Jornalista de investigação diz que Marinha dos EUA fez explodir Nord Stream

REUTERS/Hannibal Hanschke/Direitos Reservados

As alegações de Seymour Hersh foram desmentidas pela Casa Branca. Os dois gasodutos que ligam a Rússia à Europa Central sofreram danos devido a explosões em Setembro.

Publicado em 08/02/2023 – 18:39

Por PÚBLICO e Agências

Público — O jornalista de investigação norte-americano Seymour Hersh publicou uma reportagem em que aponta a Marinha dos EUA como responsável pelas explosões nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, em setembro do ano passado. Moscou diz que Washington deve dar explicações e a Casa Branca afirma que as alegações do jornalista são “totalmente falsas”.

De acordo com a investigação de Hersh, publicada no seu site pessoal, os danos causados aos gasodutos foram produto de uma operação secreta dos EUA para sabotar as infraestruturas.

Mergulhadores treinados especificamente para missões militares foram enviados para o mar Báltico em junho, durante exercícios navais com outros países, com o objetivo de instalar explosivos com detonação remota nos gasodutos. Três meses depois, um avião da Marinha norueguesa lançou uma boia hidroacústica na zona onde se encontravam os explosivos, detonando-os.

O trabalho de Hersh foi feito a partir de relatos de apenas uma fonte anónima “com conhecimento direto do planeamento operacional” da missão.

O jornalista ganhou notoriedade em 1970, quando revelou o massacre de My Lai, no Vietnã, cometido pelas forças norte-americanas, pelo qual recebeu o Prêmio Pullitzer. Mais recentemente, Hersh divulgou pormenores sobre os abusos de direitos humanos cometidos contra suspeitos na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, operada pelos EUA.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, disse que “a Casa Branca deve comentar todos estes fatos”, referindo-se às alegações publicadas por Hersh.

Enquanto a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, considerava o relato feito pelo jornalista “totalmente falso e uma ficção completa”, citada pela Reuters.

A 26 de Setembro, a Nord Stream 2 AG, a empresa que opera o gasoduto com o mesmo nome, revelou ter identificado uma fuga de gás numa das condutoras perto da ilha dinamarquesa de Bornholm. Mais tarde foram identificados danos no Nord Stream 1, outro gasoduto que também liga a Rússia à Europa Central.

Na altura, o Governo russo disse tratar-se de um atentado terrorista e apontou o dedo aos países ocidentais. Os EUA e a NATO não excluíram a hipótese de se estar perante um ato de sabotagem e investigações da Suécia e da Dinamarca concluíram que os danos foram causados por explosões, embora não tenham sido capazes de indicar a sua autoria.

Cláudia Beatriz:
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