diz FUP

Rio de Janeiro - Edifício sede da Petrobras no Centro do Rio. (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Superlucro foi impulsionado pela alta de preços de derivados no mercado interno e acionistas estrangeiros ficam com a maior parcela: 44,8% do total a ser pago

Para a Federação Única dos Petroleiros (FUP), o dividendo recorde de R$ 87,81 bilhões da Petrobrás, no segundo trimestre do ano, é imoral. Reduz a capacidade de investimento da empresa e representa transferência de renda do trabalhador brasileiro em meio à escalada de reajustes dos combustíveis e da inflação provocadas pela equivocada política de preço de paridade de importação (PPI).

O desempenho financeiro da companhia foi divulgado na noite de quinta-feira, 28, trazendo superlucro líquido de R$ 54,3 bilhões no segundo trimestre – alta de 22% em relação aos primeiros três meses do ano. O lucro líquido no semestre, de R$ 98,9 bilhões, cresceu 124,6%. Porém, os investimentos em exploração e produção (E&P) caíram 14,7%, em dólar, na comparação semestral.

“O dividendo deste trimestre e os R$ 48,4 bilhões registrados no primeiro trimestre somam R$ 137,1 bilhões no semestre do ano, o que representa mais do que o ano passado todo e supera os dividendos pagos para um ano inteiro ao longo da história da Petrobrás. É recorde para um trimestre, é recorde para um semestre, é recorde para qualquer ano anterior”, destacou o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.

Ele lembra que os valores são ainda maiores: “Observando o que foi pago em 2022 (R$ 38,3 bilhões), referente ao ano de 2021, chegamos a R$ 175,4 bilhões até setembro. Considerando que a Petrobrás ainda vai distribuir o resultado do terceiro trimestre neste ano, podemos atingir cerca de R$ 200 bilhões em 2022. É um escárnio, uma verdadeira festa de fim de governo. Festa da ilha fiscal 2”.

Para Bacelar, a política de gordos dividendos é uma perversa forma de concentração de renda, que beneficia sobretudo acionistas privados. Os acionistas estrangeiros ficam com a maior parcela, 44,8% do total dos dividendos distribuídos.

O dirigente da FUP observou que “o aumento das receitas de vendas dos derivados no mercado interno, decorrente da alta dos preços reajustados pelo PPI, foi o principal fator dos elevados lucros operacionais da Petrobrás no segundo trimestre e nos primeiros seis meses do ano. O superlucro e a escalada da inflação caminham juntos”, afirmou.

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