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Indústria retoma liderança em crédito do BNDES e ultrapassa agronegócio pela primeira vez desde 2017

As liberações de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltaram a favorecer a indústria no primeiro semestre de 2025, interrompendo um ciclo de predominância do agronegócio que durava desde 2017. Segundo dados oficiais divulgados pela instituição, o setor industrial respondeu por 24,9% das aprovações de crédito no período, superando o agronegócio, […]

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Tomaz Silva/Agência Brasil

As liberações de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltaram a favorecer a indústria no primeiro semestre de 2025, interrompendo um ciclo de predominância do agronegócio que durava desde 2017. Segundo dados oficiais divulgados pela instituição, o setor industrial respondeu por 24,9% das aprovações de crédito no período, superando o agronegócio, que ficou com 23,7%.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, atribuiu esse resultado às diretrizes estabelecidas pela Nova Indústria Brasil, política pública que tem direcionado os financiamentos do banco a setores industriais estratégicos.

“A retomada do protagonismo da indústria é resultado especialmente da Nova Indústria Brasil, que significou um salto de qualidade no crédito oferecido pelo BNDES para o setor, com instrumentos essenciais para segmentos específicos como inovação e digitalização”, declarou Mercadante.

A mudança de cenário marca a consolidação de uma tendência que começou no ano anterior. Em 2024, o BNDES aprovou R$ 212,6 bilhões em crédito. Desse total, R$ 52,4 bilhões foram destinados à indústria, representando um crescimento de 132% em relação a 2022. No mesmo intervalo, a agropecuária também cresceu, mas em ritmo inferior: 92%, atingindo R$ 52,3 bilhões.

O desempenho de 2024 já havia sinalizado uma inflexão no perfil dos investimentos do banco. Foi a primeira vez, desde 2017, que o crédito aprovado para a indústria superou o destinado ao setor agropecuário. Agora, com os dados do primeiro semestre de 2025, essa guinada se confirma.

Apesar da inversão na liderança, o presidente do banco reforçou que o agronegócio continua com forte demanda por financiamento e poderá se beneficiar mais intensamente nos próximos meses. “As aprovações de crédito para o agronegócio seguem muito fortes e tendem a ganhar maior tração no segundo semestre, com o novo Plano Safra”, afirmou Mercadante.

O crescimento do crédito industrial está atrelado, segundo o BNDES, a projetos que envolvem modernização tecnológica, digitalização de processos produtivos e incentivo à inovação. As linhas de financiamento têm sido direcionadas de forma segmentada, priorizando áreas consideradas estratégicas pela Nova Indústria Brasil.

A política pública em questão tem como foco a reindustrialização do país por meio de investimentos em cadeias produtivas de alto valor agregado. Um dos pilares do programa é facilitar o acesso a crédito para empresas com foco em pesquisa, desenvolvimento e transformação digital. Isso, na avaliação do BNDES, tem impulsionado o crescimento nas aprovações de crédito voltadas ao setor.

Em contrapartida, o agronegócio, mesmo com leve retração relativa no primeiro semestre, mantém uma base sólida de financiamentos e deve ser impulsionado com mais intensidade ao longo do segundo semestre, com a execução das medidas previstas no novo Plano Safra.

O movimento atual representa um realinhamento estratégico nas prioridades de financiamento do banco. A inversão na ordem dos setores mais contemplados não significa redução no apoio ao campo, mas sim uma tentativa de reequilibrar o papel da indústria na economia nacional, especialmente diante dos objetivos de modernização tecnológica e competitividade internacional.

A última vez que a indústria havia superado o agronegócio em volume de crédito aprovado pelo BNDES foi em 2017. Desde então, o setor agropecuário vinha liderando com folga, impulsionado por safras recordes, aumento das exportações e demanda por mecanização e insumos.

A reversão verificada em 2025 deve abrir espaço para novas disputas por protagonismo entre os setores nos próximos ciclos de financiamento. Com o foco do governo federal na neoindustrialização e a manutenção dos incentivos à produção agropecuária, o BNDES seguirá desempenhando um papel central no direcionamento de investimentos estruturantes.

No balanço do primeiro semestre, o desempenho da indústria marca um ponto de inflexão na estratégia de financiamento público federal. O desfecho do ano dependerá do ritmo de execução do Plano Safra e da continuidade dos programas voltados à modernização industrial.

O banco não divulgou ainda os valores totais de crédito aprovados nos primeiros seis meses de 2025, mas indicou que o volume geral acompanha o ritmo de crescimento observado no ano anterior. A disputa entre indústria e agronegócio por fatias maiores do crédito do BNDES promete se intensificar nos próximos meses.

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