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A faca no pescoço de Lew

Na porta do STF, há uma estátua com o símbolo da justiça: uma figura com uma banda nos olhos, representando a imparcialidade da justiça. Nunca gostei muito desse símbolo, por achá-lo irreal e negativo.

6 comentários
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Na porta do STF, há uma estátua: uma figura com uma banda nos olhos, representando a imparcialidade da justiça. Nunca gostei muito desse símbolo, por achá-lo irreal e negativo. A justiça deve ser imparcial sim, mas jamais cega. Ela deve enxergar muito bem as entrelinhas por onde as piores injustiças se escondem, sobretudo nos dias de hoje.

Além do mais, é uma imagem irreal e por isso ineficiente. Os ministros do STF não são cegos, nem transitam no meio de cegos. Eles frequentam vôos comerciais, a zona sul do Rio, aberturas de exposição, lugares frequentados sempre pela elite. Esta é a força dos meios de comunicação. Eles não conseguem mais eleger ninguém porque não influenciam mais o voto popular, determinante em qualquer eleição, mas continuam influentes, talvez mais do que nunca, nas altas rodas, que é a esfera onde quase todo mundo aspira chegar, de ministros de STF a cantores de música sertaneja.  Todo mundo quer se dar bem na vida – isso não é pecado, pelo contrário, desde que seja honestamente, óbvio.  E se dar bem significa ter status, dinheiro, fama ou poder, esses quatro fatores muitas vezes coincidem ou ajudam uns aos outros.

Só agora, que a campanha eleitoral atinge momentos decisivos, percebi o prejuízo causado pelo julgamento do mensalão à democracia brasileira. Ao ocupar as principais páginas políticas com a monótona rotina das votações do STF, a mídia está sonegando informações fundamentais para que os brasileiros façam um debate político qualificado e escolham seus candidatos com base num conjunto denso e variado de informações.

A faca no pescoço de Lew, abreviatura carinhosa para Lewandowski, um ministro pelo qual tenho simpatia, até parece nome de peça de Bertold Brecht… Nem estou fazendo nenhum juízo de valor sobre a decisão dos ministros. Só apontando essa fragilidade fundamental da nossa democracia: a fragilidade de um indivíduo, seja ele cantor de pagode, artista plástico ou ministro do supremo, com suas vaidades e vícios, contra esse leviatã cada vez mais articulado, poderoso e totalitário, que meus colegas blogueiros apelidaram, genialmente, de PIG!

Essa fragilidade do indivíduo é a característica que transforma a mais singela dignidade, a mais verdadeira imparcialidade, numa espécie de heroísmo. A mídia tem poder sobre a rotina mesquinha do dia a dia. Uma nota em jornal confere prestígio efêmero a alguém, mas essa mesma vaidade pesará no lado mau da balança mais importante de todas. A justiça da História, diferente daquela sentada em frente ao STF, não é cega!

Reparem só na sequência de notas abaixo, sempre na coluna de Ancelmo Gois. Ela exemplifica bem a pressão psicológica algo assustadora que a mídia exerce sobre os juízes do STF. A narração platinada permitirá ou não ao juiz ser aplaudido ou vaiado, nas estações ipanemas da vida… Será motivo de chacota ou elogio justamente nos ambientes onde eles mais circulam, a depender da maneira como é caracterizado, ou caricaturizado, nas páginas de um colunista influente.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Hermes

22/11/2016 - 11h28

Uma felicidade mesmo foi ter no STF um Juiz do porte de Joaquim Barbosa, esse sim um Grande Brasileiro!

Adriano Matos

24/08/2012 - 08h55

Verdade que a mídia tem o poder de provocar simpatia ou repulsa para qualquer um. Juiz do supremo entretanto é cargo vitalício. Enquanto for vivo terá rendimentos, benefícios, foro privilegiado, etc, estando na ativa ou aposentado. É uma imunidade que, se não de todo eficaz, favorece quem se ativer em julgar imparcialmente.

O pior castigo pra um juiz detentor de cargo vitalício é ser conhecido entre os seus, e não no meio leigo, por ser um obstrutor da justiça, um vendido, uma marionete de interesses de terceiros.

Elson

24/08/2012 - 06h07

É incrível como a mídia consegue inflar certos egos, tem gente que não consegue ver um holofote ou câmera de televisão que já se abre como um paraquedas, este é o caso de nossos juízes da suprema corte e o PGR. São como vedetes sem beleza ou participantes do BBB, se possível desfilariam pelas ruas nus carregando uma melancia no pescoço.
Esse comportamento é deplorável, é triste ver que os sujeitos considerados como os maiores saberes jurídicos do País se promovam as custas da vida de cidadãos que não tiveram o mesmo tratamento de outros criminosos que cometeram delitos semelhantes (Mensalão do PSdB e DEM).
Nesse caso, o pau que dá em Chico, não quer dar em Francisco!

oliveira

23/08/2012 - 19h19

Migué, não tinha visto que o João Paulo Cunha tinha sido absolvido! kkkk Acho que jogo tá ficando bom agora. Confesso que essa briga é mais animada do que a das eleições. kkkk Vou ver o tape do bate-boca dos dois. Adoro bate-boca de juiz!

oliveira

23/08/2012 - 19h07

Migué, eu não tenho dúvida de que os ministros do STF estão cedendo à pressão do PIG. O Lewandovsk foi a última trincheira da justiça que caiu. Os juízes do supremo foram ingênuos quando caíram na armadilha que o PIG armou com o Gilmar Dantas para colocar o julgamento antes das eleições e, ao mesmo tempo, foram soberbos por acharem que, sendo ministros experientes da mais alta corte, estariam imunes às pressões. Até cheguei a acreditar nisso, a torcer por isso, mas, infelizmente, foi um ledo engano. Eles vão votar de acordo com o PIG. Estou convencida. E assim fazendo, até se pouparão de uma eventual cobrança da população igualmente ingênua, mas, como você disse, a história não é cega. Esse supremo vai entrar para a história da justiça como aquele que rasgou os direitos fundamentais do cidadão que se encontram no artigo 5 da nossa Constituição, apelidada, quanta ironia,’Constituição Cidadã’.

luizmbarros@hotmail.com

23/08/2012 - 11h43

O Pig brasileiro, escrito e principalmente o eletrônico concedido: estão contra a evolução da do povo brasileiro e portanto da humanidade.
Eles são os culpados do nosso atraso.

Paradoxalmente está “na cara” como atuam. Sustentam a magia negra, porem “fortalecem” a outra polaridade devido nos “cobrar” coerência no nosso cotidiano. Compromissos com os blogs “sujos” Eles nos nominaram assim- uma sujeira atuante por uma nova era.

É muito fácil simplificar e muito difícil sintetizar. Quero dizer que ao analisar enfocamos um a um os vários aspectos de um fato. Costumo dizer que para sintetizar visualizei antes pelo menos três aspectos quanto mais ainda 7 aspectos. Brincando o branco sintetiza a soma de 7 cores. Sintetizar seria descrever o “branco do que ocorre com o STF. Uma faca no pescoço do Lew- Que o PIG vai abduzindo. Tentando abduzir………..Se lesse o Cafezinho………
Porem outras enegias levarão a ele.

Depois da complicação digo simplificando que o PIg brasileiro, mais do que o pig,inglês, do pig argentino, do pig do Equador, do pig da Venezuela, que inveja por ser brasileiro, mas exulto devido a profecia “América Latina, berço de uma nova civilização”. Todos aqueles Pigs já tomaram uma invertida paradigmática. Uma nova era vai se insinuando – Eu já escuto os teus sinais, adaptando a Anunciação do Alceu Valença. Outra reflexão, lembrei quando perguntado quem fortalece a fera negra que tudo engole, ela responde ser o medo de cada um de nós – no filme Historia sem fim. Não temos medo. Alias temos humor do ridículo do papel do PIG

Quem sabe vai fazendo a Historia acontecer. A gota d’agua faz parte do oceano. O Cafezinho, o Miguel, Eduardo, Azenha, Rodrigo, PHA, L.Nassif e outros tantos- uma minoria, cada um de nós. Ao lado do povão, vamos compondo o oceano. Parece pouco.

Tudo vai sendo superado. A mídia tenta seus últimos factoides. A faca no pescoso do Lew. Constato que só acreditem nela, mas já escondendo, já não tendo coragem de dizer – Deu na Globo, no Estadão, na Foljha na Veja- uma pequena parte da classe media-rica. Lembro da Hildegard Angel (eita nome sonoro e bonito) organizando as madames para escutar Dilma ai no Rio de Janeiro. E Depois escrever ainda que com o Serra não haveria reunião.

E o povão vai melhorando diante da desigualdade de renda das famílias

Em síntese – País rico é país sem pobreza; Nem que custe um Russomano no lugar de Serra lá em SP. Moro em SBC terra do Marinho (atual prefeito) e do Lula. Moleza!!!!


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