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Porque a pesquisa Secom/Ibope não foi boa para a mídia

A pesquisa que Secom encomendou ao Ibope sobre a mídia brasileira ainda está sendo digerida.  A mídia destacou a baixa confiança dos brasileiros em sites e blogs. Só que isso não é negativo. É natural. Qualquer maluco (aqui empregado no mau sentido) pode abrir um blog, portanto é saudável que as pessoas, se confrontadas com […]

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A pesquisa que Secom encomendou ao Ibope sobre a mídia brasileira ainda está sendo digerida. 

A mídia destacou a baixa confiança dos brasileiros em sites e blogs. Só que isso não é negativo. É natural. Qualquer maluco (aqui empregado no mau sentido) pode abrir um blog, portanto é saudável que as pessoas, se confrontadas com uma ideia generalizada de “sites e blogs”, expressem baixa confiança.

As pessoas confiam apenas em alguns blogs, num universo de milhares de páginas. Além disso, a relação entre o indivíduo e o blog é de uma qualidade diferente daquela tradicional entre o homer simpson e o seu sagrado jornal.

Merval Pereira pode falar a asneira que quiser, que o homer simpson vai engolir e repetir. Um blog não. Não há pedestal. Não há nenhuma sacralidade. O blogueiro fala do chão, para pessoas posicionadas no mesmo nível que ele. Eu falo por experiência. Quando a gente fala uma besteira, se expressa mal, ou, mais grave, assume uma posição política dúbia ou questionável, apanhamos que nem gente grande. E é impossível ignorar as críticas, como fazem os colunistas. Não sei nem se isso é uma vantangem, mas é, inexoralmente, uma realidade.

Isso significa também que o leitor não lida com o blog numa relação de baixo para cima. Ele não entrega de graça sua confiança para o blogueiro. O leitor de blogs políticos tem a característica de acessar várias fontes de informação diferentes. Em geral, é um sujeito escaldado pelas manipulações da grande imprensa. Não confia muito em nada do que lê. É mais exigente e mais crítico. Pede provas. Exige uma argumentação demolidora, incólume, imaculada, fundamentada em bases lógicas e racionais sólidas. Ele não tem “confiança” no blog, ele tem confiança em sua própria lucidez, e seus blogs preferidos serão aqueles que lhe dêem subsídios para pensar por conta própria.

 

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Ana Carla Valle Mello

14/03/2014 - 19h56

Obrigada!!!

Celso Orrico

14/03/2014 - 14h51

Miguel, vc tocou num assunto muito interessante e inovador dos blogs: a discussão téte a téte , com senso crítico apurado por parte dos participantes e questionamento sobre tudo o que leva o blogueiro a ter mais cuidado nas postagens..seria como estarmos revivendo a Àgora dos gregos..há que ter interatividade..
Parabéns pelo seu artigo..

Fernando Gotti’

14/03/2014 - 13h58

A internet possibilita observarmos pontos de vista diferentes e isso é excelente. Também acho importante esta relação mais direta entre o leitor e o produtor do conteúdo. Faz bem a todas as partes. Na minha percepção, existe um aspecto negativo: A falta de confiança no conteúdo da internet. Mas ao mesmo tempo, isso é consequência de um espaço tão amplo quanto a rede. É o preço a ser pago.


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