Menu

Elias Jabbour alerta para interesse dos EUA em terras raras e cobra revisão das leis sobre o setor no Brasil

O economista e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Elias Jabbour, publicou neste domingo (27) uma análise nas redes sociais relacionando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao aumento do interesse internacional nas terras raras — minerais estratégicos usados nas indústrias […]

sem comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

O economista e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Elias Jabbour, publicou neste domingo (27) uma análise nas redes sociais relacionando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao aumento do interesse internacional nas terras raras — minerais estratégicos usados nas indústrias tecnológica, militar e energética.

Em publicação na plataforma X (antigo Twitter), Jabbour afirmou que “mais um capítulo humilhante que a extrema-direita produz sobre si mesma” está em andamento, referindo-se à postura de setores conservadores diante da aproximação entre Brasil e Estados Unidos. Para ele, o movimento de Trump evidencia a intenção de “avançar sobre as terras raras brasileiras”, o que exigiria “uma revisão completa das leis que regem esse ativo estratégico”.

Terras raras e a disputa global por tecnologia

O economista situou sua análise no contexto da disputa econômica entre Estados Unidos e China pelo domínio de cadeias produtivas de alta tecnologia. As terras raras — um grupo de 17 elementos químicos usados na fabricação de chips, baterias, turbinas, veículos elétricos e sistemas de defesa — tornaram-se peça central da competição entre as duas potências.

Segundo Jabbour, os Estados Unidos não possuem capacidade produtiva nem tecnológica para processar esses minerais, o que os torna dependentes da China, líder mundial na extração e refino. “Essa dependência revela mais um motivo para nossa relação com a China ser outra”, escreveu o professor.

Atualmente, a China é responsável por mais de 70% da produção global de terras raras, e cerca de 90% do refino desses elementos passa por instalações chinesas. Já o Brasil possui uma das maiores reservas conhecidas do mundo, concentradas principalmente em Minas Gerais, Goiás, Bahia e no Amazonas, o que o coloca em posição estratégica nesse cenário de reconfiguração geoeconômica.

Brasil e o desafio da soberania tecnológica

Na avaliação de Jabbour, o Brasil deve aproveitar o ambiente de tensão entre Washington e Pequim para fortalecer sua autonomia industrial e científica. “Devemos aproveitar esse momento ‘bipolar’ para impor aos chineses acesso às tecnologias que somente eles têm”, afirmou.

O economista defende que uma nova aliança tecnológica com a China poderia permitir ao país agregar valor à produção mineral, reduzindo a exportação de matérias-primas sem beneficiamento e abrindo caminho para uma nova revolução industrial. “Isso poderia garantir uma nova revolução industrial ao Brasil”, completou.

Revisão legal e política industrial

Jabbour também defende uma revisão do marco regulatório brasileiro sobre terras raras, atualmente disperso em diferentes normas da Agência Nacional de Mineração (ANM) e do Ministério de Minas e Energia (MME). Segundo ele, a falta de um plano nacional específico para exploração, pesquisa e industrialização desses minerais cria vulnerabilidades diante do interesse estrangeiro.

A discussão ganha relevância no momento em que o governo brasileiro busca atrair investimentos para o setor de minerais críticos, dentro da agenda de transição energética e neoindustrialização verde. O tema tem sido tratado em articulação com os ministérios da Indústria, Minas e Energia, Relações Exteriores e Ciência e Tecnologia.

Pressões externas e novo eixo diplomático

O debate sobre as terras raras ocorre em meio ao aprofundamento das relações entre Brasil e Estados Unidos, que discutem novas parcerias no setor mineral, e à continuidade da cooperação com a China, principal parceiro comercial do país. O governo de Donald Trump tem manifestado interesse explícito em acesso a minerais estratégicos brasileiros, considerados vitais para a segurança nacional americana.

Para Jabbour, esse contexto reforça a importância de o Brasil preservar sua soberania sobre o setor e definir uma estratégia própria de industrialização. Ele argumenta que os recursos naturais devem ser instrumentos de desenvolvimento interno e não de dependência externa.

“As terras raras não podem seguir o mesmo caminho do ouro, do ferro e da soja. Precisam estar no centro de um novo projeto nacional de desenvolvimento”, concluiu o economista.

Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!


Leia mais

Recentes

Recentes