O erro político dos golpistas

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Análise Diária de Conjuntura – 07/12/2015

A primeira semana da chamada pelo golpe não foi boa para a oposição.

Eles cometeram um erro político grosseiro: uma coisa é o tom crítico dos movimentos sociais, centrais, sindicatos, partidos de esquerda, e população em geral, em relação ao governo.

Outra coisa é ameaçar derrubar uma presidenta da república e fazer triunfar o golpismo e o fascismo.

A sociedade critica Dilma porque tem esse direito e essa liberdade, mas não quer que suas críticas sejam instrumentalizadas por datafolhas da vida para justificar um golpe de Estado.[/s2If]

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O governo Dilma, como de praxe, deixa a corda estirar até o limite, movimentando-se apenas à força, empurrado por situações dramáticas.

A oposição, em verdade, já perdeu essa luta, porque mesmo que conseguisse os votos suficientes para aprovar o impeachment na Câmara, o que está bem longe de conseguir (mas digamos, por amor ao debate, que consiga), a farsa já está, de antemão, desmascarada.

Diferentemente de 1964, quando a imprensa tradicional (as mesmas empresas de hoje, algumas das quais precisam fingir com mais sutileza) monopolizava sozinha a narrativa política, hoje há uma diversidade bem maior, e uma parcela importante da sociedade conhece a história, e sabe o papel que a imprensa teve no apoio ao golpe de 64, e sabe que ela tem interesses políticos e econômicos num novo golpe.

As manifestações coxinhas no fim de semana juntaram 15 pessoas no Leblon, e meia dúzia na Barra da Tijuca, bairros que são o epicentro do golpismo e da direita no Rio de Janeiro.

Hoje, segunda-feira, há uma grande manifestação na Lapa, Rio de Janeiro, a partir das 16 horas.

A maioria dos governadores, a maioria dos juristas (em especial a sua elite, os doutores em direito), a maioria dos deputados, a maioria dos partidos, todos são contra o impeachment, que denunciam como um golpe de Estado.

É uma situação virtualmente oposta a de Fernando Collor, contra o qual havia um consenso na sociedade.

Aliás, os mesmos juristas que apoiaram o impeachment de Collor, hoje são fervorosos combatentes do impeachment de Dilma. Marcelo Lavenerè, principal nome do texto que levou ao impeachment de Collor, é o exemplo mais notório: ele afirma que, hoje, o impeachment contra Dilma seria um golpe, sim.

Seja por qual lado se olhe, a iniciativa da oposição, de abraçar-se a um político já afogado, como Eduardo Cunha, e apoiar a sua iniciativa desesperada, constitui um erro político.

E agora, o que pretende fazer a oposição? Adiar o impeachment para depois do recesso, deixando o país numa angustiante expectativa? Pretendem esperar a manipulação da mídia avançar?

O governo Dilma tem problemas, mas a comoção nacional provocada pela aceitação do pedido de impeachment faz cessar, por um momento, todas as críticas (muitas delas justas e necessárias) ao governo, e o foco se volta para a defesa da democracia, o que fortalece a presidenta eleita, que é a representante maior dessa democracia.

Que forças estão por trás do golpe? Do lado do campo progressista, criou-se um alinhamento automático, duro, contra o golpe. As diferenças estão momentaneamente postas de lado, para derrotar o impeachment. É um cenário similar ao que levou à vitória de Dilma no segundo turno.

Importantes forças econômicas já se manifestaram contra o impeachment. De onde vem, portanto, o apoio ao golpe?

Na minha análise, o principal apoio ao golpe vem de dois setores: 1) a indústria de petróleo e de construção civil dos Estados Unidos, interessada no desmantelamento da Petrobrás, na privatização do pré-sal e na destruição das empresas brasileiras de engenharia; 2) da grande mídia, em especial, a Globo, muito assustada com o avanço caótico e anarquico das mídias sociais.

A fanpage do Cafezinho obteve uma audiência, em sete dias, superior a 9 milhões de pessoas. Enquanto isso, o Jornal Nacional registra a menor audiência de sua história.

Essa é uma das explicações para os problemas enfrentados pelo golpismo.

A derrota do chavismo na Venezuela era carta marcada. A esquerda governamental não pode ganhar sempre. Mas a direita, para vencer, precisa se moderar. E se não quiser ser derrotada novamente daqui a alguns anos, terá de assumir políticas progressistas, ou seja, terá de ser menos direita.

Se deixar que sua agenda neoliberal prevaleça, abrirá caminho para a volta do campo popular, em nova onda progressista, daqui a uns 8 ou 10 anos.

A esquerda precisa entender que, tão importante quanto vitórias eleitorais, é ganhar a batalha na opinião pública e construir uma imagem de dignidade para si mesma, uma preocupação que o PT, por exemplo, negligenciou nos últimos anos, deixando que a narrativa midiática sobre a corrupção no partido não tivesse uma resposta política adequada.

Hoje, até 18 horas, termina o prazo para as lideranças partidárias, que tem representantes na comissão que analisará o impeachment, indicarem seus representantes. O líder do PMDB na Câmara já escolheu cinco nomes, e são todos contra o impeachment. As outras três vagas poderão ser ocupadas por deputados do PMDB mais favoráveis ao impeachment.

O impeachment pode ser derrubado, ou aprovado, nesta comissão, ou no Plenário, daqui a algumas semanas.

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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