Com a entrada em vigor das novas tarifas de 50% sobre produtos brasileiros determinadas pelos Estados Unidos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalizou um pacote de medidas para mitigar os impactos econômicos da decisão. A taxação, oficializada pelo presidente Donald Trump, atinge setores estratégicos da economia brasileira e já provoca reações no Palácio do Planalto.
Segundo informações divulgadas por veículos como Bloomberg Línea e CNN Brasil, o plano de contingência inclui linhas de crédito com juros subsidiados, prorrogação de dívidas, suporte à folha de pagamento e reforço em seguros à exportação. A expectativa do governo é acionar essas medidas de forma imediata, conforme a efetivação da tarifa norte-americana.
Entre as ações previstas está a criação de uma linha de financiamento operada pelo BNDES com juros reduzidos. O crédito será garantido por um fundo público e terá como foco principal empresas exportadoras com perdas de competitividade em função da nova política tarifária dos EUA. O objetivo é garantir capital de giro e evitar paralisações nas cadeias produtivas.
Também está em análise a possibilidade de prorrogação de prazos de pagamento de dívidas das companhias afetadas. Além disso, o governo estuda adquirir estoques de produtos destinados à exportação que possam ficar encalhados com a nova barreira comercial. A medida visa evitar perdas imediatas para a indústria nacional.
Outra ação em discussão é o apoio parcial à folha de pagamento de empresas exportadoras, a exemplo do que foi adotado durante a pandemia. O mecanismo seria voltado à preservação de empregos em setores mais impactados pelas tarifas. O reforço dos seguros de exportação também faz parte do plano. A cobertura contra inadimplência e riscos comerciais poderá ser ampliada por meio de recursos adicionais.
Para viabilizar o pacote sem comprometer a meta fiscal, o governo avalia a edição de uma medida provisória ou decreto que autorize a liberação de crédito extraordinário. A iniciativa permitiria a implementação imediata das medidas em resposta aos efeitos econômicos causados pelas tarifas norte-americanas.
O plano foi elaborado por um grupo interministerial com participação das pastas da Fazenda, Desenvolvimento, Relações Exteriores e Casa Civil. O documento final foi entregue ao presidente Lula pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no fim de julho.
A estimativa do governo federal é de que cerca de 10 mil empresas brasileiras sejam impactadas diretamente pela medida. No estado de São Paulo, projeções apontam que o tarifaço pode provocar uma retração de até 2,7% no Produto Interno Bruto (PIB) estadual e a perda de aproximadamente 120 mil postos de trabalho.
Entre os setores mais atingidos estão carne bovina, café, suco de frutas, aço e aeronaves. Esses segmentos respondem por uma parcela significativa das exportações brasileiras para os Estados Unidos, que agora enfrentam aumento significativo nos custos para acessar aquele mercado.
Apesar da adoção do pacote emergencial, o governo mantém a disposição de buscar uma solução negociada com Washington. “Seguimos abertos ao diálogo, mas o Brasil não ficará parado diante de medidas que atentam contra sua economia”, disse uma fonte do governo à imprensa na última semana.
A tarifa de 50% anunciada por Donald Trump foi formalizada em julho e entrou em vigor nesta quarta-feira (6). Embora a medida tenha excluído alguns produtos na versão final, o impacto sobre o comércio bilateral é relevante: cerca de 4% das exportações totais do Brasil aos Estados Unidos serão afetadas.
O governo brasileiro acompanha o desenrolar da situação e promete agir com firmeza para proteger a indústria e os empregos nacionais diante do avanço do protecionismo norte-americano. As ações de resposta poderão ser ampliadas de acordo com o comportamento do mercado internacional e possíveis desdobramentos diplomáticos.


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