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Renan, a imprensa e o super-Barbosa

Os jornais estão armados até os dentes. Os ataques ao Congresso vem de todos os lados. Quase todos os colunistas dos jornalões se achegaram às muradas para disparar um tiro.

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Agência Brasil

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Os jornais estão armados até os dentes. Os ataques ao Congresso vem de todos os lados. Quase todos os colunistas dos jornalões se achegaram às muradas para disparar um tiro. Cada um a seu modo, uns mais de perto, outros mais de longe. É um daqueles momentos comoventes e decisivos nas empresas de mídia: ame-a ou vá embora. Alguns entre eles há dias não falam de outra coisa senão da irreversível degeneração moral do Congresso. O mar de lama não apenas se tornou insuportável; Getúlio não somente recusou o suicídio – o demônio gaúcho quer disputar outra eleição!

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“Nunca tantos ficaram tão acabrunhados nas eleições para as presidências da Câmara e do Senado”, resume Dora Kramer, em sua coluna.

O grau de hostilidade da mídia contra o Legislativo atingiu um ponto crítico. Mas não é novidade, porém. A imprensa brasileira vem se posicionando contra as instituições eleitas desde a implantação do sufrágio universal.

Em artigo publicado nos jornais, já como presidente do Congresso, Renan Calheiros fez um aceno amigável à mídia: ao se referir, duas vezes, ao “inverno andino” no campo da liberdade de expressão, o recado foi claro: vai trabalhar contra qualquer iniciativa em prol de um novo marco regulatório para o setor. Merval Pereira entendeu o recado e tratou de agradecer:

O PMDB, mesmo passível de críticas por seu comportamento o mais das vezes fisiológico, tem compromissos democráticos que nunca foram colocados em questão.

Raposa velha, Calheiros conhece a velha máxima: não pode com eles, junte-se a eles. De forma geral, porém, não creio que a mídia aceitará o acordo. Mesmo com Renan prometendo não mexer com o status quo da mídia (o que não lhe interessa, visto serem os caciques de seu partido os donos das mídias locais), os barões da comunicação entendem que Renan não é confiável desde que não aceitou trair Lula em 2006.

O senador pode fazer as juras de amor que quiser: continuará dormindo na sala, sem lençol e sem coberta.

Dois respeitados cientistas políticos disseram ao Globo, um em entrevista (Francisco Fonseca), outro em artigo (Fabiano Santos), que as relações não devem sofrer alteração significativa.

Na coluna do Ilimar Franco, há uma informação curiosa, que merece registro:

*

No Estadão e no Globo, Arnaldo Jabor soltou hoje um excelente petardo lacerdista, daqueles poderiam chegar por correio, junto com uma vassoura colorida e uma assinatura da revista Veja. Mais um chororô jaboriano, mais um mervismo pigal, como diria PHA.  Jabor fala do Congresso com a sem-cerimônia dos ignorantes fundamentais. Não sabe nada de política, eleições, parcerias. Entretanto, é curioso ler o desfile de preconceitos, sectarismos e incompreensão nas falas do colunista. Jabor não ataca um parlamentar. Ele ataca o Congresso como um todo, pondo em sua boca o discurso de um boçal, o que é uma tática velha de produzir a ilusão de ter ganhado um debate. Em vez de enfrentar diretamente seu adversário, pinta-se um um boneco, dá-se-voz e um discurso,  e passamos a agredi-lo como se ele realmente o fosse.

*

Tentando vender a tese de que Dilma faz um governo intervencionista e autoritário, a Veja fez uma longa matéria, com direito a vários infograficos comparando as políticas de hoje às dos anos 80 É a coisa mais sem pé nem cabeça que já vi há tempos, porque as páginas onde, em tese, mostaria as semelhanças, acabam por mostrar as diferenças profundas entre aquele tempo e os dias de hoje. Nos anos 80, tudo era diferente. Tínhamos enorme dívida externa, hoje somos credores, o poder de compra hoje é várias vezes superior, etc, não vou repetir os dados que todos sabem.

*

Na verdade, as análises econômicas pecam sempre pela contaminação política. Pra oposição, o Brasil tem que estar indo mal, e portanto, tem que ir mal. O desempenho do PIB e da própria indústria tem sido avaliados uma incrível superficialidade. Imagine que o PIB é uma panela d’água e o crescimento econômico é o momento de fervura da panela. Para saber se haverá crescimento não basta olhar para o movimento da água, a qual permanecerá parada até chegar aos 100 graus centígrados. Uma coisa é crescer pouco, mas num processo de concentração de renda, aperto do crédito, queda nos programas sociais, redução dos salários, desemprego e juros estratosféricos. Outra coisa é crescer 1% mas numa conjuntura de melhora generalizada dos outros indicadores.

*

Ancelmo Gois publica notinha de terrorismo light:

Vamos à necessária contextualização. Primeiro, esses 38% referem-se apenas aos reservatório Sudesde, e já estão em 39%. A comparação não deve ser feita com o mesmo período do ano passado, e sim com o período crítico, que foi dezembro. A entrada do período úmida varia de ano a ano, não é uma coisa exata, tipo todo dia 15 de novembro, começa a chover em todo país. Nem o clima é regulado por nosso calendário. Ele tem o seu próprio, ainda cheio de mistérios. No último dia 24 de janeiro, os reservatórios do Sudeste estavam em 34%. Ou seja, estão enchendo; e, segundo o INPE, deverá continuar chovendo.

*

O lucro da Petrobrás

Uma companhia fecha um de seus anos mais difícieis dos últimos tempos com lucro líquido de US$ 21 bilhões. Para a mídia, é ruim: é o pior lucro em oito anos. É o tombo da gigante. Os jornais também poderiam ter dado destaque a um número importante, porque mais recente. No último trimestre de 2012, o lucro líquido da Petrobrás, já como consequência dos reajustes em junho e julho  (que não chegaram ao consumidor porque o governo zerou a CIDE, um imposto incedente sobre o combustível)  atingiu $ 7,74 bilhões de reais, aumento de 39% sobre o trimestre anterior e 53% sobre igual período de 2011.

Vale ler também esse post sobre o tema.

*

A imprensa continua a endeusar Joaquim Barbosa. Na mesma matéria do Globo que dá um destaque monstruoso a quatro ou cinco pessoas protestando contra Renan, noticia-se a “perseguição” do bem a Joaquim.

 

 

O esforço para transformar Joaquim Barbosa num herói anti-corrupção vai de encontro aos objetivos da mídia de jogar o Judiciário contra o Congresso. Esse é o maior perigo que enfrentaremos em 2013. Barbosa conseguirá, alguma hora, sair do delírio em que mergulhou após se tornar o centro das atenções da grande mídia? Entenderá, em algum momento, que sua missão pública é prezar pela harmonia entre os poderes e não incitar uma crise institucional?

No blog do Gerson Camarotti, repórter do Globo que cobre o Congresso, nota-se a veneração descarada do presidente do STF.

Joaquim Barbosa ofusca Renan e Henrique Alves
seg, 04/02/13

por Gerson Camarotti |categoria Congresso Nacional

O flagrante de Orlando Brito revela que na reabertura dos trabalhos do Congresso Nacional o centro das atenções foi o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa. Os novos presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ficaram em segundo plano.

Mais uma vez, teremos que ler os textos de Alexander Hamilton e James Madison, em O Federalista, nos quais se procura estabelecer limites extramemente cuidadosos entre os três poderes da República: Legislativo, Judiciário e Executivo. Nenhum pode se sobrepor ao outro, nenhum pode invadir as instâncias do outro, nenhum deve desrespeitar a soberania do outro. Este equilíbrio é essencial à democracia. Sem ele, não há democracia.  A preocupação dos federalistas quanto ao Judiciário, por exemplo, é dar-lhe independência financeira, para que as verbas para suas instituições não fique à mercê dos humores políticos do Parlamento. Hamilton ficaria orgulhoso da Constituição Brasileira de 1988, que proporcionou ao Judiciário brasileiro uma independência e vigor que jamais teve em sua história. Infelizmente, os holofotes estão cegando alguns juízes e lhes fazendo abusar desse poder, que o povo tão magnanimamente lhes concedeu.
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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Anuário do spin

10/02/2013 - 09h12

A Casa Grande sabe que a única forma de destruir uma agremiação de esquerda é destruindo suas lideranças. Por isso muitos cabeças foram devidamente eliminadas no decorrer da história. Por isso a trinca pig-Gurgel-Barbosa, de forma extremamente competente, vem destruindo, uma a uma, as lideranças do PT, no momento é Lula que está no cadafalso, Dilma será a próxima. O que eles não conseguiram na ditadura, estão conseguindo na “democracia’. Por isso a Casa Grande e seus inocentes úteis estão por aí com sorriso de orelha a orelha. Vc já comprou sua máscara de Barbosa para pular nesse carnaval. Faça isso e sairás com destaque no JN….rss

Under_Siege (@SAGGIO_2)

08/02/2013 - 08h05

Renan, a imprensa e o super-Barbosa – http://t.co/09m9Tvmp

Carlos Veloso Leitão de Figueiredo

06/02/2013 - 10h27

O caminho é bem simples para aqueles cidadãos que não desejam o Senador Renan “habitando” o Congresso Nacional: peçam aos Senadores que ajudaram a eleger (se ainda lembram-se deles) para tentarem colher assinaturas suficientes para abertura de uma CPI.
No judiciário até o momento, só existe uma denuncia contra Renan. O STF ainda nem se pronunciou se a aceitará. Ninguém poderá ser considerado culpado até transitar em julgado uma ação penal condenatória proposta.
Neste momento o Senador Renan é apenas, e tão somente, um indiciado. Um indiciado, tal qual o Senador mineiro Eduardo Azeredo no caso do mensalão tucano. A ação nesse caso está, curiosamente, estacionada no STF desde o final dos anos 90. Talvez a Suprema Corte a julgará no período da campanha presidencial em 2014. O STF, por coerência, deverá agir dessa forma já que julgou o mensalão petista no mesmo período da campanha eleitoral para as Prefeituras Municipais…
Qualquer coisa diferente disso fará com que qualquer cidadão, com um mínimo de discernimento e senso crítico, concluir que o julgamento da ação 470 foi político, ideológico e partidário. Se o STF for coerente e proceder da mesma forma, retiro o que eu disse.
Tem mais de dois anos que Roberto Gurgel (que exerce sua função de forma ideológica e partidária – STF idem até o momento) guardava a denuncia contra Renan na gaveta esperando uma boa hora.
Não deu certo. Apesar da mídia e de Gurgel, o Poder Legislativo não se intimidou e fez valer sua autonomia. Não se curvou, pelo menos dessa vez, à vontade e aos interesses ideológicos.
O momento é de aguardar se o STF aceitará a denuncia e, caso aceite, que proceda o julgamento.
Em último caso, se nada acontecer, cabe aos eleitores do Estado de Alagoas, e somente a eles, dizerem se ainda querem ou não o Senador Renan representando-os. É o poder emanado do povo. O poder mais importante, necessário e legítimo numa democracia. Esses cidadãos é que terão, caso seja necessário, a decisão final sobre o futuro político do Senador que de forma legítima e democrática os representa no Congresso Nacional.
Qualquer coisa diferente disso será hipocrisia, demagogia proposital ou falta de, mínimo, conhecimento sobre a legislação que disciplina o sistema político, e penal, no Brasil.
Escolher o caminho (de criminalizar e judicializar a política) indicado pela mídia conservadora, pelas elites e pelas oposições demo-psdbistas, que perderam o voto popular, é abrir a porta para um golpe institucional.


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