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China abre portas para sorgo brasileiro e desafia EUA

A decisão reforça o potencial do Brasil no comércio internacional e desafia décadas de liderança dos EUA no mercado de sorgo Em um movimento que promete redefinir a dinâmica do comércio global de grãos, a China aprovou a importação de sorgo brasileiro, informou uma autoridade do Ministério da Agricultura do Brasil à Reuters. De acordo […]

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A China autoriza importações de sorgo do Brasil, oferecendo alternativa ao fornecimento norte-americano e abrindo novas oportunidades para produtores.
Com crescimento recorde da produção, o Brasil mira expansão estratégica e consolidação como fornecedor confiável para a Ásia / Reuters

A decisão reforça o potencial do Brasil no comércio internacional e desafia décadas de liderança dos EUA no mercado de sorgo


Em um movimento que promete redefinir a dinâmica do comércio global de grãos, a China aprovou a importação de sorgo brasileiro, informou uma autoridade do Ministério da Agricultura do Brasil à Reuters. De acordo com o coordenador de inspeção e certificação fitossanitária internacional do ministério, Eduardo Porto Magalhães, os primeiros carregamentos podem ser enviados ainda este ano, oferecendo uma alternativa à queda abrupta das exportações dos Estados Unidos, tradicionalmente o maior fornecedor do cereal para o país asiático.

O anúncio ocorre em um momento de tensões crescentes entre China e EUA, exacerbadas pelas tarifas comerciais impostas pelo presidente americano, Donald Trump, que afetaram diretamente o fluxo de sorgo norte-americano. Segundo dados do US Census Bureau, as exportações de sorgo dos EUA para a China até julho deste ano atingiram apenas 82.323 toneladas métricas, uma queda de 97% em relação ao mesmo período de 2024.

Reação do setor norte-americano

Craig Meeker, fazendeiro do Kansas e ex-presidente do grupo industrial National Sorghum Producers, descreveu a medida como preocupante:

“Vimos o Brasil se tornar um competidor formidável em outras commodities, e esse desenvolvimento no sorgo é profundamente preocupante. Os produtores dos EUA passaram 15 anos construindo um relacionamento com a China como um fornecedor confiável e de qualidade, e não levamos levianamente o impacto potencialmente devastador que isso pode ter em nosso mercado.”

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O impacto econômico para os produtores norte-americanos pode ser significativo, especialmente considerando que a China vinha sendo um dos principais destinos das exportações de sorgo dos EUA.

Caminho para o comércio Brasil-China

Segundo Magalhães, a autorização chinesa segue uma visita de uma delegação chinesa ao Brasil em agosto, que reuniu representantes do setor e produtores de sorgo. A intenção de importar sorgo brasileiro havia sido anunciada pela primeira vez durante a visita de Estado do presidente Xi Jinping a Brasília, em novembro de 2024, marcando uma retomada das relações bilaterais no setor agrícola.

“Os próximos passos são registrar empresas, exportadores e produtores brasileiros que pretendem exportar para a China. Já concluímos a primeira rodada de registros dessas empresas e agora vamos submetê-los à China”, explicou Magalhães.

O governo brasileiro projeta que as primeiras exportações podem ocorrer nos próximos 60 dias, embora representantes do grupo brasileiro de produtores de sorgo e milho Abramilho tenham afirmado em agosto não esperar enviar a safra atual para o país asiático.

Brasil mira crescimento no mercado global

A produção de sorgo do Brasil dobrou nos últimos anos, chegando a 4,4 milhões de toneladas na temporada 2023/24, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Apesar desse avanço, o país ainda representa menos de 1% do mercado internacional, o que evidencia o potencial de crescimento com o acesso ao mercado chinês.

Pedro Ottoni, diretor da Aliança Internacional do Milho e produtor de sorgo, avaliou que a demanda chinesa pode incentivar a expansão do cultivo:

“Acredito que a demanda por exportações de sorgo incentivará o crescimento do plantio de sorgo aqui no Brasil. O país vai se destacar na produção mundial de sorgo.”

Implicações estratégicas

A decisão chinesa representa um golpe indireto para os EUA, que perderam seu monopólio histórico na exportação de sorgo para o país asiático. Além de abrir espaço para o Brasil, a medida reforça a estratégia da China de diversificar fornecedores e reduzir dependência de um único país, em um contexto de disputas comerciais e tensões políticas.

Com o mercado global de sorgo passando por transformações rápidas, o Brasil se posiciona como novo competidor de peso, enquanto os Estados Unidos enfrentam o desafio de recuperar terreno perdido em um mercado que, historicamente, dominavam.

Com informações de Reuters*

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