Ouro e prata atingem máximas históricas com tensões comerciais e expectativas de cortes de juros nos EUA, reforçando procura por ativos seguros
O ouro atingiu nesta segunda-feira (13) um recorde histórico, impulsionado pela busca por ativos considerados portos seguros em meio às crescentes tensões comerciais entre Estados Unidos e China, além das expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed). A prata também registrou máxima histórica, refletindo o mesmo cenário de aversão a risco e demanda por metais preciosos.
O ouro à vista avançou 0,7%, para US$ 4.044,29 por onça, chegando a US$ 4.059,30 no início da sessão, segundo dados das 02h53 GMT. Já os contratos futuros de ouro para dezembro subiram 1,6%, para US$ 4.062,50.
O aumento repentino nos preços está diretamente ligado às recentes ações do presidente americano Donald Trump, que na sexta-feira anunciou tarifas de 100% sobre produtos chineses importados pelos EUA, além de novos controles de exportação de softwares essenciais a partir de 1º de novembro. Essas medidas foram uma resposta às restrições da China sobre elementos e equipamentos de terras raras, que Pequim defendeu como justificadas, mas sem impor novas taxas sobre produtos americanos.
“É interessante porque os acontecimentos recentes no Oriente Médio foram um fator favorável para o mercado de ouro, mas agora temos esse ressurgimento de riscos devido às tensões comerciais inflamadas entre os EUA e a China”, afirmou Kyle Rodda, analista da Capital.com.
A prata à vista subiu 2%, atingindo US$ 51,52 por onça, impulsionada pelo mesmo cenário que beneficia o ouro, além da rigidez do mercado à vista. O Goldman Sachs apontou que os preços da prata devem continuar subindo no médio prazo devido aos fluxos de investimentos privados, embora o banco destaque que a volatilidade no curto prazo pode ser maior, com riscos de queda em comparação ao ouro.
O ouro acumulou ganhos de 54% no ano, sustentado por fatores como riscos geopolíticos, fortes compras por bancos centrais, entradas em fundos negociados em bolsa, expectativas de cortes de juros do Fed e incertezas econômicas provocadas pelas tarifas comerciais. Os mercados já precificam quase certa uma redução de 25 pontos-base na taxa de juros em outubro, seguida por outro corte semelhante em dezembro, de acordo com o FedWatch.
O presidente do Fed, Jerome Powell, deve se pronunciar na reunião anual da NABE na terça-feira, trazendo potencial impacto para a percepção dos investidores sobre a política monetária. Outros membros do Fed também terão discursos ao longo da semana, mantendo o foco do mercado na direção das taxas de juros.
No cenário interno americano, Trump voltou a culpar os democratas pela decisão de demitir milhares de funcionários federais durante a paralisação do governo, que começou em 1º de outubro e provocou atrasos na divulgação de dados econômicos importantes.
Além das questões comerciais e econômicas, os mercados também reagiram a desenvolvimentos geopolíticos no Oriente Médio. Vários líderes mundiais, incluindo Trump, se reuniram no Egito nesta segunda-feira para discutir planos de cessar-fogo em Gaza, com expectativa de avanço na resolução do conflito.
Outros metais preciosos também registraram fortes ganhos:
- Platina subiu 2,6%, para US$ 1.628,80
- Paládio avançou 2,6%, para US$ 1.442,06
O movimento histórico do ouro e da prata reflete, assim, a combinação de tensão comercial, incertezas geopolíticas e expectativas de estímulos monetários, consolidando os metais preciosos como uma alternativa segura em tempos de volatilidade global.


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