A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro votou nesta segunda-feira (8) a favor da revogação da prisão preventiva do presidente da Casa, Rodrigo Bacellar (União Brasil). A decisão, aprovada por 42 votos a 21 (com duas abstenções), restabelece a liberdade do parlamentar, detido na última quarta-feira (3) em operação da Polícia Federal.
A suspensão da prisão ocorre no contexto da investigação da Operação Unha e Carne, que apura o vazamento de informações sigilosas de outra operação, a Operação Zargun — deflagrada em setembro e que resultou na prisão de um antigo deputado estadual acusado de envolvimento com o crime organizado.
De acordo com a Polícia Federal, Bacellar teria repassado dados sigilosos a esse ex-parlamentar, orientando inclusive a destruição de provas. A ação policial foi autorizada por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou o seu afastamento da presidência da Alerj.
Na manhã da mesma segunda-feira, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alerj aprovou o parecer que recomendava a revogação da prisão — em votação apertada. Em seguida, o plenário do Legislativo referendou a decisão.
A votação demonstrou alinhamentos partidários claros: todos os deputados presentes do União Brasil, partido de Bacellar, votaram pela soltura. Também apoiaram a revogação membros do PP, Solidariedade, Republicanos, e siglas de centro-direita e direita menores. No PL, 14 deputados votaram “sim” e 3 “não”. Dentro da oposição, o PT registrou cinco votos contra e apenas um a favor; o PSD teve 3 votos contrários e 2 favoráveis; e siglas de esquerda como PSOL, PSB e PCdoB votaram integralmente contra a proposta.
Com a revogação, o caso volta à esfera do STF. A expectativa é de que o ministro Alexandre de Moraes decida a manutenção de medidas cautelares, como o afastamento definitivo de Bacellar da presidência da Alerj.
A saída do deputado representa um desfecho parcial para os trâmites da investigação da Unha e Carne, mas a acusação de vazamento e obstrução de justiça permanece. Até o momento, não há confirmação pública de restituição de mandado de prisão ou revisão das demais medidas cautelares.
Para alguns partidos e deputados, o resultado da votação reflete uma “blindagem institucional” entre aliados políticos — em especial os que têm histórico de trânsito entre Executivo e Legislativo no estado. Para outros, representa um risco institucional, ao enfraquecer instrumentos de combate a crimes que envolvem agentes públicos.
Enquanto isso, a investigação da Operação Zargun continua em curso, com autoridades federais buscando demonstrar se houve ramificações entre agentes públicos e organizações criminosas. A revogação da prisão de Bacellar não interrompe esses inquéritos, mas transforma o cenário político e demanda novas etapas de deliberação dentro do STF.


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