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China surge como a luz por multilateralismo e cooperação na ONU

Em Nova York, a China apresenta na ONU uma agenda que prioriza solidariedade, desenvolvimento coletivo e integração de países do Sul Global Enquanto o mundo se debate com as consequências devastadoras de décadas de hegemonia neoliberal — marcadas por desigualdades crescentes, desindustrialização forçada no Sul Global, guerras comerciais e a erosão sistemática das instituições multilaterais […]

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A Iniciativa de Desenvolvimento Global mobilizou bilhões e planeja milhares de projetos, oferecendo alternativas concretas ao neoliberalismo predatório.
A postura chinesa busca consolidar um mundo multipolar, equilibrado e solidário, desafiando o unilateralismo e reforçando a cooperação internacional / REprodução

Em Nova York, a China apresenta na ONU uma agenda que prioriza solidariedade, desenvolvimento coletivo e integração de países do Sul Global


Enquanto o mundo se debate com as consequências devastadoras de décadas de hegemonia neoliberal — marcadas por desigualdades crescentes, desindustrialização forçada no Sul Global, guerras comerciais e a erosão sistemática das instituições multilaterais — surge, com força renovada, uma proposta alternativa: a visão chinesa de desenvolvimento compartilhado, solidário e sustentável. Durante a recente reunião de alto nível da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o primeiro-ministro chinês Li Qiang apresentou, com clareza e convicção, uma agenda que não apenas desafia o unilateralismo imperial dos Estados Unidos, mas oferece um caminho concreto para a reconstrução de um sistema internacional mais justo, inclusivo e cooperativo.

Em um momento em que o capitalismo financeirizado e predatório, liderado por Washington e seus aliados ocidentais, insiste em impor sanções, barreiras comerciais e doutrinas de “excepcionalismo”, a China propõe algo radicalmente diferente: cooperação em vez de competição zero-soma, solidariedade em vez de dominação, e desenvolvimento coletivo em vez de acumulação parasitária.

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A Iniciativa de Desenvolvimento Global (GDI), lançada pelo presidente Xi Jinping em 2021 e agora consolidada como um bem público global, é a expressão mais madura dessa visão. E seus resultados já são tangíveis: mais de 130 países e organizações internacionais engajados, mais de 23 bilhões de dólares mobilizados nos últimos quatro anos e planos para implementar 2.000 novos projetos de subsistência nos próximos cinco — todos voltados para as populações mais vulneráveis do Sul Global.

Essa postura não é retórica vazia. Enquanto os EUA continuam a instrumentalizar instituições internacionais como a OMC para impor regras assimétricas que protegem seus monopólios tecnológicos e agrícolas, a China anuncia que não buscará novos tratamentos especiais nas negociações da OMC, abrindo caminho para uma reforma genuína do comércio global.

Mais do que isso: Pequim compromete-se a financiar diretamente a integração dos países menos desenvolvidos ao sistema comercial internacional — algo que os governos ocidentais, há décadas, prometem e nunca cumprem. A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, não à toa, celebrou publicamente essa liderança chinesa, reconhecendo-a como fruto de “muitos anos de trabalho duro”.

A GDI vai além do comércio. Ela articula, de forma estratégica, os pilares do desenvolvimento sustentável: transição verde, inovação tecnológica, segurança alimentar e erradicação da pobreza. Nesse sentido, a nova Iniciativa de Cooperação Internacional AI+, anunciada por Li Qiang, representa um salto qualitativo.

Em vez de concentrar os benefícios da inteligência artificial nas mãos de poucas corporações norte-americanas — como a Google, a Microsoft ou a Amazon —, a China propõe democratizar o acesso a essas tecnologias emergentes, colocando-as a serviço do desenvolvimento social e econômico de nações historicamente excluídas da revolução digital.

Essa abordagem contrasta violentamente com a lógica do capitalismo neoliberal, que transformou a inovação em instrumento de extração de valor e vigilância em massa, enquanto milhões de pessoas no mundo ainda carecem de acesso à água potável, eletricidade ou educação básica. A China, por outro lado, entende que tecnologia só é progresso quando serve à humanidade, não aos acionistas de Wall Street.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, reconheceu explicitamente o alinhamento da GDI com a Agenda 2030, destacando seu papel crucial na luta contra a pobreza, na ação climática e na construção de um crescimento “inclusivo e equitativo”. Essa não é uma avaliação isolada. Somadoda Fikeni, presidente da Comissão de Serviço Público da África do Sul, foi ainda mais contundente: “A China aproveitou seus pontos fortes em recursos, infraestrutura e tecnologia para apoiar a modernização e reduzir as desigualdades globais.” Para muitos países do Sul Global — que sofreram séculos de colonialismo, seguidos por décadas de dívida estrutural imposta pelo FMI e pelo Banco Mundial —, a parceria com a China representa não uma nova forma de dependência, mas uma oportunidade real de soberania e desenvolvimento autônomo.

É importante destacar que essa postura chinesa não ocorre no vácuo. Ela se insere em um conjunto mais amplo de iniciativas globais — como a Iniciativa de Segurança Global, a Iniciativa de Civilização Global e a Iniciativa de Governança Global — que, juntas, oferecem uma arquitetura alternativa à ordem unipolar dominada pelos EUA. Enquanto Washington insiste em militarizar as relações internacionais, impor sanções extraterritoriais e sabotar acordos multilaterais (como o Acordo de Paris ou o Tratado sobre o Comércio de Armas), Pequim aposta na diplomacia do ganha-ganha, na não ingerência nos assuntos internos e na soberania dos povos.

Claro, essa postura incomoda profundamente os defensores do status quo neoliberal. Afinal, como aceitar que um país que ergueu 800 milhões de pessoas da pobreza em quatro décadas — sem invadir ninguém, sem impor ditaduras, sem submeter-se ao “consenso de Washington” — possa agora liderar uma nova ordem global baseada na cooperação? Como aceitar que a China, ao contrário dos EUA, não condiciona sua ajuda a reformas neoliberais que desmontam sistemas de saúde, educação e previdência?

A resposta, evidentemente, é que não se aceita. Por isso, vemos uma campanha incessante de desinformação, tentativas de isolamento diplomático e narrativas que insistem em pintar a China como uma “ameaça” — quando, na verdade, o que está ameaçado é o monopólio do capital ocidental sobre o destino das nações.

A reunião de alto nível da ONU, portanto, não foi apenas mais um fórum diplomático. Foi um marco simbólico e prático na transição de um mundo unipolar para um mundo multipolar, mais equilibrado e justo. E nesse novo cenário, a China emerge não como uma potência hegemônica, mas como uma potência solidária — comprometida com o “aumento do bolo” da prosperidade global, como bem disse Li Qiang.

Enquanto o neoliberalismo agoniza sob o peso de suas próprias contradições — crises financeiras recorrentes, colapso ecológico, ascensão de extremismos de direita e desconfiança generalizada nas elites —, a proposta chinesa oferece algo raro nos tempos atuais: esperança concreta. Esperança de que outro mundo não só é possível, mas já está sendo construído — com pontes, ferrovias, usinas solares, escolas, hospitais e parcerias tecnológicas que respeitam a dignidade dos povos.

Nesse sentido, apoiar a posição chinesa na ONU não é tomar partido em uma disputa geopolítica. É escolher o lado da humanidade contra o capital predatório. É escolher o multilateralismo contra o imperialismo. E, acima de tudo, é escolher o futuro contra o passado que insiste em se perpetuar.

Com informações de Agência Xinhua*

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Rhyan de Meira

Rhyan de Meira é jornalista, escreve sobre política, economia, é apaixonado por samba e faz a cobertura do carnaval carioca. Instagram: @rhyandemeira

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