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Operação da PF prende PM envolvido com o Comando Vermelho

A Operação Tredo desmonta um esquema de repasse de dados sigilosos a líderes do Comando Vermelho, envolvendo policiais treinados para atuar em áreas críticas A Polícia Federal deflagrou, nesta segunda-feira (8), a Operação Tredo, que expôs um grave esquema de infiltração criminosa dentro das forças de segurança do Rio de Janeiro. Dois policiais militares foram […]

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A Operação Tredo desmonta um esquema de repasse de dados sigilosos a líderes do Comando Vermelho, envolvendo policiais treinados para atuar em áreas críticas.
A PF afirma que a infiltração permitia que criminosos antecipassem operações, revelando falhas estruturais e a necessidade de reformas profundas / Reprodução

A Operação Tredo desmonta um esquema de repasse de dados sigilosos a líderes do Comando Vermelho, envolvendo policiais treinados para atuar em áreas críticas


A Polícia Federal deflagrou, nesta segunda-feira (8), a Operação Tredo, que expôs um grave esquema de infiltração criminosa dentro das forças de segurança do Rio de Janeiro. Dois policiais militares foram presos, ambos suspeitos de fornecer dados sigilosos de operações ao alto comando do Comando Vermelho (CV), uma das facções mais violentas do estado. A ofensiva, que incluiu 11 mandados de prisão e 6 de busca e apreensão, lançou luz sobre práticas que fragilizam o combate ao crime organizado e atingem diretamente a confiança da população nos órgãos de segurança.

Sargento do Bope é acusado de atuar como informante da cúpula do CV

Entre os detidos está o 2º sargento Rodolfo Henrique da Rosa, integrante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Ele é apontado como informante de Carlos da Costa Neves, o Gardenal, considerado gerente-geral do tráfico no Complexo da Penha e uma peça-chave na expansão da facção pela Grande Jacarepaguá. Segundo a investigação, Da Rosa não apenas repassava informações privilegiadas, mas também era responsável por escalar as equipes do próprio Bope nas operações — um poder que pode ter sido usado para driblar ações planejadas e proteger interesses do CV.

O outro preso é o policial militar Luciano da Costa Ramos Junior. Na casa dele, na Ilha do Governador, a PF encontrou e apreendeu três celulares, que agora devem auxiliar a reconstituir a teia de contatos entre agentes públicos e lideranças criminosas.

Sargento do Bope preso por ligação com o Comando Vermelho
Rodolfo Henrique da Rosa e Luciano da Costa Ramos Junior / Divulgação

As ordens judiciais foram expedidas pela 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa do Rio. Além dos dois PMs, a operação também mira nomes de peso do tráfico, como Gardenal e Edgar Alves de Andrade, o Doca, liderança mais influente do CV em liberdade. Outro alvo é Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo, já preso após a megaoperação nos conjuntos da Penha e do Alemão.

Tentativa de fuga, perseguição e prisão na Avenida Brasil

A prisão do sargento Da Rosa foi marcada por tensão e corrida policial. Três agentes federais se posicionaram na porta do condomínio do militar, em Cosmorama, Mesquita, usando uma viatura descaracterizada. O porteiro — temendo pela própria segurança, já que a área é marcada pela violência — teria avisado o policial via mensagem. Alertado, Da Rosa tentou escapar.

Ao receber voz de prisão, o sargento acelerou o carro, colidiu contra o veículo dos federais e iniciou uma fuga que percorreu vias movimentadas até terminar na Avenida Brasil, na altura de Parada de Lucas, onde ele foi finalmente detido.

Um ano de investigações e a descoberta de militares infiltrados

O processo que levou aos mandados desta segunda-feira começou muito antes. As apurações tiveram origem no compartilhamento de informações sobre um militar da Marinha que fornecia drones e treinamento para o CV — dados levantados na Operação Buzz Bomb, deflagrada pela PF em setembro de 2024.

Com autorização judicial, os investigadores cruzaram novas pistas e identificaram policiais militares que repassavam informações a chefes da facção. Segundo a PF, a intenção era sempre a mesma: frustrar operações policiais e permitir que o CV se antecipasse às ações oficiais, criando um escudo para proteger sua estrutura criminosa.

A corporação afirma que essa troca traiçoeira de informações oferecia vantagem direta ao tráfico. “O objetivo era frustrar a atuação dos órgãos de segurança nessas áreas. Tal conduta permitia que os criminosos se organizassem previamente contra ações legítimas das forças policiais”, declarou a PF.

Crimes e a simbologia da Operação Tredo

Os investigados deverão responder por uma série de crimes graves: integrar organização criminosa armada, corrupção ativa e passiva, homicídio, tráfico de drogas, porte ilegal de arma e violação de sigilo funcional. A escolha do nome da operação, Tredo — que significa “traidor”, aquele que rompe a confiança e age com deslealdade — revela a dimensão simbólica da ofensiva.

A ação mobilizou a própria PF, o Bope e a Corregedoria da PM, numa demonstração de que setores do Estado buscam reagir ao avanço da corrupção interna. Em um momento em que comunidades sofrem com a violência diária e com a ausência de políticas públicas consistentes, a revelação de que agentes treinados para proteger a população trabalhavam a serviço do crime organizado reforça a urgência de reformas estruturais e de maior controle sobre as corporações.

A investigação continua, e novos desdobramentos podem surgir à medida que o material apreendido for analisado. Para um estado historicamente marcado por crises de segurança, o caso reacende debates sobre responsabilidade, transparência e o papel do poder público no enfrentamento ao crime — especialmente quando a ameaça parte de dentro das próprias instituições.

Via Rio Carta*

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