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Craque da esquerda

Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho Ele foi um gênio, geralmente com a perna canhota. Ganhou uma Copa do Mundo praticamente sozinho, feito igualado apenas por um certo Mané Garrincha, em 1962, no Chile. Polêmico desde sempre, mais ainda após o fim da carreira, de todas as carreiras, Diego Armando Maradona é amigo, e […]

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Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho

Ele foi um gênio, geralmente com a perna canhota. Ganhou uma Copa do Mundo praticamente sozinho, feito igualado apenas por um certo Mané Garrincha, em 1962, no Chile. Polêmico desde sempre, mais ainda após o fim da carreira, de todas as carreiras, Diego Armando Maradona é amigo, e fã, de Fidel Castro, tem seu Che Guevara tatuado no braço e foi às redes sociais recentemente prestar solidariedade, apoio irrestrito à presidente Dilma Rousseff, apeada da Presidência, golpeada, e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em seu facebook, Maradona posou segurando uma camisa da seleção brasileira com o nome de Lula às costas, e o número 18. Mostrou de novo, mais uma vez, que entre os maiores de todos os tempos, entre os gênios do futebol, pelo menos de toda a América Latina é o mais consciente, o mais coerente com seu passado de pobreza na zona marginal de Buenos Aires, aquele que usou a fama, o prestígio e a posição de melhor do mundo em seu tempo para se posicionar sempre contra os interesses dos poderosos, da grande mídia e dos parceiros dela, ou comparsas, enquanto aqui no Brasil outro gênio igualmente de origem pobre, se não no mesmo nível um tiquinho só abaixo do argentino no pedestal da história, com o mesmo discurso contra os poderosos, os corruptos e coisa e tal ao longo da carreira, esse grande craque do passado, hoje senador, esse campeão do Mundo em 1994 votou a favor do impeachment de Dilma, votou com os ricos.

Antes de iniciar a paixão recíproca com seu Boca Juniors, com o título argentino de 1981, Maradona iniciou a carreira no Argentinos Juniors, clube entre pequeno e médio de Buenos Aires que viria a conquistar a Taça Libertadores da América de 1985, com fama de formador de craques como o meia Riquelme, também ídolo do Boca, outro que começou por lá. Em 1985, Maradona já havia passado pelo Barcelona e estava no Napoli, no combalido, castigado sul da Itália onde, na temporada seguinte, com o primeiro campeonato italiano da história de seu clube, viria a se tornar rei.

Além de se identificar de imediato com o povo de Nápoles, Maradona soube tirar proveito dos contrastes gritantes entre o Sul e o Norte na Itália, insuflou sempre que pôde o discurso dos sulistas pobres, explorados pelo Norte industrial, rico, poderoso, berço dos clubes mais vitoriosos do futebol italiano, como a Juventus, de Turim, e o Milan e a Internazionale, de Milão. A situação chegou a gerar forte tensão durante a Copa do Mundo de 1990, disputada em solo italiano, quando a Itália enfrentou a Argentina na semifinal, justamente em Nápoles. Maradona não conseguiu virar a torcida da cidade contra a seleção de seu país, mas viu o hino argentino ser respeitado antes da partida, ao contrário da final contra a Alemanha, em Roma, quando os italianos responderam à eliminação imposta a eles pelos argentinos com uma sonora vaia. Maradona então xingou os torcedores presentes, sem mão na boca, escancarado para qualquer leitura labial. Jogando contundido, perdeu o jogo por 1 a 0, gol de pênalti polêmico, e saiu reclamando da Fifa, do juiz, dos poderosos, e até hoje se posiciona no mesmo lugar, contra os mesmos de sempre, ao contrário do outro grande craque da história, brasileiro.

 

luis.edmundo@terra.com.br

 

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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Comentários

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Robinson Pimentel

24/05/2016 - 23h51

Aliás, o esmagador plantel de craque brasileiro veio da classe social mais pobre, mas torna-se apolítico e não levanta um dedo a favor de mudanças. De tempo em tempo fica levando brinquedinhos baratos, no natal, ou chocolate, na páscoa, para as crianças mais necessitadas, somente para ficar fazendo propaganda em prol de sua imagem. Aí, quando acontece essas convulsões políticas, como o que está ocorrendo, atualmente, no país, aparece um besta de Ronaldão, outro besta de Neymarinho, ou algum outro mais apagado, como aquele do Cruzeiro, amigo do Perrela Pó, e propagandeia votos a favor dos exploradores… ignorantemente. Isso, quando não é um tal de Pelé, que fica contando vantagem em cima do Messi, e nunca levantou um dedo a respeito do racismo. Pobre Brasil.

Antonio Passos

24/05/2016 - 21h24

Maradona não foi melhor do que Pelé, jogando bola. Mas como personalidade pública de nosso tempo, sem dúvida é muito mais rico.

Ricardo JC

24/05/2016 - 22h03

Pior ainda do que o Romário (confesso que ainda tenho esperanças de que ele mude seu voto…), é o Ronaldo Gorducho. Também de origem pobre, se tornou garoto da Globo e apoiador dos poderosos. Este é um caso perdido..lhe faltam consciência e caráter.

renato andretti

24/05/2016 - 20h15

E eu sempre aprendendo mais..


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