Meganhagem midiático-policial, núcleo duro do golpe, tenta se livrar de Renan

Presidente do Senado, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), concede entrevista. Foto:Jonas Pereira/Agência Senado

Foto:Jonas Pereira/Agência Senado

O império contra-ataca: a ordem é destruir Renan, o último freio a Cunha e Temer

Por Fernando Brito, no Tijolaço

Hoje cedo postei – o primeiro texto do dia, ainda de madrugada – que a casta jurídico policial ainda não terminou a sua obra.

Postei ainda que o que se apontava, até então,  em Renan Calheiros eram “crimes de opinião”, embora não lhe devam faltar os de outra natureza.

Hoje, as gravações entregues à Globo  em que Renan, no que acreditava ser uma conversa privada, chama Rodrigo Janot  de “mau-caráter” é a prova que a mídia trabalha para transformar a meganhagem formada pela soma do MP com a Polícia Federal numa espécie de “intocáveis”, sobre os quais não se pode ter juízo crítico ou negativo.

Ainda que pudesse ser uma injúria ou calúnia – o que é discutível, numa conversa privada, onde, da parte do ofensor, não havia qualquer suposição de que chegasse ao ofendido – se está no campo da opinião, não da ação.

De qualquer forma, algo que não poderia ser dito com tal ênfase, em qualquer circunstância, com a crueza com que Renan foi pego pela armadilha

Machado – Agora esse Janot, Renan, é o maior mau-caráter da face da terra.

Renan – Mau caráter! Mau-caráter! E faz tudo que essa força-tarefa (Lava Jato) quer.

Machado – É, ele não manda. E ele é mau caráter. E ele quer sair como herói. E tem que se encontrar uma fórmula de dar um chega pra lá nessa negociação ampla pra poder segurar esse pessoal (Lava Jato). Eles estão se achando o dono do mundo.

Renan – Dono do mundo.

Nada que esteja longe da verdade, mas dizer a verdade não é o bastante na vida pública.

A situação de Renan, que até ontem era tranquila – muito mais do que a de Jucá, que cometeu o pecado de  dizer que os ministros do STF estavam “conversados” sobre o golpe – o que não escandaliza nossa mídia – tornou-se muito grave.

A esta altura, ele deve estar espumando, porque tem a certeza de que é um elemento – por mais que faça o que  o novo governo quer – inconfiável.

Que tem de ser submetido ou expelido.

O espetáculo do impeachment, assim, vai se revelando uma pocilga.

O júri que vai julgar uma mulher contra a qual não pesa uma acusação pessoal e contra a qual as acusações administrativas não resistem a um peteleco, está desnudando a sua natureza bandida.

Começou a operação “queremos a cabeça de Renan”.

Ninguém pode ocupar postos-chave na República  sem a anuência da corporação meganha.

Não há problemas em que estejam podres, desde que obedeçam.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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