Doleiro operava para FHC, Serra e Beira Mar


 

Mais um título que parece blague, de tão forte.

Não é, infelizmente. É sério.

Alberto Youssef operou para as campanhas de FHC e Serra, segundo matéria de Amaury Ribeiro, publicada na Istoé, em fevereiro de 2003. A mesma fonte afirma, com base em documentos, que ele era também doleiro de Fernandinho Beira Mar.

Esse é o cara que Veja e Globo querem levar à sério e usar para fraudar o debate político nas eleições deste ano.

Mas antes vamos conferir trecho de matéria publicada na Folha, de 10 de agosto deste ano, quando se avaliava a possibilidade da Justiça aceitar a delação premiada de Alberto Youssef, e se discutia a credibilidade do doleiro:

BAIXA CREDIBILIDADE

A maior dificuldade para que a colaboração de Youssef seja aceita é que sua credibilidade tende a zero. As razões da baixa credibilidade é que ele não contou tudo o que sabia na delação premiada que fez em 2007 e não cumpriu a promessa de que não voltaria a atuar no mercado de dólar. A avaliação da PF e dos procuradores é que Youssef usou a primeira delação premiada como alavanca para elevar sua participação no mercado.

A estratégia que usou foi entregar os clientes menos importantes, como políticos e servidores públicos do Paraná, e preservar os grandes, como o deputado José Janene (PP-PR) –que até morrer, em 2010, era o cicerone do doleiro em Brasília e em empresas como Petrobras.

O plano deu certo. Youssef deixou de ser um doleiro do Paraná e passou a ter atuação em São Paulo, Rio e Brasília, segundo a PF. Continuou atuando com o PP, mas conquistou aliados no PT, como o deputado federal André Vargas (sem partido-PR).

O advogado de Youssef, Antonio Augusto Figueiredo Basto, diz que a decisão de colaborar é do seu cliente, mas ele não recomenda o expediente: “O Alberto é mero bode expiatório num esquema muito maior, sobre o qual não há nenhum interesse em investigar. Você acha que ele teria feito tudo de que é acusado sem um parlamentar?”. Ele diz que sai do caso se seu cliente virar colaborador. ”

*

Voltei.

Outro material importante para se entender quem é Alberto Youssef é que ele foi operador das campanhas de FHC e Serra. Observe que a matéria informa ter documentos, bem diferente da Veja, que admite não ter provas de nada do que publica.

Confira trecho de matéria escrita por Amaury Ribeiro, e publicada na Istoé, em fevereiro de 2003:

Conta tucano: Investigações revelam que o ex-caixa de campanha do PSDB movimentou US$ 56 milhões por intermédio de contas no Banestado dos EUA

Por Amaury Ribeiro Jr., Sônia Filgueiras e Weiller Diniz

Documentos a que ISTOÉ teve acesso começam a esclarecer por que o laudo de exame financeiro nº 675/2002, elaborado pelos peritos criminais da PF Renato Rodrigues Barbosa, Eurico Montenegro e Emanuel Coelho, ficou engavetado nos últimos seis meses do governo FHC, quando a instituição era comandada por Agílio Monteiro e Itanor Carneiro. Nas 1.057 páginas que detalham todas as remessas feitas por doleiros por intermédio da agência do banco Banestado em Nova York está documentado o caminho que o caixa de campanha de FHC e do então candidato José Serra, Ricardo Sérgio Oliveira, usou para enviar US$ 56 milhões ao Exterior entre 1996 e 1997.

O laudo dos peritos mostra que, nas suas operações, o tesoureiro utilizava o doleiro Alberto Youssef, também contratado por Fernandinho Beira-Mar para remeter dinheiro sujo do narcotráfico para o Exterior. Os peritos descobriram que todo o dinheiro enviado por Ricardo Sérgio ia parar na camuflada conta número 310035, no banco Chase Manhattan também em Nova York (hoje JP Morgan Chase), batizada com o intrigante nome “Tucano”. De acordo com documentos obtidos por ISTOÉ, em apenas dois dias – 15 e 16 de outubro de 1996 – a Tucano recebeu
US$ 1,5 milhão. A papelada reunida pelos peritos indica que o nome dado à conta não é uma casualidade. (…)

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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