O governo de Lula caminha para fechar o mandato com um índice de inflação acumulada estimado em 19,11% ao longo dos quatro anos, segundo cálculo da Fundação Getulio Vargas (FGV) encomendado pela Folha de S.Paulo. Se confirmado, esse resultado será o menor em mais de 25 anos, superando inclusive o segundo mandato de Lula e ficando abaixo de índices observados em gestões anteriores após a adoção do regime de metas em 1999.
Apesar da estimativa favorável, interlocutores do governo reconhecem que o desafio para 2026 permanece significativo. Ainda que os números mostrem desempenho técnico positivo, a percepção de inflação entre a população segue elevada, e o governo avalia que a melhora “não chegou de forma uniforme” aos domicílios — especialmente em itens de consumo mais impactados, como alimentação.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem destacado o resultado como um marco: “O senhor [Lula] vai terminar o terceiro mandato com a menor inflação acumulada da história do Brasil. O mais importante é que o senhor está batendo esse próprio recorde”, disse em evento oficial.
Entre os fatores creditados para essa trajetória estão estabilização das expectativas de inflação, manutenção da taxa básica de juros em níveis elevados durante parte do período e políticas de assistência social focadas em renda. No entanto, analistas alertam que a população ainda sente os reflexos de altas em alguns itens essenciais: “Se a carne sobe 20% e o seu salário sobe 4%, você vai comer menos carne… vai perder qualidade de vida”, exemplifica o economista André Braz, da FGV.
O cenário para 2026 reúne riscos que permanecem no radar do governo: expectativas de inflação elevadas, pressões sobre custos e insumos importados, e a necessidade de avançar com reformas para dar sustentação à política econômica em ano eleitoral. O governo reconhece que será preciso manter foco em programas de transferência de renda e ações de contenção para que o bom desempenho técnico possa se traduzir em melhoria concreta para os consumidores.


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