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Por que a direita avança na Europa?

O avanço cultural e eleitoral da direita Por Theófilo Rodrigues, no blog Cadernos de Cultura e Política Neste domingo o povo europeu foi para as urnas. Diversos países realizaram eleições para escolher seus representantes para o Parlamento Europeu. Além disso a Ucrânia elegeu seu novo presidente. O resultado foi um verdadeiro balde de água fria […]

19 comentários
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O avanço cultural e eleitoral da direita

Por Theófilo Rodrigues, no blog Cadernos de Cultura e Política

Neste domingo o povo europeu foi para as urnas. Diversos países realizaram eleições para escolher seus representantes para o Parlamento Europeu. Além disso a Ucrânia elegeu seu novo presidente. O resultado foi um verdadeiro balde de água fria para os cosmopolitas e internacionalistas de todo o mundo. A vitória da direita anti-imigrantes foi generalizada no Parlamento Europeu enquanto um bilionário assumiu a presidência da Ucrânia. Também no domingo ocorreram eleições municipais na Venezuela onde candidatas anti-chavistas venceram. Mas o que tudo isso significa para o Brasil?

Na França o partido da extrema-direita, Frente Nacional, foi o maior vitorioso da eleição para o Parlamento Europeu que ocorreu neste domingo (25/05). O partido de Jean Marie Le Pen e de sua filha Marine Le Pen alcançou 25% dos votos dos franceses ampliando a voz da xenofobia e do racismo no país. Para os desavisados, Le Pen é aquele que disse em recente comício que a solução para o fim da imigração na Europa seria o mortal vírus africano Ebola. “O ‘Sr. Ébola’ é capaz de resolver tudo isso em três meses”, afirmou um sombrio Le Pen. Gente finíssima. O partido conservador UMP ficou em segundo lugar com 20% dos votos, enquanto o Partido Socialista, do presidente François Hollande, em terceiro com 14%. O que mais impressionou foi o alto nível de abstenção que passou de 57%.

Na Alemanha, o partido conservador CDU, de Angela Merkel, venceu a eleição para o Parlamento Europeu mais uma vez. Contudo, o dado mais relevante está no fato de pela primeira vez, o partido neonazista alemão NPD ter eleito um representante para o Parlamento Europeu.

Na Inglaterra o Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), de extrema direita, liderado por Nigel Farage e que se posiciona abertamente contra a imigração também foi o vitorioso na eleição para o Parlamento Europeu. Isso num país que já é dirigido pelo Partido Conservador do primeiro-ministro David Cameron. Já na Dinamarca foi o anti-imigrantes Partido do Povo Dinamarques o grande vitorioso.

Na Ucrânia o magnata Petro Poroshenko, conhecido como o “rei do chocolate”, acabou de vencer a eleição presidencial do país. Em sua primeira declaração pública disse que irá governar o país como se fosse sua empresa, a Roshen. O que isso quer dizer ainda não se sabe.

Do lado de cá do Atlântico a Venezuela realizou também neste domingo eleições em dois municípios. Candidatas da oposição antichavista, Patricia de Ceballos e Rosa de Scarano conquistaram as prefeituras de San Cristóbal, capital do estado de Táchira, e de San Diego, em Carabobo, respectivamente. Patricia de Ceballos ganhou a prefeitura de San Cristóbal com 73,4% dos votos, enquanto Rosa de Scarano conquistou 87,8% dos votos em San Diego.

O Brasil não parece ser um caso diferente do que vem ocorrendo no resto do mundo. Não que a direita esteja ganhando eleições por aqui nos últimos anos. Todavia, suas ideias vem ocupando certo espaço no imaginário social e político.

O principal candidato do campo conservador para as eleições que ocorrerão em outubro deste ano, Aécio Neves, do PSDB, afirma publicamente que está “preparado para medidas impopulares”. Seu principal consultor econômico, Armínio Fraga, em entrevista para o jornal Estado de São Paulo mencionou quais serão as balizas do programa econômico do PSDB: (1) para reduzir os custos do governo será necessário baixar o salário mínimo que está muito alto; (2) para baixar a inflação terá que aumentar a taxa de desemprego. Tudo isso sob a elegante insígnia de “choque de gestão”.

No entanto, não é apenas na dimensão eleitoral que a direita vem arregaçando suas mangas. No espectro simbólico e cultural o preconceito truculento e reacionário também vem crescendo. Em alguns centros urbanos homossexuais são agredidos covardemente por grupelhos fascistas. Após alguns comentários recheados de ódio feitos pela comentarista do Jornal do SBT, Rachel Sheherazade, uma série de crimes de vingança e linchamento começaram a ocorrer por todo o país, como o caso da jovem que foi agredida até a morte no interior de São Paulo. Papel tenebroso televisionado absurdamente por uma concessão pública e que encontra sócios em grande parte dos meios de comunicação.

O Brasil que na luz do dia vem retirando milhares de pessoas da condição da pobreza, desenvolvendo suas forças produtivas, redistribuindo renda e avançando nas relações sociais de produção não pode perder para o Brasil da minoria obscura que quer o ódio elitista e a volta do passado. O Brasil não merece tal retrocesso. Mas isso depende da nossa capacidade criativa de construir e vocalizar um projeto coletivo de futuro, feito de baixo para cima e alicerçado na solidariedade. Como diria Martin Luther King, “o que me preocupa não é o grito dos maus, mas sim o silêncio dos bons”.

Theófilo Rodrigues é Mestre em Ciência Política pela UFF e Doutorando em Ciências Sociais pela PUC-Rio.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Nicolau

10/12/2014 - 22h15

No Brasil e América do Sul, tem só partidos comunistas, socialista, trotsquistas e outros parasita marxistas!

alexandre mangueira

28/05/2014 - 14h44

Que é aliado de primeira hora do PT

Fatima de Freitas

27/05/2014 - 23h39

O que me preocupa nesta sintese, é que colocando aqui a sitaçao de Luther King, este texto parece apoiar a posiçao da direita francesa de que a culpa do resultado positivo do ” Front National ” é culpa dos abstencionistas. O que nao é correto, ja que : Se os franceses nao foram as urnas para escolher um parlamento europeu, é porque eles NAO RECONHECEM o Mercado comum europeu. Eles deixaram isto claro quando votaram NAO A EUROPA EM 2005. Mas os politicos europeus, manipularam “teorias” e conseguiram ANULAR O VOTO POPULAR DO REFERENDU.

Bruno BK

27/05/2014 - 23h31

aki seguimos no mesmo caminho, só q um pouco mais “atrasados” com relação a europa, mas os movimentos nazi-facistas, reacionários, conservadores estão ganhando cada vez mais força, justamente pq o resto das pessoas esta preferindo cada vez mais se ausentar de participar das decisões politicas….incrivel como a turma q se diz anti-corrupção e é eleitora do bolsonaro finge não saber q ele é do mesmo partido q o maluf…

Vixe

27/05/2014 - 18h52

A Europa vive alguns dilemas.
Se se livra dos imigrantes, quem vai ser a mão de obra dos serviços menos nobres?
Quem vai manter os sistemas previdenciários que demandam muito dinheiro e portanto, necessitam cada vez mais de contribuintes?
Sem a imigração, como aumentar a população se na atualidade vivem em queda demográfica e envelhecimento da população?

Teresa Andrade

27/05/2014 - 17h44

visto neste contexto você se dá conta que Aédio não é tão engraçado assim :/

Vitor

27/05/2014 - 11h27

Acho que o autor deveria separar melhor os partidos de direita e extrema direita. São bem diferentes! É tipo comparar o PT com o PCO.

Mauro Cavalcanti

27/05/2014 - 14h03

Concordo amigo,a extrema direita é um perigo!é preocupante a volta dos nazi-facistas!

henrique de oliveira

27/05/2014 - 09h58

A verdade é que a Europa passa por uma crise brava , onde o desemprego e a fome bate as portas do povo , campo fértil para a direita com seu racismo e preconceitos jogue sua incompetência administrativa para cima dos imigrantes.
Já no BRASIL o buraco é mais em baixo , não vivemos uma taxa de desemprego igual a de lá , nossos investimentos seja em infra estrutura ou em divisão de rendas estão avançando (a passos lentos)mas avançando . aqui quem esta ganhando eleições não é a massa cheirosa e as elites vagabundas mas os trabalhadores de fato.
Mas precisamos ficar alerta pois o que ocorre na Europa é meia porta aberta para a volta do nazismo ou coisa pior.

Wellington Harold

27/05/2014 - 11h29

O que avança la nao é a direita, e sim a extrema direita e esse é o maior perigo.

Tamosai

27/05/2014 - 08h17

A direita está avançando na Europa, mas não no resto do mundo.

No caso da Europa, com a União Europeia em crise e a chegada de imigrantes de países europeus pobres nos países europeus mais ricos gerou-se uma tensão que não foi ainda assimilada.
Então é claro que a direita populista e de tendências racistas leva uma vantagem enorme. Se não houvesse crise econômica na Europa, os países estariam implorando pela vinda de estrangeiros. Não é o caso no momento.

Na América do Sul, vejo um panorama muito bom para a esquerda avançar, especialmente se a mídia tiver mais pluralismo.

    Vitor

    28/05/2014 - 08h44

    Acho que os Republicanos terão bastante chance nas próximas eleições nos EUA também…

Odenir Batista

27/05/2014 - 10h32

O que acontece lá é a mesma coisa que acontece cá. Ninguém quer se envolver com política 57% não foram as Urnas na França isso mostra aquilo que sabemos mas ignoramos: Para o mal prevalecer basta que o BEM não faça nada !!!

Caio

27/05/2014 - 07h27

Há uma grande diferença entre o avanço da extrema-direita na Europa e aqui. Lá a “direitização” é uma reação contra o pacto neoliberal imposto à sociedade. Tanto é que a extrema-direita está conquistando as camadas populares a partir de um discurso ultranacionalista. Aqui é o contrário, a direita/extrema-direita conquista adeptos nas camadas médias ou altas com um discurso anti-nacionalista e em reação à quebra lenta que está ocorrendo do pacto neoliberal no país.
Como sempre ocorre: enquanto na América Latina o nacionalismo é um discurso de esquerda e sempre com um caráter anti-imperial, lá na Europa o nacionalismo é um discurso de direita sempre com um caráter pró-imperial.

Maria Nereide Melo

27/05/2014 - 05h24

E’ lamentável o retrocesso político da Europa.

Osni Winkelmann

27/05/2014 - 05h11

O PSDB tá ganhando lá na Europa…

Osni Winkelmann

27/05/2014 - 05h11

Pode congelar.

Lucas Callegário

27/05/2014 - 04h34

achei o último parágrafo extremamente tendencioso aheiuaeiuea, mais fala ai Gabriel achei que o salário mínimo não pudesse ser reduzido…estou errado?

    Maria Lucia

    27/05/2014 - 10h25

    O salário mínimo é irredutível, mas nada impede que ele tb não sofra aumento, ou seja, fique congelado. Será que é isso que queremos? Lembra do Plano Collor?


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