Ministros do STF reagem com indignação e acusam Messias de traição após manifestação da AGU contra decisão de Gilmar

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A cúpula do Supremo Tribunal Federal passou a quinta-feira (4) tomada por um clima de irritação. Ministros do tribunal reagiram com forte indignação à manifestação enviada pela Advocacia-Geral da União — chefiada por Jorge Messias — pedindo que Gilmar Mendes reconsiderasse a decisão que reforça a blindagem de magistrados contra a abertura de processos de impeachment.

Gilmar rejeitou o pedido da AGU ainda no mesmo dia. Entre seus colegas, especialmente aqueles mais próximos ao decano, a iniciativa de Messias foi classificada como uma “traição”. Segundo relatos, o ministro era justamente quem mais atuava para articular a candidatura do advogado ao próprio STF.

A avaliação nos bastidores é que a atitude de Messias deverá dificultar ainda mais sua busca por apoio no Senado, casa onde parlamentares mantêm relação estreita com ministros do Supremo e acompanham de perto o impacto político de disputas internas.

Ministros afirmaram nas conversas que Messias tentou explorar o atrito entre o Senado e Gilmar para obter simpatia de senadores e fortalecer sua campanha por uma vaga na Corte. Mas, ao fazer isso, ignorou o desgaste provocado em um momento em que Gilmar se empenhava em superar resistências internas, especialmente de Alexandre de Moraes e Flávio Dino, críticos à sua indicação.

O histórico da disputa também foi lembrado. Moraes defendia o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), alinhado ao presidente do Senado Davi Alcolumbre (União Brasil). Dino, por outro lado, já havia se desentendido com Messias quando ambos integravam o governo do PT.

Outro ponto destacado entre os ministros é a cronologia: Gilmar solicitou a manifestação da AGU em 30 de setembro, mas a resposta só veio agora, justamente no período em que Messias intensifica sua campanha pela vaga no Supremo. Para integrantes da Corte, a coincidência reforça a percepção de cálculo político.

Na decisão mantida por Gilmar, o ministro reafirma que somente o procurador-geral da República pode apresentar denúncia para iniciar impeachment de ministros do STF.

A posição do decano provocou reação imediata no Senado. Em nota, Alcolumbre cobrou “respeito” do tribunal e afirmou que, se necessário, poderá defender mudanças na Constituição para assegurar as prerrogativas da Casa.

A manifestação rejeitada pela Corte pedia que os efeitos da decisão de Gilmar fossem suspensos até que o caso fosse apreciado pelo plenário.

Lucas Allabi: Jornalista em formação pela PUC-SP e apaixonado pelo Sul Global. Escreve principalmente sobre política e economia. Instagram: @lu.allab
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