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O ódio contra o Brasil matou o cinegrafista

A campanha diária, sistemática, truculenta, da mídia, contra o próprio país, contra a política, contra os partidos, formou uma geração de desmiolados que não querem discutir nada.

12 comentários
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Reproduzo abaixo mais um artigo do Theo, nosso amigo do Barão-RJ. Concordo com ele, a campanha diária, sistemática, truculenta, da mídia, contra o próprio país, contra a política, contra os partidos, formou uma geração de desmiolados que não querem discutir nada. Não acreditam mais na política.

Querem só quebrar tudo. Os partidos e movimentos organizados então se afastaram, ressabiados, dessas manifestações, que ficaram em mãos de um bando de irresponsáveis, sem noção do que faziam.

Eu acrescentaria ainda uma coisa. Manifestações de movimentos sociais, partidos e sindicatos jamais agrediram jornalistas. Jamais reduziram a crítica – uma crítica democrática e pacífica – à grande mídia a um ódio irracional e violento contra os trabalhadores da imprensa. Agredir um trabalhador da imprensa porque se tem críticas à empresa na qual ele trabalha é tão idiota quanto agredir uma caixa do supermercado Pão de Açúcar para atingir o Abílio Diniz…

*

A (má) imprensa matou o jornalista da Band

Por Theófilo Rodrigues, em seu blog.

O Brasil possui atualmente uma das menores taxas de desemprego de sua história segundo o IBGE. A renda dos trabalhadores vem sendo ampliada constantemente de acordo com o IPEA. A inflação está estabilizada num dos menores índices da série histórica conforme dados do IPCA. A principal empresa estatal brasileira acaba de descobrir uma das maiores reservas de petróleo do mundo cujos royalties serão destinados para a educação. A ONU elogia o país por seus esforços para combater a AIDS e o racismo. Ainda no cenário internacional o protagonismo brasileiro conquista a presidência da OMC.

Contudo, o que lemos, ouvimos ou assistimos na imprensa brasileira diz respeito à um outro mundo. Nos jornais lemos diariamente que a economia nacional quebrará, a Petrobras entrará em falência, a inflação subirá, o desemprego aumentará, o salário cairá e que a política externa é vergonhosa. Nas rádios ouvimos apenas que os políticos são todos corruptos e que nenhuma instituição política funciona. Nos programas de televisão surgem comentaristas repetindo à exaustão que no Brasil os partidos políticos são frágeis e não representam ninguém. Terra arrasada, cenário de caos.

Diante de tantas informações assustadoras veiculadas diariamente, era de se esperar que não demorasse muito para que alguns poucos irresponsáveis, movidos por altas taxas de testosterona, colocassem suas máscaras para “dar um jeito no Brasil”. A forma? Simples, quebrando vidraças e pontos de ônibus, incendiando fuscas e lixeiras.

Sob gritos de “fora partidos”, “o gigante acordou” e “não vai ter Copa” os tais mascarados tornaram-se queridinhos de uma imprensa que ao longo dos anos nunca fez questão de noticiar uma passeata dos movimentos sociais. A não ser, claro, se fosse para comentar os transtornos causados no trânsito.

Mas em algum momento quem teve que “acordar” foi a própria imprensa. Os tais queridinhos mascarados já não gritavam apenas contra políticos e contra governos. Os gritos também voltaram-se contra ela própria. Jornalistas das grandes empresas de comunicação passaram a ser rechaçados nas passeatas e as sedes das emissoras eram atacadas. Era a hora da imprensa dar um basta no monstro que criou, mas já era tarde demais.

Nem a imprensa, nem ninguém mais poderia controla-los. Mordidos e ressabiados por terem sido repelidos no início dos protestos, os partidos políticos da esquerda, tradicionais ocupantes das praças e das ruas, abriram mão de disputar o tal movimento e de oferecer sua consciência para o espontaneísmo. A consequência não poderia ser boa.

No dia 6 de fevereiro enquanto documentava mais uma passeata dos mascarados um jornalista da Band foi atingido na cabeça por um rojão. Não havia ninguém ali para orientar politicamente os mascarados, nem a imprensa, nem os partidos. Não havia ninguém ali para explicar para os mascarados o quanto seria irresponsável acender um rojão no meio de uma multidão. O ato irresponsável e espontaneista concretizou-se. O jornalista morreu alguns dias depois.

A irresponsabilidade matou o jornalista da Band. Mas não foi a irresponsabilidade apenas dos dois meninos que agora estão presos. A responsabilidade maior é da própria estrutura ideológica que os levou a cometer aquele ato. Os dois meninos não são terroristas como alguns tentam reforçar. Os verdadeiros terroristas, infelizmente, estão soltos. E continuam escrevendo suas colunas em jornais e apresentando seus comentários em rádios e programas de televisão. Sem que haja qualquer contraponto.

Theófilo Rodrigues é cientista político

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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vingador

19/02/2014 - 01h21

Acho que vcs são mto ingenuos. Os próprios políticos desacreditaram a política. Quantas promessas não cumpridas? quantas traições do PT? (fator previdenciario, imposto de renda, educação, saude segurança, etc..). Nesse quadro de traições e corrupções so restou uma única alternativa. A esculhambação geral.

Ailton C

16/02/2014 - 22h17

Sempre incentivo meus filhos a lerem e buscarem notícias em diversos meios. É triste ver pessoas como Luis Lima que aqui comentou, que critica com a inverdade dos fatos. É triste se pautarem pela mídia adepta ao caos, sendo que o Brasil vai muito bem.

Messias Franca de Macedo

16/02/2014 - 20h24

“MORTE DE SANTIAGO NÃO É ATENTADO À IMPRENSA”

Afirmação é da ombudsman da Folha de S. Paulo, Suzana Singer; “Não foi um ataque direcionado a Santiago. O rojão poderia ter atingido um policial, um transeunte, um manifestante. É diferente, por exemplo, de Tim Lopes”, escreve a jornalista

16 DE FEVEREIRO DE 2014

A íntegra da coluna aqui:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/suzanasinger/2014/02/1412914-acao-e-reacao.shtml

Leila Maria

16/02/2014 - 19h26

Vocês acham que a direita tá inocente nessa historia. Esse disse me disse tem cara de orquestração da direita. É assim que eles agem, fazem as coisas e incriminam os outros. Típico da direita.

marcosomag

16/02/2014 - 14h29

A imprensa ainda usa a velha tática de “não noticiamos, não aconteceu”.

Mas, para azar dos Marinhos da vida, existe a internet. Existem sites que armazenam conteúdos antigos e mostram os muitos artigos que tentavam culpar a “corrupção do mensalão” pelos males do país e prevendo “mudança (de ocupante no Planalto) no país), os vídeos de Jabor e Noblat incentivando o quebra-quebra… Até a novela das 19 horas a Globo tirou do ar para o incentivo aos “apartidários” (na verdade, fascistas), algo que não acontecera nem durante a transmissão da Copa do Mundo!

No banco dos reús, acusados pela morte do cinegrafista, deve estar a mídia corporativa black bloc, ao lado do seu produto: “apartidários” que desprezam a política e querem resolver tudo na pancadaria.

Roberto Locatelli

16/02/2014 - 14h18

Concordo que os verdadeiros terroristas estão na mídia. No entanto, a situação está dada. Não é possível permitir que esses mascarados continuem a violentar e agredir o Brasil. É preciso que os líderes menores, aqueles que comandam a destruição, sejam presos. É preciso saber a origem dos R$ 150,00 que ganham para participar do vandalismo e da destruição de propriedade pública. Eles estão, inclusive, ameaçando delegações estrangeiras da Copa.

Evanel Moraes

16/02/2014 - 15h02

Hoje em dia assistir o jornalismo da tv aberta é uma verdadeira prova a paciencia, apesar de estarmos crescendo, a pleno emprego e tantas outras coisas boas q acontecem na nossa economia a tv aberta só noticia o caos, a desordem e a violencia, nao bastasse o terrorismo midiatico ainda temos os datenas e marcelos resendes da vida q banalizam a violencia e aguçam a criatividade da bandidagem em novas formas de aterrorizar a populaçao para depois virem posar de justiceiros e invocarem, convocarem seus pares a fazer justiça com as proprias maos, ja logo pela manha ja nos bombardeiam com sangue e violencia, sendo a record a campea do mau estar diario, terrorismo puro para causar medo a populaçao, agora eu pergunto: a quem interessa manter a populaçao aterrorizada? quando vamos ter nossa lei de meiode comunicaçao? quando vamos tirar as concessoes das maos destes terroristas da desinformaçao? até quando ?

Celso Orrico

16/02/2014 - 11h53

Miguel, é o mesmo padrão do que está acontecendo na Venezuela…sem qualquer espírito de conspiração mas que asa coisas seguem um roteiro isso segue…por falar nisso, alguém tem notícia da Embaixadora do EEUU que ajudou no golpe contra Lugo na Paraguai e veio pra cá? eu não tenho a menor dúvida que os grandes grupos de mídia são instrumentos do golpe contra Governos eleitos democraticamente..será que Dilma vai ter de chamar o MST como Lula o fez em 95 na crise do mensalão?

J.Carlos

16/02/2014 - 11h23

PERFEITO!

Marcilio Landim Meireles

16/02/2014 - 14h04

O que matou o pobre do cinegrafista foram os bandidos financiados por bandeiras vermelhas

Karla Coqueiro

16/02/2014 - 13h54

Excelente reflexão acerca da mídia e sua posição frente aos acontecimentos recentes.

Jose Silva

16/02/2014 - 12h17

Ou melhor seria o ÓDIO CONTRA A MÍDIA MATOU O CINEGRAFISTA?


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